- Não se despreza documentos oficiais ou fontes fidedignas para garantir a credibilidade; em matéria de História jamais poderá prevalecer à lei do menor esforço, o que hoje é uma verdade amanhã pode ser contestada. A busca por fatos, informações, a pesquisa, reconhecer a qualidade no esforço e trabalho de terceiros, transformam o resultado em um caminho instigante e incansável na busca pela verdade.

Dividir estas informações e aceitar as críticas é uma dádiva para o pesquisador.

Este blog esta sempre em crescimento, qualquer texto, informação, imagem colocada indevidamente, dúvida ou inconsistência na informação, por favor, me comunique, e aproveito para pedir desculpas pelo inconveniente.

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011





Bem Vindo a
Cidade de


São José
da Terra Firme


A cidade do século XXI
27° 36’ 52”

Antigo e Estruturada



Na beira mar, a oeste da Ilha de Santa Catarina, fundeada na baia de Jureremirim, em uma bela encosta, desprende-se a invejável cidade de São José da Terra Firme, o pitoresco de uma cidade do Sul do Brasil.
Nenhum núcleo catarinense disputaria com vantagem aquele tempo, do Arraial as láureas do jovem Povoado, Villa e finalmente Cidade que os cento e oitenta casais de açorianos, plantaram em 1750, na terra firme de nosso continente.
Dizia em carta, um ex-presidente da Província, a um chefe Liberal:
“Guardo na câmara escura das retinas, os belos trechos da natureza Josefense”.
E, com ele, se enamoraram da pitoresca cidade: 
Sua Majestade D. Theresa Cristina (imperatriz do Brasil), Drs. Barcímio Pais Barreto, Cândido Vieira Chaves, 
Visconde de Taunay, 
Brigadeiro Jerônimo Coelho, 
Virgílio Várzea, 
Gama Rosa, 
Ernesto Galvão de Moura Lacerda, 
Francisco José da Rocha, 
Luis Alves Leite de Oliveira Belo e tantos outros homens e mulheres ilustres, ou não, do passado glorioso de São José.
Von Müller
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Muito se tem escrito sobre a história de São José da Terra Firme. Mas é inegável que ainda somos carentes de obras mais abrangentes sobre a formação e evolução das comunidades, da cidade, do pitoresco, em seus aspectos sociais, urbanísticos, políticos e econômicos. A carência é ainda maior quando se trata de trabalho de difusão do conhecimento histórico, que transcendem os meios acadêmicos para alcançar camadas mais amplas da população, principalmente às novas gerações.

Um dos princípios que orientam as ações no município de São José é o compromisso com a Qualidade de Vida, com a melhoria do bem-estar e das condições sócio-econômicas dos josefenses.
Conhecer a própria história é pressuposto básico para a cidadania, tem hoje no dado cultural um dos seus indicadores mais importantes.
Acredito que este trabalho de resgate esteja à altura da trajetória dos fundadores que buscaram pela civilidade, preocupação com o resgate de sua Cultura, preservação do Meio Ambiente e busca do desenvolvimento e justiça em todos os níveis.
Viajar no tempo sem preconceito ajuda a entender a história como parte da vida das pessoas e da sociedade. Permite-nos refletir também sobre o nosso papel como seres históricos numa sociedade em permanente transformação:
Ontem, Hoje e Sempre.
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Os Nomes de São José
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- A fundação de São José da Terra Firme está associada à geopolítica do Reino de Portugal para o Vice-Reino do Brasil, havia interesses portugueses e espanhóis em controlar as terras até o “Rio da Prata” pelo valor estratégico da região, obedecendo a um organizado projeto de ocupação e defesa da região.

Nossa Senhora da Conceição da Barra Sul
(era o sistema de defesa da barra sul da ilha, atual São José da Terra Firme, por volta de 1740)
Povoado de São José da Terra Firme
(por volta de 1750)
Freguesia de São José da Terra Firme
(de 26 de outubro de 1750 a 1833)
Villa de São José
(a partir de 1833 a 1894)
Cidade de São José
  (a partir de 1894)

 Estes criativos, ilhéus açorianos, se, acomodaram inicialmente no entorno do Cruzeiro erguido na atual Praça da Igreja Matriz de São José e ao longo do litoral de norte a sul, de mata densamente fechada.
Lentamente foram ocupando as terras férteis do Vale do rio Maruim e seus afluentes, bem como nas atuais: - Praia Comprida, Roçado, Capoeiras, Coqueiro, Estreito e Barreiros.
O caminho do planalto, via São Pedro de Alcântara só foi aberto e povoado efetivamente no século XIX.

1930
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O Mar
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- São José tem uma forte ligação com o mar, desde a chegada dos primeiros habitantes em Terra Firme.
O mar foi à porta de entrada do oceano Atlântico para esta pujante comunidade, e gerou seu sustento e desenvolvimento.
A ligação marítima do continente de São José com a capital Nossa Senhora do Desterro na ilha de Santa Catarina foi um dos fatores que propiciaram seu crescimento ao longo de mais de dois séculos.
Como para chegar à ilha era necessário passar por São José, e a travessia do canal na baia, dependia de condições climáticas, São José se transforma em importante entreposto.
A construção da Ponte Hercílio Luz na década de 1920, abalou a economia de São José vinculada ao mar, que não estava preparada, naquele momento, para a mudança brusca de hábitos.

- Várias praias compõem o litoral de São José no início do século XXI, que possui 20 km de extensão, mas somente uma é considerada balneário:
Balneário de Guararema, localizado no extremo sul do litoral de São José na localidade da Ponta de Baixo, com pequena faixa de areia, com vista para a baia sul e a ilha de Santa Catarina, mas com grande estrutura de bares, restaurantes e música ao vivo.
No sábado à noite e domingos a tarde é local de reunião da juventude e dos que gostam de passar momentos agradáveis.
Praia da Ponta de Baixo, das áreas que ainda não foram ocupadas a beira mar, possui enseadas de mar calmo e excelente visual do sul da ilha de Santa Catarina.
Praia de São José (Sede), as construções estão praticamente à beira mar, mas possui pequenas enseadas e rochas, com um belo visual, o trapiche que existia junto a Praça Hercílio Luz faz falta para se avançar no belo visual.
Praia Comprida, já foi à praia mais longa da cidade se estendendo até Campinas, com estreita faixa de areia, de mar calmo e bucólico, atualmente envolvido pela Avenida Beira Mar, que acabou com suas curvas e rochas naturais.
Praia do Kobrasol, praticamente não possuía faixa de areia até a construção da Avenida Beira Mar, as construções chegavam até a beira da praia.
Praia de Campinas, assim como o Kobrasol, por ser extensão, possuía pouca faixa de areia com os prédios a sua margem, desemboca o rio Araújo que totalmente poluído não permite o banho ou pesca, com a construção da Avenida Beira Mar uma nova faixa de praia foi construída e um pequeno molhe para desviar rio.

Praia de Barreiros,
Praia de Ipanema,
Praia da Serraria.
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Comentários do Século XIX
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Auguste Saint-Hilaire,

- Botânico e naturalista francês, em sua viagem pelo Brasil, fez minuciosas observações sobre a natureza, cidades, povoados, povos e seus costumes no início do século XIX.

Sobre os artefatos de barros fabricados em São José em 1820:
“Um tipo de indústria característica de Santa Catarina é a fabricação de potes de barro, nas quais a água se mantém absolutamente fresca (...). Os mais comuns, chamados moringas, tem uma forma arredondada, uma alça e dois gargalos, um com orifício maior, que serve para encher de água o recipiente, e o outro, pelo qual se bebe”.
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Os Açorianos vindos das ilhas estão entrelaçados,
Em Santa Catarina,
No Rio Grande do Sul,

Na República Oriental do Uruguai.

Resumo
Cronológico

Naquele Tempo –
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Antepassados
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- A presença humana em terras da atual São José da Terra Firme é relativamente recente se comparado aos dados referente à idade dos primeiros habitantes do continente americano. Em todo o litoral catarinense os vestígios mais remotos encontrados apontam para menos de 5 mil anos passados, sempre relacionados com a cultura dos “sambaquis”.
- Sambaqui, palavra de origem guarani que significa “monte de concha”, é um sítio arqueológico também conhecido como “casqueiro, cernambi, concheiro, ostreiro ou berbigueiro”. Resultam da ação humana, pois os coletores de frutos do mar iam jogando e acumulando cascas de moluscos e restos de outros alimentos, durante centenas e até milhares de anos.
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Índios
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- Em observação do Índio na região de São Francisco do Sul (SC) pelo francês Binot de Graneville em 1504:
- De pele mais clara, viviam seminus ou em nudez total, adornavam-se de peles e penas trançadas atadas na cintura. Habitavam choças de palha, Reuniam-se em grupos, chefiados por um líder. Sua alimentação era baseada na caça, pesca, agricultura, tubérculos e frutos da terra. Sua plantação era rudimentar, feita no sistema de coivadas (onde queimavam o mato), usando as cinzas como adubo. Cultivavam o milho, a mandioca, a bata e o inhame. Usavam com armas de ataque e defesa o tacape, a zarabatana, o arco e flecha. Trançavam cestos, redes e esteiras. Seus objetos de uso diário como facas, machados, pontas de flechas, lanças, panelas, urnas funerárias, alguns de rara beleza, eram a maioria de pedra, osso ou barro.

- O povo Guarani é o que se tem informações mais detalhadas.
Acreditavam em Deus (Nhaderu), os guaranis construíram conhecimentos, muitos dos quais foram absorvidos pela sociedade nacional nos últimos cinco séculos.
A grande quantidade de palavras Tupi-Guarani incorporadas, que integram a língua portuguesa. É o caso das nomenclaturas relativas à flora (babaçu, içará), fauna (inhambu, jacu, jundiá), toponímia (nome de lugares): itaguaçu, maruim, imbituba, itapema, jurerê, entre outros vários.

- Entre os diversos tipos de comidas, frutas silvestres, plantas medicinais, que nos legaram seu aproveitamento, destacam-se o milho, mandioca, cará, abóbora, batata-doce, amendoim e feijão (todos os tipos). O milho comiam cozido sob a forma de bolos na chapa (pedra aquecida), pamonha, canjica e bebida (espécie de cachaça, conhecida como “caum”). A mandioca era consumida cozida, ou sob forma de beiju, farinha e pirão.
O consume de peixes era feito sob a forma de assado, ensopado, frito, sendo a moqueca de bagre o único prato indígena tipo escabeche; apesar de comerem uma quantidade enorme de peixes, de água doce e salgada.
A caça, rica na região litorânea, tanto de aves como de mamíferos, era comida da mesma forma que o peixe.
Utilizavam o sistema de defumação para conservar as carnes excedentes.
O que sabiam os Índios ensinaram ao homem branco, que foi de grande serventia.
As lendas os mitos e os temores do sobrenatural foram passados pelos índios aos europeus e seus descendentes.
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Sem o conhecimento e a ajuda do Índio, chamado gentil, não teria sido fácil o povoamento pelo europeu.
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- A região de São José da Terra Firme seria uma rota de passagem e apresentava excelentes locais de acampamento junto ao mar, onde existia fartura de peixes e moluscos, caça e água potável, condições necessárias para a vida. Já havia indícios na região a pelo menos 1.500 anos, conhecidos como “homem do sambaqui ou guarani”, caçadores/ coletores, alguns praticavam a agricultura.
Os Carijós (denominação referente a populações da família lingüística tupi-guarani que habitavam o litoral sul do Brasil). Habitavam aldeias entre trinta e oitenta habitações.
Os Carijós foram habilidosos ceramistas, com a produção de vasilhames que tinham as mais variadas serventias. Bem acabados e decorados com traços precisamente retos, alguns chegavam a medir um metro de diâmetro por outro de altura. Destacam-se os grandes vasos funerários, dentro dos quais foram encontrados, além do corpo sepultado, diversos objetos como pequenos vasos de cerâmica e de pedra, lâminas de machado e colares de ossos e conchas.

- Os Carijós chamavam a Ilha de “Meiembipe” (montanha ao longo do canal) e o canal ou estreito de água entre o continente e a ilha de “Jureremirim” (boca pequena).
No continente os Carijós haviam tido problema com os europeus, pois em relato da expedição de Cabeza de Vaca, menciona que dois frades, encontrando-se em terra firme, quatorze léguas mais ao sul, vieram até a ilha, atemorizados porque os índios queriam matá-los (isto porque os cristãos que lá estavam queimaram algumas casas dos índios e estes, já matado dois cristãos).
Os Carijós se cansaram dos visitantes que não paravam de chegar e migraram para o interior.
A aldeia Acutia existente onde hoje está instalado o Batalhão do Exército no bairro Estreito, e todas as demais partiram para o sertão (interior da região).
- O povo Carijó, nestas terras do Sul do Brasil, os primeiros habitantes destas paragens, suas marcas estão por toda a parte, e os povos indígenas que aqui retornaram para viver merecem respeito e agradecimento.
Quando os portugueses açorianos se estabeleceram na região de São José da Terra Firme, praticamente os índios não mais ali estavam.
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Século XV
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1400
Mundus Novus

Em 1427, na Europa, em Portugal, o navegador Diogo de Silves, formado na Escola de Sagres, fundada pelo infante D. Henrique, re-descobriram as Ilhas dos Açores e da Madeira, estas estavam totalmente desabitadas.

- o Arquipélago dos Açores é formado por nove ilhas: -
Terceira, Faial, Pico, São José, Graciosa, São Miguel, Flores, Santa Maria e Corvo.

Entre 1432 e 1439, em Portugal, nos Arquipélago dos Açores, inicia-se o reconhecimento e povoamento pelo Frei Gonçalo Velho, a partir da Ilha de Santa Maria.

Em 1441, parecem ter chegado a Portugal, os primeiros escravos “negros”, a bordo da nau qual Antão Gonçalves retornou da Guiné (África). De início, houve restrição real a escravização de africanos – utilizados apenas em serviços domésticos.
Com o início da lavoura canavieira no Arquipélago dos Açores, a escravidão mais que tolerada, passou a ser incentivada.

Em 1453, na Ásia, no Oriente, os Turcos invadem e dominam a cidade de Constantinopla (atual Turquia), pondo fim ao Império Romano no Oriente e dando início ao Império Otomano.
A data marca o início da Idade Moderna.

Em 1480, em Portugal, no Arquipélago dos Açores, a Vila da Praia (atual Praia da Vitória), recebeu o Foral de Villa (município).

Cristóvam Colombo, navegador genovês, deduziu que era possível chegar as Índias seguindo pelo ocidente, fixara residência em Portugal. Tentou obter apoio do rei Dom João II de Portugal, mas este já tinha uma meta de ir pelo oriente, contornando a África.
Colombo oferece o projeto à Dona Isabel de Castela “a Católica” que se casou com o rei Dom Fernando de Aragão, e uniu a Espanha; num primeiro momento o pedido de Colombo não foi aceito, mas os Reis católicos cederam.

Em 03 de agosto de 1492, na Espanha, a frotilha de Cristovam Colombo partindo do Porto de Palos, iniciou a viagem com três caravelas (Santa Maria, Pinta e Ninã), para descobrir os caminhos para as Índias, seguindo pelo ocidente.

Em 12 de outubro de 1492, a oeste do Oceano Atlântico, Cristovam Colombo encontrou terra, que julgou serem as ilhas descritas por Marco Pólo. Contornou a ilha que batizou de San Salvador, mais Haiti e Cuba, e as terras de “Índias Orientais” que assim ficaram por muitos anos.
Volta ao futuro Reino de Espanha a fim de dar a boa notícia aos Reis.
Colombo ainda fez três viagens ao Novo Mundo, em 1493, 1498 e 1502.

Em fevereiro de 1493, em Portugal, no Arquipélago dos Açores, Cristovam Calombo, em retorno das terras das Índias Orientais até então descobertas, desembarca na Ilha de Santa Maria, para pagar promessa, devido à violenta tempestade enfrentada por sua esquadra, junto aos Açores.
Portanto os Açorianos e Portugal, formam os primeiros a tomarem contato com a Esquadra de Colombo, após o descobrimento do Novus Mundus (Novo Mundo).
 
Em 07 de junho de 1494, na Espanha, é assinado o Tratado de Tordesilhas, que introduz modificações, divide as terras recém descobertas e a descobrir nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.
Foi considerada uma linha imaginária entre os dois impérios, um meridiano que passava a 360 léguas a oeste da Ilha de Cabo Verde
As terras do lado oriental (oeste) pertenceriam a Portugal e as do lado ocidental (leste), a Espanha, dividindo o mundo em dois, Duarte Pacheco Pereira foi o negociador português, Portugal ameaçava enviar uma frota as terras descobertas por Colombo se tratado não fosse assinado.
Pelo meridiano, a parte do Brasil, aonde chegou Pedro Álvares Cabral, já pertencia a Portugal.
A região Sul ficou dividida entre portugueses (menor parte) e os espanhóis que ficaram com a maior parte. O meridiano terminava na atual Cidade de Laguna, assim a futura São José da Terra Firme desde 1494, já pertencia a Portugal, antes do descobrimento.

Em setembro de 1498, na Ásia, na Índia, depois de uma viagem cuidadosamente planejada em Portugal sob o comando do rei Dom Manuel I, e bravamente executada pelo navegador português Vasco da Gama chegava “Índia”, pela única rota possível, contornando o “Cabo da Boa Esperança”, em Calicute estabeleceu uma feitoria.
Inaugurava a Idade Moderna e a era do comércio global pelos mares do mundo.

- Os portugueses chegariam noutras viagens na China e ao Japão.
Lisboa a capital de Portugal se tornava o centro do “Mundo” conhecido.

Nota:

- Sabe-se que os “Escandinavos” desde a Idade Média já haviam se dirigido a oeste pelo Atlântico e haviam chegado a “Groenlândia”, fundando povoações.
- Em 1498, “Duarte Pacheco Pereira”, especialista em geografia e cosmografia, navegador experiente, negociador do Tratado de Tordesilhas (1494), teria sido o verdadeiro “descobridor do Brasil”, viajando em incumbência secreta. A presença de Duarte Pacheco Pereira em 1500, provavelmente no comando de uma das caravelas da frota de Pedro Álvares Cabral, não seria sua primeira viagem ao Brasil.
 - Em fins de 1499, o espanhol “Alonso de Hojeda” teria chegado ao atual “Cabo de São Roque”, no Brasil (RN).
- Em janeiro de 1500, a segunda expedição, dizem também ter precedido a de Cabral foi do espanhol “Vicente Yánez Pinzón” (que fora capitão da Ninã, da frota de Colombo), navegou pelo “Amazonas” e chegou ao atual “Cabo de Santo Agostinho” (PE), três meses antes da chegada de Cabral.

- Em fins do século XV e início do século XV, ao chegar ao continente que denominaram Américas, os europeus se defrontaram com várias culturas e civilizações das quais nunca tinham tido notícia.
Apesar de naquele tempo aqui vicejarem civilizações como a Asteca, a Maia e a Inca, o povoamento desta parte do mundo ocorreu muito depois da Ásia, África e Europa. Acredita-se que as Américas foram povoadas por populações provenientes da Ásia que atravessaram o Estreito de Bering.
A expansão geográfica do mundo conhecido, os chamados “Descobrimentos”, significaram uma ampliação dos horizontes, embora imposto pelas armas seus valores as populações locais.
Na Europa começaram a serem debatidos assuntos polêmicos como a forma da Terra (plana ou esférica) ou a própria humanidade dos povos do Novo Mundo (teriam alma ou não).
Os Astecas, povo no atual México (América do Norte), construíram um império que deslumbrou os conquistadores espanhóis.
Os Maias, viviam na América Central, utilizavam uma escrita “hieroglifa” e eram competentes observadores dos astros, com calendários completos.
Os Incas, localizados do oeste da América do Sul até os Andes, eram excelentes tecelões e sofisticados joalheiros, além de agricultores (com sistema de irrigação).
Os Nativos que habitavam a região denominada Brasil no ano de 1500, comparados a estes povos descritos, eram primitivos. Não domesticavam animais e apenas utilizavam facas e machados de pedra polida. Suas armas eram o tacape, a lança e o arco e flecha. Algumas tribos teciam o algodão e fibras de palmeira, não conheciam o ouro. A cerâmica e agricultura eram trabalhos de mulheres; os homens cuidavam da caça, da pesca, da defesa e das guerras tribais.
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Século XVI
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1500
Reino de Portugal
O Brasil
Capitanias Hereditárias

- Era domingo, 08 de março de 1500, em Portugal, Lisboa, capital Ultramarina da Europa, estava em festa. Foi preparada uma grande esquadra composta de 13 embarcações: - 9 naus, 3 caravelas e 1 naveta de mantimentos, e o rei Dom Manoel I confiou seu comando a Pedro Álvares Cabral, aos 32 anos.
Uma missa foi celebrada, no altar estava Dom Diogo Ortiz, um dos três que uma década antes, vetara financiamento português ao projeto de Cristovam Colombo de chegar à Índia rumo do oeste, junto a ele Pedro Álvares Cabral que era filho, neto, e bisneto de conquistadores, um militar.
A frota mais poderosa já armada por Portugal balouçava nas águas reluzentes do rio Tejo. Eram 1.500 homens, entre os quais 1.200 homens de arma, 20 degradados que deveriam ser deixados em terra para aprender a língua, pilotos portugueses, árabes e indianos, intérpretes, marujos, grumetes, 8 frades e 8 cléricos franciscanos.
Os demais comandantes das naus:
Pero de Ataíde,
Vasco de Ataíde,
Nuno Leitão,
Luis Pires,
Simão Pina,
Sancho Tovar,
Nicolau Coelho,
Gaspar de Lemos,
Simão Miranda,
Aires da Silva,
Diogo Dias,
Bartolomeu Dias.

- Oito meses antes, chegara àquele porto em Portugal a diminuta Frota de Vasco da Gama. Trazia notícia mais esperada pela Coroa Portuguesa, a rota marítima que conduzira as Índias.

Em 09 de março de 1500, segunda-feira, em Portugal, os navios da 2ª Esquadra para as Índias partiram de Lisboa, Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama tinham conversado longamente. Dois anos antes, sobre, ao fazer um grande arco no rumo do oeste, para aproveitar melhor as correntes do Atlântico, Vasco da Gama passara tão perto do Brasil que talvez tenha pressentido a terra.

- Além de um intérprete, pilotos, soldados, mercadores, padres, acompanharam a expedição alguns dos mais experimentados navegadores. Entre eles estava Bartolomeu Dias, descobridor do Cabo da Boa Esperança, seu irmão Diogo e Nicolau Coelho, os dois estavam com Vasco da Gama na sua viagem a Índia, e Pacheco Duarte

- A esquadra seguiu a rota de Vasco da Gama, desviando-se, porém, para o ocidente, talvez pretendendo comprovar a existência de terras na zona pretendida por Portugal no Tratado de Tordesilhas.

Em 14 de março de 1500, a expedição de Cabral passou pelas Ilhas Canárias.

Em 22 de março de 1500, a expedição de Cabral passou pelo Cabo Verde.

Em 21 de abril de 1500, terça-feira, em alto mar, surgira nas águas vários sinais de terra, como plantas e pássaros no céu.

Em 22 de abril de 1500, quarta-feira, no crepúsculo, apareceu o contorno de “um grande monte mui alto e redondo”, que foi dado o nome de Pascoal, por estarem na semana da Páscoa, a 24 quilômetros da praia e uma profundidade de 34 metros, os navios lançaram âncoras.

- Estavam descobertas as terras do Brasil, pelos europeus, mas esta terra continental já era povoada e possuía suas civilizações e história.

- Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manuel I:
“(...) a horas de vésperas, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, mui alto e redondo; e de outras terras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de Monte Pascoal e à Terra de Vera Cruz.”

Em 23 de abril de 1500, quinta-feira, às 10 horas da manhã, na Ilha de Vera Cruz (Brasil), os navios ancoraram defronte da foz do rio Caí (costa da Bahia). Nicolau Coelho, veterano das Índias, foi até a praia, lá fez o primeiro contato com 18 nativos.

Em 24 de abril de 1500, sexta-feira, por conselho dos pilotos foi em busca de um melhor porto natural para atracarem, 70 quilômetros mais ao norte, que Cabral chamou de Porto Seguro, ali dois nativos subiram a bordo e dormiram no tombadilho.

Em 25 de abril de 1500, sábado, Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho e Pero Vaz de Caminha foram à praia e encontram cerca de 200 indígenas. Houve troca de presentes.

Em 26 de abril de 1500, domingo, Frei Henrique de Coimbra, franciscano, que seria inquisidor, rezou a Primeira Missa, na Coroa Vermelha. Houve grande confraternização entre os nativos e estrangeiros durante todo o dia.

Em 27 de abril de 1500, segunda-feira, Diogo Dias e dois degradados visitaram a aldeia dos nativos Tupiniquim, erguida a uns 10 quilômetros da praia. Não lhes foi permitido dormir lá.

Em 29 de abril de 1500, quarta-feira, o navio de mantimentos, a nau de Gaspar Lemos foi esvaziada, pois seria enviado de volta a Portugal com as cartas para dar as “Boas Novas” a El Rei confirmando o “Achamento”.

Em 30 de abril de 1500, quinta-feira, Pedro Álvares Cabral e os capitães desembarcaram. Na praia, havia uns 400 nativos, com os quais passaram o dia, dançando e cantando.
Durante todo o tempo os portugueses e os índios estiveram nas mais cordiais relações. Não houve um só gesto de violência. Os índios acompanharam respeitosamente as cerimônias religiosas dos europeus. Os portugueses distribuíram cruzes e presentes.
A impressão dos portugueses que os índios eram gente boa, os Tupiniquins do sul da Bahia, por coincidência, são realmente dos mais dóceis e simpáticos dentre os nativos brasileiros.
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Os portugueses estão prontos a escravizar e dizimar os índios, os chamados
“Gentis”.
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- O nome Índio  generalizou-se desde que Cristovam Colombo chegou à Europa com alguns selvagens americanos que ele chamava de “índios”. Aliás, o nome Índia, ou melhor, Índias (passou a significar possessão colonial). O Conselho de Índias, que existiu na Espanha e em Portugal, era um verdadeiro Ministério das Colônias, e depois a Holanda formou a Companhia das Índias Orientais.
Antes da chegada dos portugueses praticamente toda a costa do território do Brasil estava ocupado por tribos do grupo Tupi-Guarani, eram mais de 1 milhão espalhados de norte e a sul, do Maranhão ao Rio Grande de São Pedro (atual Rio Grande do Sul).
Eram: - Potiguar, Tremembé, Tabajara, Caeté, Tupinambá, Aimoré, Tupiniquim, Temiminó, Goitacá, Tamoio, Carijó (visto como o melhor gentio da costa).
Mas o destino dos índios nas Colônias estava traçado; seriam conquistados, foram dizimados, escravizados ou fugiram para o interior do continente.

Em 01 de maio de 1500, sexta-feira, Pedro Álvares Cabral tomou posse solene das terras da Ilha de Vera Cruz  (segundo nome do Brasil) em nome d’El Rei Dom Manoel I, o “Venturoso” (por notar que os nativos não estavam organizados como um governo ocidental), a tripulação desceu dos navios e seguiu em procissão para o erguimento uma cruz de madeira e rezando uma missa celebrada pelo frei Henrique de Coimbra.
Cabral pensava estar em uma ilha.

Pero Vaz de Caminha assim relatou:
“Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, e ali estiveram conosco, assistindo a ela, perto de 50 ou 60 deles (índios), assentados todos de joelhos assim como nós.”

Em 02 de maio de 1500, sábado, após 10 dias, nas costas da Ilha de Vera Cruz, a Esquadra de Cabral partiu para Calicute na Índia seu destino final, o navio de provisões foi esvaziado e enviado de volta a Corte em Lisboa para contar as boas novas ao El Rey D. Manoel I.
Dois grumetes desertaram da nau capitânia e foram degredados aos prantos na praia.

Relato do piloto anônimo:

Estes homens (...) andam nus, sem a maior vergonha e seus cabelos são compridos, e têm o rosto raspado; as pálpebras dos olhos e as sobrancelhas são pintadas com desenhos brancos, pretos e azuis e vermelhos; usam os lábios da boca, isto é, os lábios de baixo furados e neles põe um osso grande como prego. Os outros usam ou uma pedra azul ou uma pedra verde e assobiam através dos ditos furos. As mulheres da mesma maneira andam nuas em a menor vergonha e são bonitas de corpo e usam cabelos compridos e as suas casas são de madeira coberta por folhas e galhos de árvores.

As terras do Brasil estão descobertas pelos europeus.

Em 23 de julho de 1501, em Portugal, retorna a Lisboa Pedro Álvares Cabral, na Praia do Restelo, vindo da Índia e das terras do Novo Mundo, depois de 500 dias, com seis navios (de 13) e em torno de 500 homens (de 1500).
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Em 1504, nas Terras de Santa Cruz (Brasil), o navegador francês Binot de Graneville aporta na atual São Francisco do Sul, onde permanece por 8 meses consertando seu navio “L’Espoir”.
Retorna a França, levando em companhia do índio Içamereque (Iça Mirim), que se casou posteriormente com uma de suas filhas.
É o primeiro europeu a visitar o Sul das Terras de Santa Cruz (Brasil), descrevendo as riquezas naturais e os índios da região.
Portanto, foram os franceses os primeiros visitantes europeus do Sul do Brasil.

Em 1522, em Portugal, no Arquipélago dos Açores, acontece um grande terremoto, causando grande destruição e desgraça.

Em março de 1532, no Brasil, quando Martim Afonso de Sousa quando soube que o rei de Portugal D. João III iria dividir o Brasil em 15 extensas faixas de terras,da costa até a linha do Tratado de Tordesilhas, modelo similar empregado e dado certo no arquipélago dos Açores e ilhas Canárias, para promover a conquista e povoamento, as Capitanias Hereditárias, e doadas aos chamados “donatários, a manutenção era por conta de seus próprios dinheiros, o custo para a Coroa era muito alto para expedições e policiamento de toda a costa.
Eram elas de Norte a Sul:

1) Primeira Capitania do Maranhão, doada ao historiador e burocrata João de Barros, de 50 léguas (ou 330 quilômetros de extensão).
2) Segunda Capitania do Maranhão, pertencia ao tesoureiro-mor do Reino, Fernando Álvares de Andrade, de 75 léguas.
3) Ceará, doada ao cavaleiro-fidalgo Antônio Cardoso de Barros, tinha 40 léguas.
4) Rio Grande, era o segundo lote de João de Barros e Aires Cunha, tinha 100 léguas
5) Itamaracá, era o terceiro lote de Pero Lopes de Sousa, dado a ele pelo rei D. João III como prêmio pela luta contra os franceses, possuía 30 léguas.
6) Pernambuco ou Nova Lusitânia, pertencia a Duarte Coelho, navegador e soldado da Ásia, a mais bem sucedida das capitanias, tinha 60 léguas.
7) Bahia de Todos os Santos, pertencia a Francisco Pereira Coutinho, depois de lutar nas Índias, vendeu tudo em Portugal e perdeu no Brasil, inclusive a vida, devorado pelos Tupinambás, tinha 50 léguas.
8) Ilhéus, doada ao escrivão da fazenda e milionário Jorge de Figueiredo Correia, tinha 50 léguas, nunca veio ao Brasil.
9) Porto Seguro, pertencia ao navegador Pero de Campos Tourinho, estabelecida onde o Brasil foi descoberto, tinha 50 léguas.
10) Espírito Santo, pertencia ao militar Fernando Coutinho, tinha 50 léguas.
11) São Tomé, pertencia a Pero de Góis, que acompanhara Martin Afonso na expedição de 1530, com 30 léguas.
12) Capitania do Rio de Janeiro, o segundo lote de Martin Afonso de Sousa, tinha 55 léguas, ficou abandonada entregue aos franceses.
13) Santo Amaro, o primeiro lote de Pero Lopes de Sousa tinha 55 léguas, apesar da proximidade de São Vicente, pouco fez.
14) São Vicente, o primeiro lote de Martim Afonso de Sousa onde residia e todas as suas benfeitorias, mas retornou para Lisboa e de lá para as Índias onde foi governador. Do Brasil disse:
“... perto de três anos, passando muitos trabalhos, muitas fomes e muitas tormentas”
15) Sant’Ana, segundo lote de Pero Lopes de Sousa, ia da ilha do Mel até Laguna (atual Santa Catarina), com 40 léguas de litoral. Permaneceu abandonado até o século XVII. Sua posse retornou a Coroa.

- A Espanha no lado ocidental da América, adota o mesmo sistema chamado de “Adelantados”.
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Em 1549, no Brasil, com o novo sistema de administração, desembarcou na Bahia, o primeiro Governador-Geral Tomé de Souza (1549-1553), que se instalou na Capitania da Bahia de Todos os Santos, logo fundou a cidade de Salvador.
A administração que veio:
- Um juiz (chamado de ouvidor-mor),
- Um encarregado do dinheiro (chamado de provedor-mor),
- Um encarregado da defesa do litoral (chamado capitão-mor).
Juntos vieram o jesuíta Manuel de Nóbrega e mais cinco companheiros, da “Companhia de Jesus” um poderoso aliado para a colonização das almas, isto é, a conversão dos indígenas.

- Os governadores gerais ou vice-reis sucederam-se regularmente até 1808, com a vinda da Família Real.
A sede do governo do Brasil permaneceu em Salvador até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.

Em 1581, em Portugal, no Arquipélago dos Açores, ocorre na Ilha Terceira a Batalha de Salga, de resistência ao domínio espanhol.
O exército espanhol de mais de dois mil homens foi destroçado por um pequeno exército que utilizou como arma uma manada de gado bravio, que empurrou o exército espanhol junto à ribanceira no mar, onde quase todos foram mortos.

Em 1582, em Portugal, no Arquipélago dos Açores, uma nova batalha entre açorianos e espanhóis, desta vez naval, travada em frente a Villa Franca do Campo (Ilha de São Miguel), onde são os espanhóis novamente derrotados.

Em 1591, no Brasil, Rio de Janeiro, Francisco de Souza sétimo governador-geral, cria o “bandeirantismo defensivo”, incursões para caçar, aprisionar índios e localizar riquezas.

- Chega ao Brasil o desembargador Heitor Furtado Mendonça, o primeiro visitador do Santo Ofício, uma das mais famigeradas instituições do Vaticano, a inquisição.
Os exageros:
- O maior crime que se podia cometer no Brasil seria praticado por aquela que, aos sábados, ousasse trajar “o melhor vestido que tinha”.

Os europeus chegaram ao Sul na Capitania de Sant’Ana ou São Pedro, com diferentes intenções:
- Primeiro, vieram os exploradores, sedentos de ouro e prata.
- Em seguida os religiosos, que queriam converter os povos indígenas ao cristianismo.
- Por fim os caçadores de escravos, as bandeiras e seus Bandeirantes, que chegaram até a região da Aldeia dos Anjos (atual Gravataí-RS).
Poucos se aventuravam a subir os rios de São Pedro (nome dados ao conjunto Lagoa dos Patos, Guaíba e Rio Jacuí), e na esquina do grande Delta, onde nascerá mais tarde Porto Alegre.
Houve a dispersão dos povos indígenas da faixa litorânea do Brasil ou o extermínio em massa provocado por epidemias de doenças trazidas pelos brancos entre e 1500 a 1660.
Os Bandeirantes portugueses completaram a obra de dizimar populações em busca de mão de obra cativa e pelos portugueses compradores de escravos.
Era tática dos portugueses, jogarem uma tribo contra outra, como haviam feito na África e esperar que os vitoriosos trouxessem os capturados para trocar por mercadorias.

Os Jesuítas provenientes da Espanha partindo de Assunção (atual Paraguai) se estabeleceram na região chamada de Guairá (atual Paraná), e de lá rumo ao Sul, fundaram muitas reduções (missões) de índios que tiveram grande prosperidade. Os jesuítas apoiavam a caça dos índios, pois seriam almas mais fáceis de conversão.
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Século XVII
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1600
Império luso-espanhol (1580-1640)

A partir de 1605, no Brasil, Jesuítas provenientes de Portugal tentaram estabelecer reduções entre os índios Carijós e Patos, na região de Laguna (atual Santa Catarina), mas a ação dos bandeirantes aprisionando os indígenas e afastando os padres, destruiu as missões.
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Em 1645, em Portugal, foi conferido pelo rei D. João IV ao filho Teodósio, o título de “Príncipe do Brasil”, que daí por diante passou a ser usado por todos os herdeiros presuntivos da Coroa.
Tendo o Brasil elevado a principado recebeu como emblema a “Esfera Armilar as Coroa”.
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Entre 1669/1673, no Brasil, é fundado pelo bandeirante paulista Francisco Dias Velho, a povoação de Nossa Senhora do Desterro, da Ilha de Santa Catarina, na Capitania de Sant’Ana, importante porto natural de aguada e abastecimento das frotas que demandavam ao extremo Sul do Brasil e ao Rio da Prata, marcando o domínio português sobre o território que era reivindicado pelos espanhóis.

- É criado Feitoria ou povoado de Nossa Senhora do Desterro, desmembrando-a de Laguna. Seus limites originais compreendiam ao norte a Enseada das Garoupabas (Rio Camboriu), ao sul a Ponta do Ouvidor (Garopaba) e o planalto até as proximidades da atual cidade de Lages.
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Em 22 de janeiro de 1676, na Europa, no Vaticano, a “Bula Romano Pontificis”, cria o bispado do Rio de Janeiro, dando-lhe como limite austral a Bacia do Prata.

- Até este momento a região de Santos (SP) até a foz do Rio da Prata (Uruguai), por quase dois séculos foi deixado em quase total estado de abandono, tanto por Portugal, quanto Espanha. Agora se iniciam os conflitos armados e diplomáticos pela Província Oriental do Rio da Prata.
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Em 20 de janeiro de 1680, na América, do lado oriental do Rio da Prata, para estenderem suas posses muito além da linha do Tratado de Tordesilhas, e proteção das fronteiras, é criada por Dom Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro uma colônia fortificada na pequena ilhota chamada de São Gabriel, surgia a Colônia do Santíssimo Sacramento (atual Uruguai) na margem esquerda do rio da Prata, de frente para Buenos Aires (1580), espanhola, com objetivo de expansão militar lusa (portuguesa) e de contrabando no rio da Prata. Este povoado fundado por portugueses e dominado por espanhóis está ligado à história da Argentina, Uruguai, Paraguai e do Sul do Brasil, é a capital histórica do atual MERCOSUL.

- A nova fortaleza é atacada pelo governador espanhol de Buenos Aires D. José de Garro junto a três mil índios missioneiros em seu exército, que captura Manuel Lobo, governado português, que morreria pouco depois no cativeiro.

- Portugal queria conquistar e colonizar terras com o marco indefinido, pois suas terras terminavam em Laguna. Foram 97 anos de lutas diplomáticas e guerras abertas pela fixação da fronteiras.
O palco no qual vai se desenvolver nossa história está vazio quando chegam os primeiros colonizadores europeus, no início do século XVIII.
Os Guaranis não possuem mais aldeias estabelecidas nos Campos de Viamão (área entre o rio Guahyba e o rio Tramanday), pois estas tribos já haviam subido o rio Jacuy e a encosta do Planalto, fugindo dos caçadores de escravos.
Conforme Leonardo Truda (1928):
“... o choque de predador contra predador, de contrabandista contra contrabandista, de colono contra colono na zona indecisa de fronteiras se transfere para o campo diplomático e militar, agita as chancelarias, move os exércitos e dá origem às guerras platinas.”

- A situação de guerras e conflitos armados e tratados se prolongaria por cerca de 120 anos, com avanços e retrocessos das linhas demarcatórias, entre Portugal e Espanha. Toda a atenção está voltada para o Rio da Prata e os territórios orientais da Capitania de Santana.

Em 07 de maio de 1681, na Europa, Espanha, em Badajoz, é assinado o Tratado Provisional que determinou que a Colônia de Sacramento a “cidadela da discórdia” na região do rio da Prata fosse devolvida a Portugal. Assim se fez.

Em 1682, na América, na Província de Tape, lado espanhol do atual Rio Grande do Sul, para deter o avanço lusitano (português) na região em direção ao rio da Prata, os espanhóis determinaram a fundação dos Sete Povos das Missões pelos padres Jesuítas da Companhia de Jesus, restauraram São Nicolau e fundaram São Borja, São Luis Gonzaga, São Miguel, São Lourenço e São João Batista, a margem esquerda do rio Uruguai, este aldeamento foi mais pujante e dramática que a primeira em 1626.
As Missões Guaranis foram o berço do progresso nesta região:
- Fundição de ferro, obras arquitetônicas, esculturas, partituras, instrumentos musicais, experimentos agrícolas, estâncias, curtumes, pomares, ervais, vinhedos – tudo floresceu nas reduções (missões).
Como teria dito o guarani Sepé Tiarajú:
“Esta terra tem dono.”

Em 1684, no Brasil, para apoiar militarmente a Colônia de Sacramento é fundado povoado de Santo Antônio dos Anjos de Laguna (Santa Catarina), na “esquina do Atlântico Sul”, no último porto natural antes que se inicie a temida costa do continente de São Pedro, e inicia sua povoação por Domingos de Brito Peixoto seu filho Francisco Brito Peixoto foi nomeado capitão-mor da região do Rio Grande de São Pedro.
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Em 1690, em Laguna, os lagunenses partem em longas marchas por terra em direção sul, fincando estâncias entre as dunas e o cordão de lagoas litorâneas. Seu objetivo é apoderar-se da estreita “barra” por onde a Laguna dos Patos joga suas águas contra o oceano Atlântico.
São dois movimentos antagônicos e em pinça – o avanço espanhol das reduções (missões) em direção a Lagoa de Viamão (Guaíba) – e os portugueses pela ocupação da costa litorânea (Vacaria do Mar) em avanço para o interior do continente.

Em 1690, no Brasil, está estabelecida a ligação por terra junto ao litoral entre Laguna e Sacramento no rio da Prata, o Caminho da Praia e da Vereda das Missões, descobriu-se a riqueza do gado da Vacaria do Mar na Capitania de São Pedro. Imediatamente tropeiros começaram a levar este gado pelo litoral até Sorocaba, na Capitania de São Paulo.

- No século XVII, muitos moradores de Laguna, candidatam-se às sesmarias que a Coroa Portuguesa estava distribuindo nos Campos de Viamão (três destas seriam divididas e dariam origem no que hoje é a cidade de Porto Alegre).
O elemento que fixou a população desde o sul de São Vicente (SP) até os Campos de Viamão (RS) foi à pecuária.
A população do Brasil não passava de 100 mil pessoas, nas capitanias onde funcionavam os engenhos o número de negros era maior que o de índios.
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Século XVIII
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1700
Capitania

- Por ser a Ilha de Santa Catarina praticamente o último bom porto ao sul e por estar localizada entre o Rio de Janeiro, capital do vice-reino e a região do litígio na Região do Prata (Rio da Prata), cresceu a sua importância estratégica, exigindo que fosse melhor e definitivamente ocupada de modo mais consistente.

Em 1714, no Brasil, em São Francisco do Sul, norte da Capitania de Santa Catarina, a Câmara apresenta uma petição ao emissário do Governo do Rio de Janeiro sobre a Capitania de Sant’Ana:
“O Rio Grande é que seria muito conveniente a Sua Majestade o se povoar, em razão dos castelhanos se não adiantem.”

Em 1714, no Brasil, Rio de Janeiro, o governador D. Francisco de Távora, eleva Laguna à condição de “Villa” e determina a Francisco Brito Peixoto, filho do fundador, para formar uma expedição a fim de “fazer vistorias” nos lados do Sul, mas este impedido pela idade coube a João de Magalhães, seu genro a tarefa.
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Em 1722, na região da futura sede de São José da Terra Firme, é construído o Solar da Guarda Nacional, em estilo colonial rústico português de grandes dimensões, é o único prédio preservado em sua construção original. Já foi utilizado também como residência, escola militar, quartel da guarda nacional, e chegou a ser cortiço.
Atualmente abriga no andar superior o Museu Histórico e no inferior a Biblioteca Municipal.

Em 23 de março de 1726, na Ilha de Santa Catarina, a Freguesia de Nossa Senhora do Desterro é elevada a categoria de Villa, incluindo seus domínios as terras da futura São José da Terra Firme no Continente.
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Em 1737, no Desterro, se estabelece a primeira Guarnição Militar.

Em 11 de agosto de 1738, no Rio de Janeiro, é criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina, subordinada ao Rio de Janeiro, compreendendo as terras da Ilha de Santa Catarina (Nossa Senhora do Desterro), e terra firme, as villas de Nossa Senhora das Graças do rio de São Francisco (São Francisco do Sul), Santo Antônio dos Anjos de Laguna (Laguna), incluindo as terras do da Capitania de Sant’Ana ou São Pedro do Rio Grande (Rio Grande do Sul) que incluía a Colônia de Sacramento (no atual Uruguai).
A sede da capitania foi localizada na Villa de Desterro, que passa a condição de sede, da autoridade portuguesa para o extremo sul do Brasil.

Em 1739, na Capitania da Ilha de Santa Catarina, no Desterro, se instala efetivamente a Capitania da Ilha de Santa Catarina, tendo o povoado de Nossa Senhora do Desterro como sua capital, assume como primeiro governador o brigadeiro José da Silva Paes.

Em 1739, na Capitania de Santa Catarina, no Desterro, é construído pelo governador brigadeiro José da Silva Paes o Sistema de Defesa da Ilha de Santa Catarina com a construção de 4 grandes fortalezas e diversos fortes menores, sendo o primeiro a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim.
As fortalezas da barra norte em sistema de fogos cruzados representavam uma modernidade em sistema de defesa, formada pelas fortalezas de Anhatomirim, Ratones e São José da Ponta Grossa.
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Em 1740, no Desterro, é construído a Fortaleza da Ponta Grossa.

- A outra face do sistema de defesa ficava na barra sul da ilha, denominada de Nossa Senhora da Conceição da Barra Sul (atual São José da Terra Firme).
A região de São José fazia parte da área protegida por este sistema de defesa.

Em 1746, em Portugal, o rei D. João V, ouvindo o Conselho de Estado, baixa Alvará (Decreto) autorizando e definindo as regras à emigração de casais açorianos para povoarem o Sul do Brasil, como eixo central a Ilha de Santa Catarina.

Em 1746, na Europa, Portugal, o Arquipélago dos Açores além da pobreza, estava com excesso de habitantes e o “sistema de morgadio” (dando ao filho mais velho a terra e o nome do pai), foi alvo de providências para que a gente procurasse outras partes do Império Português.

- O Conselho Ultramarino havia aprovado o transporte de casais através de Feliciano Velho Oldenberg que contratou o transporte de até 4 mil casais das ilhas dos Açores e da Ilha da Madeira, que deveriam ser assentados no sul do Brasil, onde receberiam terras públicas, ajuda financeira, implementos e animais.

- O Arquipélago dos Açores é formado por nove ilhas:
- Terceira, Faial, Pico, São José, Graciosa, São Miguel, Flores, Santa Maria e Corvo, com 2.344 km2 e uma população na época de 116.816 habitantes

Em 1747, em Portugal, Lisboa, através de edital, El-Rey autorizou a “saída dos açorianos” das Ilhas do Atlântico rumo ao Brasil.

Em 09 de agosto de 1747, em Portugal, Lisboa, com a intenção de organizar os novos assentamentos e freguesias, as autoridades portuguesas prescreviam algumas normas denominadas Provisões Régias, para ser aplicada no Brasil Colônia.
Algumas das orientações para os núcleos:
“Cada núcleo ou sítio deveria ter um quadrado para a praça, de 500 palmos de face, numa das quais se localizaria a igreja, as ruas seriam demarcadas a cordel e deveria ter pelo menos 40 palmos de largura devendo as casas alinhar-se e possuir um quintal de fundos.”
Determinava ainda para a Ilha de Santa Catarina que cada casal imigrante açoriano recebesse o equivalente a um quarto de légua em quadro para seu estabelecimento e o cultivo dos gêneros de primeira necessidade.

Em 1749, no Brasil, chegaram os primeiros casais açorianos na Capitania de Santa Catarina, no Desterro, famílias ficaram na Villa de Nossa Senhora de Desterro na Ilha de Santa Catarina e outras no continente, os demais seriam enviados as Missões no sul, na Capitania de Sant’Ana ou São Pedro de Rio Grande, mas a demora nos deslocamentos fazia muitas famílias se estabelecerem onde paravam.
Em todos os povoados que vão parando casais açorianos vão fincando raízes.

De 1748 a 1756, desembarcaram na Capitania de Santa Catarina, “vivos”, cerca de 6 mil imigrantes das ilhas dos Açores e Madeira, para povoarem o Brasil Meridional, que deram origem a várias povoações no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A saída dos Açores de forma clandestina deve ter trazido um volume de casais, quase igual aos números oficiais, 4.500 se fixaram em Santa Catarina, os demais foram re-embarcados para o Rio Grande de São Pedro.
O costume de denominar “açoriana” a imigração procedente das ilhas atlânticas, se fez sentido, pois foram registrados apenas 59 madeirenses que se fixaram em terras catarinenses, os “casais açorianos”, assim chamados pois vinham em família completa (Pai, Mãe e Filhos).
A distribuição dos casais foi feita de forma a criar núcleos populacionais que pudessem produzir alimentos e outros produtos comerciáveis que interessavam ao Rei de Portugal, além de contribuir com os soldados para a defesa das terras do sul do Brasil.

- Os imigrantes aportados entre 1748 e 1749, foram estabelecidos na Villa de Nossa Senhora do Desterro e seus arredores.

- As famílias chegadas a partir de 1750 fundaram-se na Ilha de Santa Catarina as freguesias de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa e a de Nossa Senhora das Necessidades.

- Nos anos seguintes os imigrantes começam a ocupar terra firme, fundando diversas freguesias, São Miguel, Nossa Senhora do Rosário da Enseada do Brito, São José da Terra Firme e outras em direção ao sul da Capitania, chegando até o Rio Grande de São Pedro (Rio Grande do Sul).
Nos primeiros cinco anos a imigração açoriana ampliou uma vez e meia a população da Capitania de Santa Catarina.

- Com a chegada do europeu e dos bandeirantes paulistas, caçadores e escravagistas para comércio, os últimos remanescentes índios em terra firme, migraram de um local para o outro na região, de São Miguel (Biguaçu) a Palhoça junto ao rio Maruim, na forma de sambaqui, antes de se jogarem definitivamente para o interior em fuga.
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Em 1750, no Desterro, em documento do governador da Capitania de Santa Catarina, consta que na Serraria d’El Rey (localizada na atual São José da Terra Firme, no bairro Serraria), havia dois cabos e sete índios, tem-se assim a prova da presença indígena na região.

Em 13 de janeiro de 1750, na Europa, concebido por um brasileiro de Santos (SP), Alexandre de Gusmão, secretário d’El Rey.
Os reinos de Portugal e Espanha pelo Tratado de Madri determinavam que cada reino, conservaria as terras que já tivesse ocupado pelo princípio do “Uti Possidetis” (aquilo que possuis).
A Coroa Portuguesa consegue que a região chamada Sete Povos das Missões, região contígua da Capitania do Rio Grande de São Pedro (ou Sant’Ana) seja incorporada aos seus domínios e resolve enviar colonos açorianos para povoá-la, e a Colônia do Santíssimo Sacramento volta à Espanha.

- Os Índios Guaranis seriam retirados das Missões Jesuíticas (os Sete Povos), localizadas no Continente de Tape (lado espanhol do atual estado do Rio Grande do Sul) para evitar revolta, Colonos Açorianos seriam colocados na região no lugar dos índios. As missões contavam com uma população de 30 mil almas, com férteis plantações e construções notáveis. Algumas tribos aceitaram se deslocar para outras regiões outros não que deram origem as Guerras Guaraníticas (1754-1756) e os açorianos que estavam a caminho das terras, vindos primeiro do Desterro (SC) e depois de Rio Grande (RS) tiveram de esperar nos Campos de Viamão (atual Porto Alegre) para subir em direção a região dos Sete Povos das Missões.


São José da Terra Firme
Em março de 1750, na metade do século XVIII, na madrugada serena e iluminada pela lua, por ordem d’El Rey de Portugal, casais provindos do Arquipélago dos Açores no Atlântico, fundearam e desembarcaram para lançar os fundamentos de uma nova povoação em Terra Firme com invocação a “São José” (nome também de uma das ilhas do Arquipélago dos Açores).

- Os Casais Açorianos acamparam as margens da baia sul junto ao canal da Ilha de Santa Catarina, mais protegida do vento sul e a costa mais profunda o que permitia navegabilidade.
Eram 338 pessoas em Terra Firme: 66 casais ilhéus, 91 filhos e filhas maiores, 100 filhos e filhas menores, 18 agregados, somando-se os 6 paisanos e 9 habitantes da Serraria d’El Rey que já existia na região de São José (atual Serraria).

- Homens, Mulheres e Crianças fortes e resolutos, não ficaram inativos, a ouvir o canto dos pássaros na floresta virgem, montaram choupanas de taipa e barro, coberta de capim erguendo-se aqui e ali, na pressa do colono em construir seu abrigo no total de 182 habitações.

- Alguns iniciaram a lavoura para subsistência, plantar pequenas hortas em cantões da vasta floresta nativa.
Outros se empregaram como artesões no reparo e construção de sumacas, fragatas, brigues e fazer canoas, junto à praia, este ofício originou uma tradição que perdurou na região.
Ficaram acampados no trecho de uso público por ser margem da baia interna (1/2 légua).

- Ao mesmo tempo, que construíam as suas rústicas habitações foi elevado um “Cruzeiro”, nas proximidades do mar, no mesmo lugar onde se assenta a atual Igreja Matriz São José.

- Às famílias foram distribuídas sementes, armas e ferramentas, contudo não foi cumprida à medida que prometia a doação de duas vacas e uma égua por família, mais quatro touros e dois cavalos que deveriam ser compartilhados nas pequenas concentrações populacionais.
Ao chefe da família foi oferecido um quarto de légua de terras em um quadro, no entanto boa parte dos imigrantes abriu mão desta extensão para ficarem mais próximos, o que acarretou diversas conseqüências econômicas.

- Os imigrantes Açorianos introduziram uma herança cultural de costumes e festas, o ciclo de festas mais importantes:
- Natal, Carnaval, Páscoa, Divino Espírito Santo, São João.
Também a conhecida Farra do Boi ou Brincadeiras do Boi, na Semana Santa, o período dos Corações e Pão-por-Deus, e ainda, a gastronomia a base de peixes, renda de bilro, o artesanato de barro (cerâmica), histórias, lendas e mitos, a introdução do figo, couves, cevadas, cana-de-açúcar, laranja, uva, trigo e temperos (especiarias), as lanchas baleeiras, as canoas de um só tronco (guarapurú).

Em 26 de outubro de 1750, na Capitania de Santa Catarina, através de Alvará Régio d’El Rey de Portugal, é fundado oficialmente a Freguesia de São José da Terra Firme.

- Por Provisão Régia é criada a Paróquia de São José, subordinada, respectivamente à Villa de Nossa Senhora do Desterro e ao Bispado do Rio de Janeiro.

- Nesta época existiam somente três municípios em Santa Catarina:
São Francisco do Sul (1504),
Santo Antônio dos Anjos de Laguna (1684),
Nossa Senhora do Desterro (1726).

Em 1750, no sul do Brasil, na Capitania de Santa Catarina, era governador Manuel Escudeiro de Souza, que recebia as famílias açorianas vindos do Arquipélago do Açores das ilhas dos Açores e Madeira, que se dirigiam para o Sul do Brasil, no porto do Desterro (atual Florianópolis) para então distribuí-las.
Neste período desembarcaram na ilha mais de 6.000 homens, dos quais 4.000 fixaram-se no litoral catarinense, os demais foram reembarcados para a Capitania do Rio Grande de São Pedro.

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- No litoral da Capitania de Santa Catarina foram fundadas as Freguesias (distritos) de São José da Terra Firme, Enseada do Brito (Palhoça), Lagoa da Conceição (Desterro), São Miguel da Terra Firme (Biguaçú), Santo Antônio de Lisboa (Desterro), Vila Nova, além de reforçar a população das Villas de Nossa Senhora do Desterro e Santo Antônio dos Anjos de Laguna.

- As terras litorâneas não possuíam a mesma fertilidade do solo vulcânico do Arquipélago dos Açores, o “trigo”, não se adaptada ao solo arenoso-argiloso e clima úmido, a fertilidade da terra não resistia após a derrubada da mata.
Os colonos tiveram que se adaptar ao cultivo agrícola herdado dos índios, a “mandioca” que se tornaria a base alimentar dos açorianos e em trinta anos já existiam 300 pequenos engenhos, sendo alguns de cana-de-açúcar.
A “pesca” era praticada como subsistência, pois não havia mercado consumidor para o comércio.

- Outro problema foi às sucessivas divisões de terra ocorridas entre os herdeiros das gerações seguintes que começaram a comprometer a sobrevivência.

- Em Portugal, o Marquês do Pombal, governa como 1º Ministro de D. José I. Impõem-se à nobreza e a Igreja através de uma política de repressão, com o fortalecimento do poder monárquico e redução dos privilégios da nobreza e do clero. Consegue, com sua política, reorganizar a economia e a monarquia jurídico-administrativa portuguesa, além de ter imposto sua marca na reconstrução de Lisboa após o grande terremoto de 1755.
Expulsa os jesuítas do Império Português. Ordena a queima de teares nas colônias, que levou ao confisco e queima dos teares trazidos pelos açorianos na Freguesia de São José.

Em 1754, em São José da Terra Firme, quatro anos transcorridos da chegada, em plena paz organizadora, chega à notícia da guerra das “Reduções Jesuíticas” ou dos “Sete Povos das Missões”, no sul do continente, depois de firmado o Tratado de Madri.

- Por ordem de Gomes Freire de Andrade, general das forças de operações para execução do Tratado de Madrid (1750), representante do Rei de Portugal nos trabalhos demarcatórios, o tenente Francisco Barreto Pereira Pinto foi encarregado de trazer, casais açorianos em número de 60, vindos do Desterro em Santa Catarina, para o a Capitania de Sant’Ana (atual Rio Grande do Sul).

- A formação de um corpo de tropa cujo alistamento foi encarregado o coronel Cristovão Pereira de Abreu que convocou 200 homens, às quais foram incorporados os destemidos desterrenses (do Desterro) e partiram para Castilho Grande local do início das demarcações.
Foram enviados 160 sertanejos paulistas para apoiar o trabalho de demarcação do Tratado na Capitania de Sant’Ana. Parte do destacamento, 60 homens, foi para o Porto do Viamão, para construir barcos junto a Lagoa de Viamão ou Rio de Viamão (Lago Guaíba).

- Com a partida dos bravos do Desterro (atual Florianópolis-SC), verificaram-se numerosos claros na Praça da Freguesia. O governo convocou forçosamente milicianos do povoado josefense que estava próximo para compor a Praça da capital.

- Em São José, a conseqüência da falta de braços na sua próspera lavoura, se viu quase que totalmente paralisada. 

Em 1755, em São José, a pequena Capela de São José já construída, foi promovida a Igreja Paroquial, sendo seu “cura d’almas” o padre José Antonio da Silveira nomeado vigário congruado (coerente), percebendo sessenta mil réis por ano, celebrava o santo sacrifício da missa.

- À medida que ia crescendo o número de habitantes em São José e a povoação se estendia pela costa, desenvolvia-se a lavoura sobressaindo à cultura do algodão e do linho, para aproveitamento foram montados no atual “Roçado”, pequenos e rudimentares teares.

Em 1755, no Desterro, capital da Capitania, é fundada a freguesia de Santo Antônio de Lisboa de frente para o continente. o que de fato já o era

Em 1756, no Rio de Janeiro, capital do Vice-reino do Brasil, o governo por Provisão Régia eleva o povoado à condição de Freguesia de São José da Terra Firme, o que de fato já o era.

Em 1759, em Portugal, Lisboa, o Marquês do Pombal, 1º Ministro do Reino Português ordena a expulsão dos jesuítas da Companhia de Jesus de Portugal e de suas Colônias. Os efeitos serão sentidos no sul do Brasil, onde as Missões Jesuíticas, sem a proteção da Coroa, serão alvos preferidos dos Bandeirantes, que se apossam dos índios e de seu gado, notadamente no sul do Brasil, onde havia os 7 Povos das Missões, com muitas das aldeias em território considerado português.

Nota:

- A muitas lendas no litoral catarinense referentes a possíveis enterros de tesouros, por parte dos padres jesuítas, em sua fuga do território português.
Estes padres em fuga cruzaram o território de São José da Terra Firme.
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Em 24 de abril de 1763, no sul do Brasil, acontece a “Invasão Espanhola” comandada por D. Pedro de Zeballos Cortez y Calderon, vindo de Buenos Aires, no Vice-reino do Prata (atual Argentina) primeiro sobre a Villa do Rio Grande na Capitania de São Pedro do Rio Grande, a  população corre em fuga, conhecida como a “Corrida do Rio Grande”, para o interior do território.
Os espanhóis foram por mar até a ilha de Santa Catarina e invadem o Desterro.

Em 23 de fevereiro de 1777, na Capitania de Santa Catarina, no Desterro, na “Invasão Espanhola” no comando do 1º Vice-Rei do Rio da Prata. D. Pedro de Zeballos Cortez y Calderon, com uma armada composta de 116 embarcações, 900 canhões e 12.000 pessoas.
Não foi possível testar o sistema de defesa da Ilha de Santa Catarina, pois os espanhóis a renderam sem dar um único tiro.
No Desterro foi instalado Governo Espanhol de Ocupação.

- Em São José, o general Furtado de Mendonça, comandante das tropas que guarneciam a Ilha de Santa Catarina passa em fuga sobre o Continente, com suas forças, atravessando a Freguesia em desabalada marcha, estabelecendo o pânico. Amedrontados, inúmeros moradores abandonaram casas e haveres e internaram-se pelo sertão em busca de refúgio e segurança.

- Em São José da Terra Firme também ocupada pelos espanhóis, por ser frontal a ilha de Santa Catarina.

- Os espanhóis eram uma ameaça constante, a idéia conhecida era expulsar os portugueses do Sul do território.
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Em 11 de janeiro de 1787, em São José, comissionado pelo governador José Pereira Pinto, por ordem do vice-rei Luis de Vasconcelos e Sousa, partiram rumo ao planalto oeste, através do sertão, o alferes Antônio José da Costa, levando 12 homens de armas, 12 escravos e 7 bestas cargueiras a fim de conhecer e estudar as riquezas do vastíssimo “hinterland”.

- Marginando o rio Maruim até certa altura, e daí por diante pela floresta, cumpriu o alferes a incumbência, estudando a fauna a flora, observando e anotando as altitudes, fugindo do contato com os índios, em busca do planalto e da natural comunicação com o povoado de Lages, que o bandeirante paulista Correia Pinto havia fundado. A picada aberta pelo Alferes foi o traço de união entre a serra e o litoral.
Esta região era praticamente inexplorada de densa mata, os habitantes estavam concentrados no litoral, na região do atual Roçado e Barreiros.

Em 1789, na Europa, França, ocorre a Revolução Francesa que derruba o antigo regime monárquico com a decapitação dos reis e proclama os “Direitos Universais do Homem”.
O marco é considerado o fim do “Feudalismo” e “Absolutismo” na Europa. Pela primeira vez a burguesia e o povo, através do agora “cidadão”, chegam ao poder de uma nação. A Revolução era inspirada pelo “iluminismo”, com base nos seus princípios de Igualdade, Liberdade e Fraternidade, movimentos de independência das Colônias americanas, e Inconfidência Mineira no Brasil.
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Em 1796, em São José, o governador João Alberto de Miranda Ribeiro tentou colonizar com portugueses a picada aberta pelo alferes Antônio José da Costa (1787), mas a tentativa foi fracassada.

Em 1796, na capital da Capitania de Santa Catarina, o governador Alberto de Miranda Ribeiro elabora o primeiro relatório oficial em que apresenta informações econômicas, populacionais e naturais da Capitania intitulado “Relatório do Governador da Capitania de Santa Catarina ao vice-rei do Brasil”, e escreve sobre São José:
“O terreno dos Barreiros até a Ponta do Leal é fértil para a mandioca, arroz, milho, feijão, Linho e algodão; da Ponta do Leal até o Estreito que fica defronte a Villa capital de Desterro, Coqueiros, Itaguaçu e Abraão suas mandiocas, arroz, milho, feijão, cana, algodão e linho, mas há poucas forças para plantação. Capoeiras e Praia Comprida dão arroz, milho, feijão, no Arraial da Freguesia de São José, são as terras muito fracas e pouco produzem. No Rio Passavinte, são as terras muito boas, e dão de tudo (...), ressalta ainda que Picadas do Norte e Maruhy pode se plantar de tudo”. 

Em 1796, em São José, tem-se a primeira descrição do rio Maruim, como segue:
“- O Rio do Maruhi que fica ½ légua ao sul da Igreja da freguesia terá na barra 60 brasas de largo: Da navegação para canoas até o lugar onde esta a guarda do dito rio, em que se gasta menos de 1 dia. Da dita guarda para cima, chega ter somente 1 brasa de largo, e 2 ou 3 palmos de fundo em algumas partes.”
O rio Maruim e seus afluentes tiveram grande importância na ocupação do interior do município de São José desde o século XVIII, tanto como meio de transporte como fornecedor de água potável para os homens e animais.

- Nesta época os mais de dois mil açorianos viviam basicamente da agricultura, principalmente da mandioca, com a introdução do engenho de farinha (contribuição tecnológica a Santa Catarina).

Em 17 de novembro de 1797, na Capitania de Santa Catarina, Desterro, é elaborado o primeiro grande “relatório oficial” do governador da Capitania Alberto de Miranda Ribeiro, que apresenta informações econômicas, populacionais e naturais e paisagísticas sobre a Freguesia de São José da Terra Firme.
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Século XIX
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1800

Vice-Reino do Brasil
Reino de Portugal Brasil e Algarves
Império do Brasil
República

Em 22 de janeiro de 1808, no Brasil, na chegada em Salvador na Bahia de todos os Santos, a Família Real Portuguesa foi recebida pelo governador, o conde da Ponte e ficou por 45 dias.
Pela primeira vez uma nação européia passara a ser regida da América. O Império Português era um dos maiores do mundo (com territórios na Europa, América, África e Ásia).

Em 28 de janeiro de 1808, no Brasil, seis dias depois de desembarcar na Bahia, o príncipe Regente D. João assinou Provisão Real (decreto) através do grande brasileiro José da Silva Lisboa, depois visconde de Cairú, teve papel primordial na medida decretada: - a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional a “todas as nações amigas”.

Em 08 de março de 1808, na luminosa manhã, chegava a Família Real Portuguesa ao Rio de Janeiro, capital da Colônia, desde a madrugada a multidão já se aglomerava no cais do Largo do Paço, fitando a esquadra fundeada na baía da Guanabara desde a madrugada, sob a escolta de 4 navios de guerra britânicos, e muita bagagem, todo o tesouro e a biblioteca real, entre outras.
O desembarque ocorreu as 11 h, a procissão Real seguiu por ruas cobertas de areias branca, juncadas com folhas de mangueira e canela, por entre as filas da soldadesca perfilada, diante das casas enfeitadas de panos coloridos.
Teria dito a princesa Carlota Joaquina, ao ver o estado de abandono do Rio de Janeiro:
“Que horror. Antes Luanda, Moçambique ou Timor”.
A marcha seguiu pela Rua Direita à do Ouvidor e dali a Igreja do Rosário, onde se rezou uma missa para dar graças pela chegada em segurança.
Ambos ficaram espantados, a Família Real com o estado da cidade “com seus odores pútridos”, e a multidão com a aparência dos príncipes D. João, D. Carlota Joaquina, da rainha D. Maria I e dos Nobres que muitos de cabelos raspados ou trunfas (devido a epidemia de piolho a bordo), junto estavam o Príncipe da Beira, D. Pedro (futuro D. Pedro I).
A Família Real ficou instalada no Palácio do Vice-Rei junto com seus 350 lacaios.
Para alojar milhares de nobres e cortesãos, foram requisitadas cerca de 2.000 casas, e seus moradores desalojados. Casas confiscadas eram marcadas com as letras “P.R. de Príncipe Regente”, o povo logo passou a traduzi-las por “Ponha-se na Rua” ou “Propriedade Roubada”. Mesmo assim o Rio de Janeiro e o Brasil saíram ganhando.

- É instalando a sede do Império português no Rio de Janeiro e ali organizou sua administração, depois de uma rápida passagem por Salvador, na Capitania da Bahia.
O novo governo criou três ministérios:
Da Guerra e Estrangeiros,
Da Marinha e
Fazenda e Interior.
Instalou os serviços auxiliares ao funcionamento do governo, entre os quais, o Banco do Brasil, a Junta Geral do Comércio, a Casa de Suplicação (Supremo Tribunal), Casa da Moeda.

- Com a transferência da Corte para o Brasil, o príncipe regente D. João escapou de cair prisioneiro de Napoleão Bonaparte como seu primo Fernando VII de Espanha; salvou o trono, consolidou a unidade brasileira e seu grande Império.

- As notícias da chegada da Família Real chegam a São José, para espanto, orgulho e ansiedade de seus moradores.
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Em 1812, em São José é construída a Capela de Santa Filomena, que abriga a imagem de Santa Filomena, esculpida em madeira e trazida da Itália.

Em 16 de outubro de 1815, no Brasil, no Rio de Janeiro, o Príncipe Regente Dom João, expedia Provisão Real (decreto) que elevava o Brasil a categoria de Reino, num esquema similar ao Reino Unido da Grã-Bretanha de hoje.
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, tinham como capitais oficiais o Rio de Janeiro e Lisboa, configurando ao Brasil, perspectivas até então desconhecidas.
A nova bandeira do Reino, o antigo escudo português sobrepunha-se à esfera armilar de ouro, simbolizando o Brasil, o fundo passou a ser partido em azul e branco.
O Brasil deixou, naquele momento, de ser uma Colônia e passou a ser um Reino do vasto Império Português. A um passo da Independência.
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Em 1820, em Portugal, Porto, com a saída dos franceses desde 1815, este era governado pelo marechal inglês Beresford, os portugueses indignados com a situação, o fato de custearem a permanência da Família Real no Brasil e a preferência do rei D. João VI pelo Brasil, sua contínua dilação da volta para a Europa, irritou os portugueses e rebentou em Portugal a Revolução Liberal do Porto, aproveitando da ida de Beresford ao Brasil, o movimento revolucionário era dirigido por militares e magistrados.
A idéia era dotar o país de uma Constituição liberal. Uma junta revolucionária assumiu o governo em Lisboa e convocou eleições para a Constituinte através das Cortes Gerais Extraordinária da Nação Portuguesa, não mais dividida em três classes (nobreza, clero e povo), mas sim puramente popular, de caráter democrático.
O movimento constitucionalista repercutiu no Brasil, seus benefícios foram inumeráveis, em todas as Capitanias, ao chegar à notícia de revolução, iam sendo depostos os governadores indicados pelo rei D. João VI.

Em 03 de junho de 1822, no Brasil, Rio de Janeiro, é convocado a Assembléia Constituinte, com deputados de várias Províncias.
Com este ato a Independência do Brasil  já está praticamente feita.

Em 1º de agosto de 1822, no Brasil, Rio de Janeiro, o príncipe regente D. Pedro declara que qualquer tropa portuguesa ou de outra nação que desembarcar no Brasil sem sua autorização será considerada inimiga.
Dirige o Manifesto aos Brasileiros convocando-os a se unirem.

“Não se ouça entre vós outro grito que não seja – União!
Do Amazonas ao Prata não retumbe outro eco que não seja – Independência!
Formem em todas as nossas províncias o feixe misterioso que nenhuma força pode quebrar.
Desapareçam de uma vez antigas preocupações, substituindo o amor do bem geral ao de qualquer província ou cidade.”

Em 07 de setembro de 1822, no Brasil, de São Paulo para Santos havia partido o major Antônio Ramos Cordeiro e o correio Paulo Bregaro com um maço de cartas urgentes ao príncipe D. Pedro, que foi localizado nas colinas do Ipiranga quando retornava de Santos, na Província de São Paulo.
D. Pedro recebe as notícias de Portugal com cartas da princesa D. Leopoldina e do conselheiro José Bonifácio, informando-o da situação.
- As Cortes de Lisboa anulam a convocação da Constituinte feita por D. Pedro.
- As Cortes decidem limitar a autoridade de D. Pedro, transformando-o em simples governador submisso às Cortes.

 “Senhor! O dado está lançado e de Portugal nada temos a esperar senão escravidão e horrores. Venha V.A.R. quanto antes e decida-se porque irresoluções e medidas d’água morna, à vista desse contrário que não nos poupa, para nada servem e um momento perdido é uma desgraça.
Muitas coisas terei a dizer a V.A.R., mas nem do tempo nem da cabeça posso dispor.”
                                                                                                                                         Carta de José Bonifácio


Versão romântica:          
As cartas foram lidas amassadas e pisoteadas, o príncipe D. Pedro, aos 24 anos, num ímpeto próprio de seu temperamento, monta em seu cavalo, cavalga até o topo do outeiro na Colina do Ipiranga e grita a guarda de honra, segundo narrativa de testemunha, o alferes Canto e Mello:

Amigos, as Cortes querem escraviza-nos e perseguem-nos.
De hoje em diante nossas relações estão quebradas.
Nenhum laço nos une mais.
É tempo.
Estamos separados de Portugal.

Depois de arrancar a ensíguinea portuguesa de seu uniforme, o príncipe sacou a espada e, às margens plácidas do Ipiranga, bradou; heróico e retumbante:

Por meu sangue, por minha honra por Deus
Farei do Brasil um país livre.

Erguendo-se no estribo e alçando a espada, afirmou:

Brasileiros, a nossa divisa de hoje em diante será,
“Independência ou Morte.”

Eram 4 horas da tarde de 7 de setembro de 1822 e o sol, em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pátria nesse instante.

- O príncipe regente Dom Pedro estava desde os 10 anos no Brasil, aqui tivera seus primeiros cavalos e suas primeiras mulheres, seus primeiros amigos; aqui vencera seus primeiros desafios, políticos e pessoais. Dom Pedro amava o país. Parecia ser o homem certo para torná-lo uma nação independente. – Foi justamente o que fez.
Ao colocar no trono um rei português, o Brasil fez uma transição relativamente tranqüila do regime Colonial para o Monárquico.

Em 07 de setembro de 1822, na Freguesia de São José, a Independência do Brasil é comemorada com entusiasmo, a população sai pelas ruas aos gritos de:

“Vivas ao Brasil,
ao Império e
 ao Príncipe Dom Pedro”.

Em 12 de outubro de 1822, no Brasil, Rio de Janeiro, S.A.R. Dom Pedro foi aclamado “Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil”, dia de seu aniversário.

Em 25 de março de 1824, em São José, chega à notícia, na ansiedade de dar ao país uma lei fundamental, a Câmara por sugestão do Rio de Janeiro, solicita ao Imperador que colocasse em vigor o projeto examinado.
O imperador Dom Pedro I alegando que:
“tendo-nos, requerido os povos deste Império juntos em câmaras, que nós quanto antes jurássemos e fizéssemos jurar o projeto da Constituição que havíamos oferecido às suas observações para serem depois presentes à nova Assembléia Constituinte; mostrando o grande desejo que tinham, de que ele se observasse já como Constituição do Império, por lhes merecer a mais plena aprovação e dele esperarem a sua individual e geral felicidade política”.
Foi declarada desde logo em vigor a Primeira Constituição do Império do Brasil, que foi jurada indiretamente na Província de Santa Catarina e no restante do Império.

Em 29 de agosto de 1825, Portugal através do embaixador inglês que o representava, assinou o Tratado Luso-Brasileiro de reconhecimento da Independência.
O Brasil teve que pagar a Portugal a indenização de dois milhões de libras esterlinas, e Dom João VI obteve ainda o direito de usar o título honorário de “Imperador do Brasil”, que não lhe dava, porém qualquer direito sobre a antiga Colônia.

Em outubro de 1828, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império, ficou acertado a ida para a Província de Santa Catarina de 146 (famílias, de um total de 635 pessoas). Destes indivíduos, 523 haviam chego da Alemanha no referido ano e estavam alojados na Armação de São Domingos, em Niterói (RJ). Dos restantes 112, quase todos eram ex-soldados mercenários, de batalhões dissolvidos.

Em 14 de julho de 1829, em Santa Catarina, no Desterro, chega ao presidente da Província Francisco Albuquerque de Mello Ordem Expressa Imperial do Rio de Janeiro, no sentido de estabelecer as duas colônias alemãs:
“(...) os colonos alemães, transportados no bergatim “Luiza”, em uma colônia separada dos que foram no bergatim “Marquez de Vianna”, dando-lhes terras apropriadas, e mandando-lhes fazer comodações, onde se recolham, entre esta Cidade e a Villa de Lages, em ponto, no qual fiquem em contato, com outras colônias.”

Em 1829, em São José, chegam os primeiros imigrantes alemães, o governador Francisco Albuquerque de Melo, começou a povoar o sertão através do caminho aberto pelo alferes José da Costa com os imigrantes, fundando a Colônia de São Pedro de Alcântara, em homenagem ao imperador D. Pedro I.
O primeiro diretor da colônia foi o major Silvestre José dos Passos, cidadão ilustre, possuidor de peregrinas e acrisoladas (purificado, depurado (físico ou moral) virtudes.
De São Pedro de Alcântara irradiou-se a colonização alemão para os demais núcleos da Província de Santa Catarina.

- Os alemães introduziram entre nós o costume de festejar o Natal precedido de presente de São Nicolau (06 de dezembro), comemorando com árvore colorida e alvos flocos de algodão e com a presença de “Cristkind” (Menino Jesus) e “Pelznickel” (Papai Noel), a Páscoa com ninho de ovos de galinha, recheados de amendoim açucarado, caprichosamente pintado; o Kerb comemorando o padroeiro da igreja com três dias de festa comunitária; são legados germânicos que enriqueceram a comunidade lusa, nos moldes seguidos até hoje.

- A chegada dos alemães e de outras nações nórdicas; também chamados de alemães, por mais fraca que seja a população de imigrantes, em confronto com o número de brasileiros, tem ela, contudo, uma grande importância moral, porque seu exemplo não deixará de estimular, cedo ou tarde, o caráter apático dos brasileiros.

- A introdução alemã para a Freguesia de São José, resultou de interesses do governo imperial brasileiro de D. Pedro I em favorecer o assentamento de famílias alemãs em nosso país por ter se casado com D. Leopoldina princesa de origem alemã da Casa da Áustria.
Os imigrantes provinham da Renânia Meridional, parte chamada Hunsrück, e a parte do rio Mosela.
Os imigrantes alemães trazidos pelo veleiro “Johanna Jakobs”, embarcados em Bremen, trouxe 146 famílias, somando 523 pessoas. Outros veleiros também trouxeram imigrantes como o “Charlotte et Louise”, que partiu de Bremen em 7 de julho de 1828, em que viajaram Carlos Payeken, Frederico Guilherme Ruete, Nicolau Deschamps e família, ocupantes dos dois primeiros lotes  na colônia de São Pedro de Alcântara. Também vieram no bergatim “Marquez de Vianna” e no brigue “Luiza” 635 pessoas, somando 112 pessoas a mais do que trouxera o “Johanna Jackobs”.

Em 01 de dezembro de 1830, em São José, toda a Colônia Alemã, esta reassentada, realizada por João Henrique Sochting, o segundo diretor, acusava a presença de 652 habitantes: 377 homens, 275 mulheres que distribuídos em 168 famílias.

- A pouca fertilidade das terras, associados ao forte declive, fizeram com que muitas famílias procurassem novas terras, tanto na direção sul, região de Santo Amaro, como ao norte, Antônio Carlos, São Miguel (Biguaçú), mesmo descendo para o litoral, Praia Comprida e Desterro.
Em Praia Comprida estabeleceram-se com hospedaria, transporte de lanchas, ferrarias, sapatarias, marcenarias, selarias, casas de comércio, inclusive a agricultura, entre estas famílias estavam: - Adam Michels, Henrich Bohnen, Sebastian Lentz, Anton Huber, Joah Mannebach, Peter Joseph Schneider e Jacob Zimmermann.
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Em 07 de abril de 1831, no Brasil, Rio de Janeiro, S.M.I. D. Pedro I, por pressão popular e problemas de sucessão na Coroa Portuguesa, abdica ao trono do Brasil em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara, então com 5 anos, e José Bonifácio como tutor do pequeno príncipe, deixando em seguida o país, com o título de Duque de Bragança.

- Com a abdicação de D. Pedro I, devido o príncipe herdeiro ser criança (a Constituição permitia assumir o trono com 18 anos), durante o impedimento foi confiado à administração do Império a um Conselho de Regentes (1831-1840), eleita pelo Parlamento: - uma Regência Trina (3 regentes), e em seguida a Regência Una (1 regente), tem inicio o Período Regencial.
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Em 01 de março de 1833, a Freguesia de São José, já um importante centro comercial, por Resolução do presidente da Província, é elevada a categoria de Villa de São José da Terra Firme, desmembrada da capital Nossa Senhora do Desterro, sendo formado pelos povoados de São José e incorporadas as terras da freguesia da Enseada do Brito, mais extensas que a da freguesia de São José.
Seus limites se estendiam por 100 km de litoral e para o interior no planalto a menos de 80 km de Lages.

- Este acontecimento foi recebido num intenso regozijo da população, que comemorou condignamente.
Foi cantado solene “Te Deum” em ação de graças na igreja matriz e festejada com saraus nos sobrados de João Vieira da Rosa, presidente da Câmara e dos coronéis Joaquim Xavier Neves e Luis Ferreira do Nascimento Melo.
À noite os frontispícios (as faces) das principais casas foram iluminados a azeite em copos coloridos.

- A elevação a Villa seguiu-se a criação da Comarca de São José que foi instalada pelo juiz de direito Dr. Manoel Paranhos da Silva Veloso, seu primeiro magistrado, que era Ouvidor.

Em 04 de maio de 1833, em São José, o Poder Legislativo  municipal foi implantado com a criação da Villa de São José da Terra Firme, tendo vida própria se desvinculando politicamente da capital Desterro.
São José estava em grande festa no melhor estilo da época, a sociedade engalanada estava em frente à Casa da Câmara, os notáveis da região orgulhosos de seu novo “status” da comunidade, Conforme ata lavrada:


Aucto de posse e juramento que torna a Câmara da Villa de São José.
Anno de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oito centos e trinta e trez, aos quatros dias do mês de mayo, nesta nova Villa de São José onde foi vindo o Presidente da Câmara Municipal da Cidade do Desterro, Capital da Província de Santa Catarina, Marcos Antônio da Silva Mafra, acompanhado do Secretário da mesma Câmara, Luis de Souza de Medeiros para o fim de deferir juramento e dar posse aos vereadores da dita Villa de São José, cabeça do Termo do mesmo nome, que foi novamente criado, sendo desmembrado do da Capital (...) ficando no de Presidente o Cidadão João Vieira da Rosa por ser o mais votado (...)
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São José é a mais importante Villa de Santa Catarina.
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Em 24 de maio de 1833, em São José, o presidente da Província Feliciano Nunes Pires, após lista encaminhada, atendeu prontamente, nomeando como primeiros juízes e promotor de São José os cidadãos:
Juiz Municipal: Manoel Antônio da Cruz,
Juiz de Órfãos: Jacob Vieira da Rosa,
Promotor Público: João Antônio de Souza Quadros, sendo empossados em 20 de setembro de 1833.

Em 16 de junho de 1833, em São José são eleitos os Juízes de Paz para a freguesia de São José o cidadão Joaquim Manoel Cidades, que em “3 de fevereiro de 1834 foi acusado pela Câmara de incapaz para exercer o dito cargo por problemas de embriaguez”, para a freguesia da Enseada do Brito foi eleito José Inácio Bernardino da Silva.

Em 04 de julho e 1833, em São José, é enviado para o presidente da Província para aprovação do “Código de Posturas” (leis municipais).

Era 20 de setembro de 1835, entra em Porto Alegre, capital da Província de São Pedro (RS) o vitorioso general Bento Gonçalves (general monarquista, lutando contra os desmandos do governador (seu primo) por ele indicado), a população acompanha o general que se dirige a Câmara e dá posse ao vice-presidente da Província Marciano Pereira Ribeiro, abandonado por Fernandes Braga, que fugiu para a Villa de Rio Grande ao Sul.
Tem inicio a Revolução Farroupilha  ou Guerra dos Farrapos.

Em 11 de setembro de 1836, é proclamada a República Rio-Grandenseou República Piratini, com bandeira e hino, é eleito o general Bento Gonçalves da Silva como primeiro Presidente da República.
Depois de vencer a “Batalha do Seival”, o general Antônio de Souza Netto entusiasmou-se e disse as tropas:

“Camaradas!
Nós (...) devemos ser os primeiros a proclamar como proclamamos a Independência desta Província, qual fica desligada das demais do Império e forma um Estado livre e independente, com o titulo de República Rio-Grandense.

Em 13 de fevereiro de 1838, os revoltosos Farroupilhas perceberam a manobra das Forças Imperais em sua retaguarda e levantaram o cerco sobre Porto Alegre na Província do Rio Grande de São Pedro, indo para o Planalto e depois Lages na Província de Santa Catarina.

Em março de 1839, em São José, é flagelada por formidável “tempestade de vento e chuva”, que prejudicaram terrivelmente a lavoura e as obras municipais. Os relatos são repletos de comentários sombrios sobre essa inclemência da natureza.

Em julho de 1839, os Farroupilhas avançam sobre a Província de Santa Catarina e proclamam em Laguna a República Catarinense  ou Juliana, em alusão ao mês de julho, tendo como presidente efetivo o paranaense Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro, tio do coronel Joaquim Xavier Neves, político mais influente em São José, que havia sido eleito presidente da nova República e não assumiu.

- Em São José, é assolada de aborrecimentos suscitados pela Revolução Farroupilha, o emissário dos Farrapos o tenente Marcelino Soares, natural da Villa, amigo e confidencial do coronel Joaquim Xavier Neves, sub-repticiamente (por meio ilícito) penetra no vilarejo altas horas da noite, alarmando a população josefense, e exige a imediata entrega da Praça, em nome do coronel Davi Canabarro, chefe da Revolução e para entregar o diploma de Presidente da República Catarinense ao coronel Joaquim Xavier Neves, cuja simpatia pela causa Farroupilha eram notórias, onde estava em entendimentos com os invasores de Lages (SC), era de esperar que São José aderisse à Revolução, do que estava inteirado o governo de Pardal, pois a eleição deste prestigioso político josefense para presidente da agora efêmera República veio, posteriormente, confirmar essa suspeita.
O Governo Imperial tinha em São José uma atalaia (sentinela) vigilante um soldado fiel, na pessoa do coronel José Bonifácio Caldeira de Andrade (Juiz de Paz), veterano das lutas da independência, na Bahia, e da abrilada, em 1831, o qual por termo à embaraçosa situação, mandou prender o emissário do coronel Davi Canabarro.
À voz de prisão, Marcelino Soares arrefeceu (esfriou) a arrogância e meteu pé no mundo.
Assim a Villa de São José voltou a sua vida normal, e o coronel Joaquim Xavier Neves foi feito desistir do sonho republicano e os ânimos serenados.
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Em São José está o Presidente da República Catarinense
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Em 1840, em São José, o total da população era 10.419 habitantes, sendo 2.225 escravos negros, constituída de 1.315 homens solteiros, 909 homens casados, 36 mulheres casadas, 34 homens viúvos, 2 mulheres viúvas.

Em 22 de junho de 1840, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, os liberais, vencidos no Senado por dois votos, liderados por Antônio Carlos de Andrada (irmão de José Bonifácio), abandonaram a “Câmara Prostituída”, foi um golpe branco dos chamados “Maioristas”.
O regente, Araújo Lima (escravagista) se viu sem opção a não ser aceitar o império das circunstâncias e se dirigiu ao Paço Imperial de São Cristovão, onde explicou a dom Pedro a situação crítica pelo qual o país passava e perguntou quando desejaria tornar-se maior de idade e lhe oferecer o governo, que aceitou.
É antecipada a maioridade de S.A.I. Príncipe Dom Pedro de Alcântara, de 18 para 15 anos, para acalmar as Províncias insufladas. A decretação oficial da maioridade do monarca foi recebida com enorme alegria pelo povo brasileiro.
Uma demonstração clara do desejo de tornar imperador maior de idade foi o surgimento de uma quadrinha popular cantada pela população da cidade do Rio de Janeiro nessa época:

"Queremos Pedro II
Embora não tenha idade!
A Nação dispensa a lei
E viva a Maioridade!"

Em 18 de julho de 1841, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império, é realizado a sagração e coroação de D. Pedro II. A cidade foi cuidadosamente embelezada para a cerimônia. As festas duraram muitos dias, encerrando-se no dia 24 de julho com um grande baile de gala no Paço da Cidade.
Em Porto Alegre a cidade comemora e brinda ao “Imperador Menino”, com saraus e jantares.

Em 1843, em São José é construída a Bica da Carioca, lugar onde os negros escravos lavavam a roupa de seus senhores.

Em 30 de maio de 1843, na Europa, no Reino das Duas Sicilias, D. Pedro II imperador do Brasil, casa-se por procuração com a princesa napolitana Teresa Cristina Maria Giuseppa Gaspare Baltassare Melchiore Gennara Francesca de Padova Donata Bonosa Andrea d’Avellino Rita Luitgarda Geltruda Venancia Taddea Spiridione Rocca Matilde de Bourbon, filha do rei Francisco I rei das Duas Sicilias.
Tiveram quatro filhos (dois homens), mas só sobrevivem Dona Isabel (Princesa Imperial) e Dona Leopoldina Teresa.

Em 13 de setembro de 1844, em Santa Catarina, pela Lei Provincial nº 194 foi criada a Freguesia de São Pedro de Alcântara, desmembrada da Freguesia de São José, continuando a pertencer a Villa de São José.

Em 28 de fevereiro de 1845, no Rio Grande do Sul, é encerrado o Conflito Farroupilha, com honroso acordo que foi selado entre Caxias (Luis Alves de Lima e Silva, presidente da Província) representando o Império, que teve dificuldades de encontrar o chefe real dos Farrapos e optou por Davi Canabarro (descrito como rude, extravagante e descuidado de filigranas morais) comandante do Exército Farroupilha, depois da exoneração de Bento Gonçalves do comando.
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O Imperador D. Pedro II e D. Teresa Cristina, visitam as Províncias do Sul, pela primeira vez a população via seu Imperador.
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Em 20 de outubro de 1845, em São José da Terra Firme, na Província de Santa Catarina, foi distinguida com a visita dos jovens imperadores, recebidos entre extraordinárias manifestações de júbilo.
A praça central da Villa de São José ficou apinhada de gente naquela manhã, quando o Imperador Pedro II e a Imperatriz Dona Teresa Cristina desembarcaram num cais construído às pressas para a ocasião.
Estavam acompanhados de uma pequena multidão em escalares de navios de guerra e três iates “embandeirados em arco com muito gosto” e uma banda de música.
Recebidos no cais pela Câmara Municipal, seguiram para a Igreja de São José “debaixo do Palio levado pelos vereadores, trajados à Corte com capas e bandas de cetim branco”, passando por “alas de coqueiros, ligados por grinaldas de verdura”, nos conta o autor de “O Relator Catarinense”.
O casal parou alguns instantes em frente à Igreja, decorada com uma “elegante arcada, ao pé da qual estavam em duas alas de meninas elegantemente vestidas”.
Tudo correu dentro da maior formalidade.
Duas meninas aguardavam o casal, filhas do coronel Joaquim Xavier Neves e do tenente-coronel Luís Ferreira do Nascimento e Mello, para saudar e lançar “uma chuva de cheirosas flores”.

Viva!

O imperador Dom Pedro II e a Imperatriz D. Tereza Cristina se dirigiram à Caldas de Cubatão, extasiados ante o belíssimo aspecto de nossa privilegiada natureza e apreciando de perto as virtudes dessas famosas termas.

O acesso às Caldas de Cubatão foi realizado por mil e duzentos homens, sob a direção do coronel Joaquim Xavier Neves, que para recreio e satisfação dos jovens imperadores, mandara arborizar e embandeirar a estrada, numa extensão de 35 quilômetros.

No regresso a Villa de São José SS. MM. assistiram ao “Te Deum laudamus”, pronunciando depois um “eloqüente e bem traçado discurso”, tendo como tema o Verso 24 do Livro 1 dos Reis, capítulo 10.
“E Samuel disse a todo o povo: agora já conheceis, a quem o Senhor escolheu, porque não há em toda a Nação outro, que iguale a este.
E todo o povo o aclamou, gritando: - Viva e Rei!”.
Cantando em ação de graças ao sucesso da viagem, nessa ocasião proferiu o famoso pregador Arcipreste Paiva, que era o vigário da Matriz, patriótica oração, saudando os augustos visitantes, congratulando-se com o povo pela extraordinária honra que São José recebeu com a visita das excelsas majestades.

Ao saírem do “Te Deum” SS. MM. foram interpelados por um ancião de longas barbas brancas que lhe recitou uma quadra:

“O astro rei quando nasce,
Trás consigo um resplendor,
Vivam suas majestades!
Viva o nosso Imperador!”

Terminada a solenidade religiosa, à tarde, no Solar dos Neves, transformado em “Paço Imperial”, D. Pedro II deu-se  ao beija-mão e agraciou solenemente com as veneras (culto) de Oficiais da Ordem da Rosa os coronéis Joaquim Xavier Neves e Luiz Ferreira do Nascimento Melo;

Cavalheiro da Ordem de Cristo os Srs. João Vieira da Rosa e Manoel Joaquim Teixeira, Presidente da Câmara; e

Cavalheiro da Ordem da Rosa ao padre Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva.

A 3ª Legião da Guarda Nacional, “lusidamente uniformizada com o número de 600 baionetas e 250 cavaleiros guarneciam as faces da praça da Matriz”, dando as “descargas de estilo, e formando em coluna aberta, executou a marcha em continência”, se retirando em seguida.

Depois do jantar “delicado e abundantemente servido” (nesta época o jantar era servido cedo pelas 05:00 horas da tarde) D. Pedro, Dona Teresa Cristina e seus seguidores montaram, se deslocando a cavalo até a Praia Comprida (região de Campinas e Kobrasol), no caminho de volta ao Desterro (Florianópolis), capital da Província, foram acompanhados por luzida cavalgada, SS. MM. assistiram a uma corrida de cavalos e lançamento de bois, à “moda do Sul”, tido como o Primeiro Rodeio que se tem notícia no Brasil, nos alagados de “Campinas” em São José da Terra Firme, dizem que o imperador Dom Pedro II chegou até a dançar num fandango.

A estrada que ligava São José ao Estreito, numa extensão de “légua e meia, estava bordada de um lado e de outro de habitantes de ambos os sexos, desejosos de, ainda uma vez, gozarem no seu distrito a presença de seus Soberanos”.
Além do Corpo de Cavalaria da Legião, outros 200 moradores acompanharam o casal.

Ambos apreciaram maravilhados, do morro das “Capoeiras”, o encantador panorama da baia josefense que despertou à imperatriz D. Teresa Cristina, saudades da sua belíssima Nápoles, no Reino das Duas Sicilias (na atual Itália), pela semelhança entre as duas baias.

No Estreito, as embarcações aguardavam para conduzir a comitiva de volta, São José, estava com o Centro todo iluminado.
No trapiche, estavam presentes “todos os cidadãos notáveis”, muitas “alas de imenso povo” e “grande número de girândolas”, terminando com “Vivas repetidos de todos os lados”. E o casal foi embora.

- Por ocasião da visita de D. Pedro II e D. Teresa Cristina, os oficiais às ordens de SS. MM. inauguraram com suntuoso baile a residência do alferes Francisco Xavier de Oliveira Câmara, de recente construção.

Somente as cidades de Desterro e São José, na Província de Santa Catarina, receberam a honra da visita imperial.

- São José em peso ufanou-se de tão honrosa visita que serviu de assunto para conversações durante muitos anos.

- Acompanhou SS. MM. o Bispo do Rio de Janeiro, D. Manoel do Monte Rodrigues de Araújo, Conde de Irajá, durante três dias consecutivos administrou “Crisma” a um considerável número de filhos da terra, à quase totalidade da população.

Em todos os atos religiosos o Bispo Conde de Irajá, foi auxiliado pelo padre Joaquim Gomes de Oliveira Paiva, vigário da paróquia.

Os magnânimos imperadores fizeram a Igreja Matriz São José generoso donativo de três contos de réis, um grande valor na época.
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Em 13 de maio de 1846, em São José, é instalado pelo Decreto nº 231 a Freguesia de Garopaba, com terras da Freguesia da Enseada do Brito. Assim o município de São José passou a ter quatro freguesias:
- São José (Sede), São Pedro de Alcântara, Enseada do Brito e Garopaba.

Em 26 de março de 1849, em São José, pela Lei Provincial nº 277 a Villa é elevada à cabeça de Segunda Comarca de Santa Catarina.

Em meados do século XIX, surgem mais duas colônias de imigrantes alemães:
- Colônia Santa Isabel, junto ao rio dos Bugres,
- Colônia Teresópolis no vale do Cubatão, ambas em homenagem a imperatriz do Brasil D. Teresa Cristina, que visitou a região junto ao imperador em 1845.
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O Primeiro Centenário de São José da Terra Firme (1750-1850).
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Em 26 de outubro de 1850, em São José da Terra Firme, os josefenses comemoram seu Primeiro Centenário”, com muita festa e baile.

Em 1851, em São José, tem início por meio de subscrição de esmolas, a construção da Capela do Senhor do Bom Fim, numa colina elevada da cidade.

Em 1852, em São José, é construída a Capela de Nosso Senhor do Bom Fim, abriga a imagem do Senhor do Bom Fim, cópia fiel da venerada na cidade de Salvador (Bahia).

Em 03 de maio de 1854, a população da Villa josefense vibrou de entusiasmo com a elevação a categoria de Cidade de São José.

- São José nesta época tinha uma enorme extensão territorial, um dos municípios mais populosos e ricos da Província de Santa Catarina, exportava: - “café, tapioca, açúcar, farinha de mandioca, cachaça e algum algodão”. Durante certo tempo teve importância a cultura do “linho”, que desapareceu por completo.
A cidade dispunha de um porto marítimo freqüentado por grande número de cargueiros.
O comércio progredia com as casas de importação e exportação.
Os partidos políticos, através dos grandes comerciantes, disputavam o domínio e os mandatos.

Em 29 de maio de 1854, em São José, pela Lei Provincial nº 371 é criado a Freguesia de Santo Amaro do Cubatão, ficando subordinada a Villa de São José.

Em 07 de setembro de 1854, em São José, comemorando a magna data da Independência do Brasil (07.09.1822- 32 anos) com missa, presente todo o elemento oficial, após solenemente o presidente da Província Dr. João José Coutinho, colocou a pedra fundamental da Casa da Câmara e Cadeia, construção que foi levada a efeito com a verba dotada pelo Conselho Municipal de vários exercícios, e ainda auxílio particular, em subscrição aberta para fim tão útil e patriótico, obra terminada em 1859.

- Revestiu-se essa solenidade de um caráter especial, realizando-se então festas populares, jantares e banquetes.

- À noite, antes de começar o espetáculo de gala, que fazia parte do programa, foi inaugurado com todas as honras, o retrato de S. M. o Imperador D. Pedro II, orando nessa ocasião o Sr. Davi do Amaral e Silva, por entre palmas e vivas entusiásticos.
A banda musical, de recente formação sob a regência do maestro organista Alberto Rickler, executou o Hino Nacional, cantando também, de pé, pelas pessoas presentes.

- Representou-se a peça “Monge da Terra d’Ossa”, com uma dança da época. Para terminar o espetáculo e espairecer as emoções causadas pelas cenas desse dramalhão trágico, seguiu-se-lhe a farsa “As Impugnações”.

Em 17 de setembro de 1854, em São José, o presidente da Província Dr. João José Coutinho, colocava a pedra fundamental do teatro particular (atual Theatro Adolpho Mello), construído com capital organizado por ações, tomadas pelos amadores da arte Tália.
Paraninfou o ato o coronel Luiz Ferreira do Nascimento Melo, presidente da Câmara.

Em 1854, em São José, foram iniciadas várias obras para suprir o crescimento da cidade, no governo provincial de João José Coutinho:
- É ampliada a Igreja Matriz São José, reformada interna e externamente.
- A Ponte sobre o Rio Maruim, danificada pelas constantes enchentes passou por radical transformação, sendo construída em tijolo e pedra, com tal perícia e solidez perfeita.
- Construção da Capela do Senhor do Bom Fim, o “Cavaleiro da Cidade”, sendo a obra levada a efeito por meio de subscrição popular e esmolas.
- Com o fito (fim) de aformoseá-la e precaver a segurança dos moradores, a Câmara resolveu demolir as primitivas casas, situadas na Praça Municipal e que ameaçavam ruína, eram construções simples: - Um corredor ligava as lojas ou salas abertas para a rua aos cômodos que as mulheres ocupavam a aos dos serviços domésticos que voltavam para o quintal. As alcovas (quartos de dormir) eram dispostas ao longo do corredor e raramente recebiam iluminação natural. O telhado de duas águas lançava parte das chuvas na rua e parte no quintal. As construções de fachada alinhavam-se para garantir estabilidade às edificações.
Por contrato foi entregue o serviço ao capitão Constâncio Pessoa que efetivou o trabalho pela quantia de 58$000 (cinqüenta e oito mil réis).

- O governador da Província João José Coutinho era um apreciador da cidade de São José, era raro o sábado ou dia santificado em que o Presidente da Província não visitasse a panorâmica e prestigiosa cidade, o que ocasionava intrigas e ciumeiras na capital Desterro, veiculadas pelos jornais, com retumbante repercussão na Corte, no Rio de Janeiro.

- Estabeleceu-se em São José o oficial João Clímaco Zusarte Firmo, que fora oficial da Marinha de Guerra de Portugal, emigrando para o Brasil, onde abriu forte casa comercial na sede de São José.
Homem de inteligência e de esmerada cultura, notando a falta de estabelecimento de ensino, onde a mocidade da terra pudesse adquirir conhecimentos mais amplos, fundou um “Colégio para Meninos e Moços”.
Neste colégio formaram-se:
- Os irmãos Ferreira de Melo, irmãos Campos, das famílias Tolentino, Silva Ramos, Xavier da Câmara, Silva Pessoa, Xavier de Souza, Zeferino da Silva, Caldeira de Andrada, Vieira da Rosa, Afonso de Barros, Souza Moreira, Simplício Santos, Antônio de Souza, Fagundes, Schneider, Lentz, os nomes João de Souza, Marcolino Ramos Souza Medeiros, Cândido Domingos da Silva, José Rodrigues Lopes, João Gomes, Zacarias da Costa, Teodoro e Alexandre do Nascimento Ramos, João Nepomuceno da Silva Ramos, José Ramos Moreira, Luis Henrique dos Santos Souza, Constâncio Pessoa  Junior, João Rodrigues Alves, Júlio Ferreira da Silva, João José de Castro Junior, João Xavier Neves, Frederico Afonso de Barros Junior, Carlos Afonso de Barros, João Francisco Duarte, tantos homens de grande relevância, mais tarde, na sociedade, de grande projeção política e na administração pública.

- Em São José, desde os primórdios, quanto ao Culto Religioso, primou sempre pela “fidelidade à fé Católica”, praticando todos os seus atos com perfeição e devoção.
As imagens:
- São José, o padroeiro (não se tem a procedência e data de aquisição, nem na tradição oral),
- Senhor do Bom Fim (mandada vir da Província da Bahia pelo padre Macário, em réplica a imagem baiana),
- Nossa Senhora das Dores e Senhor Morto (adquiridas entre 1853 e 1856 na Província da Bahia), 
- Senhor dos Passos, estas obras Sacras são veneradas e reverenciadas nas respectivas igrejas.

Em 03 de maio de 1856, em São José, a Villa de São José da Terra Firme é elevada a categoria de Cidade de São José, que desponta como centro social e econômico de um vasto município, sendo a pequena enseada o extremo da via que ligava o litoral ao sertão, e a sede ponto mais importante do núcleo josefense.

Em 1856, em São José, no ano em que a Villa de São José foi elevada a categoria de Cidade, a eleição para Juiz de Paz (na época eleito por voto) apresentou o seguinte resultado:
“Obtivemos votos para juízes de paz para o quadriênio de 1857-1860, nesta cidade de São José, os cidadãos seguintes: - Joaquim Lourenço de Souza Medeiros, 380 votos, José Silveira de Souza Fagundes, 370 votos, Joaquim Xavier Neves Junior, 370 votos, Joaquim da Silva Mellado, 368 votos, ...”

Em 21 de junho de 1856, em São José, depois de quase dois anos de obras é inaugurado o Theatro Adolpho Mello, na Praça Municipal, sendo um dos primeiros do Brasil e o primeiro de Santa Catarina.

Entre 1856 e 1861, em São José, a Igreja Matriz São José foi reformada e ampliada.

Em 1857, em São José, é construída a Capela de Nosso Senhor do Bom Jesus dos Passos.
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Em dezembro de 1864, na América, no Paraguai, Solano Lopes, presidente ditador, decide se defender atacando: - aprisionou o vapor (navio) brasileiro “Marquês de Olinda” no porto de Assunção, é o estopim para a Guerra do Paraguai, o maior conflito armado do continente.
Ao desligar-se em 1811, do Vice-Reinado do Prata, declarando independência, sem acesso ao mar e a Argentina não reconhecendo sua independência, organizou-se militarmente. Com a campanha do Brasil contra Aguirre no Uruguai, Solano Lopes viu no conflito uma possibilidade de expansão de suas fronteiras o “Paraguai Maior”.
Solano Lopes invadiu no final de dezembro a vulnerável Província do Mato Grosso, onde o tenente brasileiro Antônio João Ribeiro resistiu o que pode em Dourados.
Lopes pediu autorização à Argentina para passar com suas tropas em Corrientes a fim de atacar a Província do Rio Grande do Sul e o Exército Brasileiro que invadira o Uruguai, que é negado e declara guerra a Argentina.

- Em São José, declarada a guerra ao Paraguai, um grupo de jovens josefenses apresentou-se logo ao Quartel do Batalhão de Depósitos, verificando praça voluntariamente e seguindo pouco depois com destino ao campo de operações.

Compunham-se ele dos voluntários heróis jofesenses:
Fernando Gomes Caldeira de Andrade, Francisco Xavier de Oliveira Câmara Júnior, João Pedro Xavier da Câmara (que morreu marechal do Exército), Cândido e João Lourenço de Sousa Medeiros, Carlos e Manoel do Nascimento Ramos, Ângelo dos Santos Sousa e Gaspar Pereira da Rosa.

Em 1865, na América, tem início a Guerra do Paraguai, entre o Paraguai e a Tríplice Aliança formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai. Embora o Paraguai fosse menor e menos rico que o Brasil e Argentina, estavam prontos para a guerra. Tinha 64 mil homens em armas (e 28 mil reservistas), o Brasil possuía 18 mil soldados efetivos, a Argentina 8 mil e o Uruguai 1 mil.
Quarenta dias após a assinatura do Tratado da Tríplice Aliança, a Esquadra Imperial comandada pelo Almirante Barroso destrói a marinha paraguaia na Batalha do Riachuelo.

Em 1866, em São José, a população escrava, analisando a população por sexo, qualidade ou cor e condição social, constata-se que os mulatos (pardos) somavam 1.076 pessoas, os negros (pretos) eram 2.319 pessoas, o total da população de descendência africana era de 16,2%.

- Do total da população de São José, 84,2% eram de lavradores, que trabalhavam em atividades agrícolas.

Em 1869, em São José, estava instalado o Hotel Novo junto a Praça Municipal (atual Hercílio Luz), em um prédio assobradado, onde tinha um salão de bilhar no térreo.
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Em 1º de março de 1870, na América, no Paraguai, Francisco Solano Lopez, o presidente ditador, morre as margens do Aquidabã, na cordilheira de Azcurra, na luta de Cerro Corá - “Muero con mi Pátria”, suas últimas palavras, recusando-se a entregar sua espada ao General José Antônio Corrêa da Câmara, Visconde de Pelotas (futuro presidente do Estado do RGS) que coordenava as forças de vanguarda. Solano Lopez tinha vários ferimentos e não poderia resistir.
O maior e mais preparado exército das Américas estava acabado.
Termina a Guerra do Paraguai, com sua derrota incondicional, o país ficou arrasado. Sua população de 1 milhão, estava reduzida a um décimo com milhares de mortos e uma grande dívida com o Governo Imperial do Brasil.

- Quase todos os jofesenses retornaram para casa ao final da Guerra do Paraguai, satisfeitos do dever cumprido, os heróis “Voluntários da Pátria” foram amplamente homenageados em São José da Terra Firme.

Em 1871, em São José, depois de receber homenagens honrosas devido a seus méritos e alta patente, o Marechal Guilherme Xavier de Souza, a quem o imperador iria agraciar com o título de Visconde de Itajaí, foi um legítimo herói na campanha da Guerra do Paraguai, onde preponderou como chefe no comando supremo de nosso Exército Imperial, filho ilustre de São José da Terra Firme.

- Os voluntários catarinenses foram elogiados por S.M.I. D. Pedro II pelo comportamento de bravura, exemplares, pela sua eficiência militar, pelo modo, enfim, com que se portaram à frente do inimigo, nos combates e batalhas em que se empenharam.

Em 1876, São José está no auge de seu progresso, e goza seus louros.
sociedade jofesense é citada além das raias municipais como uma das maiores, seletas e progressistas da Província (Estado).
moda  vinha diretamente da Corte no Rio de Janeiro que respirava o modismo de Paris (França).
Cultivava-se a música com fino gosto e apurada arte, os saraus e recepções fizeram época na pacata São José, alcançando notoriedade.
Três bandas de música disputavam a primária na divina arte de Euterpe, havia na sede da cidade a:
- Perseverança Artística, alcunhada de “Piratas”, da qual era diretor Francisco Tolentino, tinha na sua regência, Antônio da Silva Penedo.
Na Praia Comprida, duas outras:
- Recreio Josefense, por antonomásia “Farrapos”, era diretor Antônio Pedro Schneider, tinha na regência Francisco dos Santos Barbosa.
- Quebra Quilos, banda de músicos medíocres, era constituída de mulatos e pretos forros, sob a direção de Adão Mafra, crioulo troncudo e sem pendores artísticos.
Belíssimos concertos e retretas realizaram essas afinadas bandas musicais, no alegrar da população josefense, nos seus dias festivos, faziam com garbo e entusiasmo desfraldando seus estandartes.
Na política apontavam-se os vice-presidentes da Província: - Xavier Neves, Ferreira de Melo, Pinto de Lemos, Silva Ramos e Ferreira de Melo Filho, detentores várias vezes das rédeas do governo.

- Em São José, o entrelaçamento de diversos ramos de famílias em um único tronco, o Vieira, formou uma grande, forte, famosa e unida família, embora divergissem politicamente alguns de seus membros, filiados a este ou aquele partido.
Passado o calor das eleições e o renhido dos pleitos, não havia necessidade de reconciliações. Pois todos se reuniam na melhor cordialidade familiar.

Citamos um causo político:


- Ocorrido entre os advogados Antônio Ferreira de Melo e Francisco Tolentino, eram primos irmãos e cunhados, aquele chefe conservador e este liberal.
Costumavam anotar em carteira os nomes de seus eleitores, cabalavam juntos na maior camaradagem, e, concluído os afanosos trabalhos, à noite, em serão, cotejavam os cabalados.
Apurada a eleição e verificada que fosse a falta de um correligionário menos escrupuloso, faria uma chacota do outro, sem melindre, até que a nova eleição viesse apagar o afeito daquela em que ocorreu a trapaça política (aliás, muito comum).
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Em 1881, em São José na Praia Comprida, morava Paulino de Albuquerque, homem inteligente, poeta que deixou vários trabalhos esparsos nos jornais da época, era, porém, um “ateu intransigente”.
Conta a história:
- Numa noite clara de luar, palestrava ele numa roda de amigos, quando alguém se referiu à existência de “Deus”, Paulino retrucou imediatamente, dizendo que só acreditava em Deus se viesse um cadáver espostejado recompor-se ilusão ou aviso celeste, o fato é que mal proferiu essas palavras, e ...

“ Um clarão vermelho manifestou-se no centro da roda”

A palestra terminou e cada qual se separou impressionado pelo que vira e seguiu logo para casa.
Paulino de Albuquerque tomou o fenômeno como uma advertência divina e no dia imediato procurou o coronel Francisco José da Rosa, com quem estava de relações cortadas e com ele se reconciliou, propondo-lhe a compra de um terreno, necessário a ereção de uma capela.
Efetuada a transação, deram começo as obras, despendendo nela elevadas importâncias.

Em 08 de outubro de 1882, em São José, na Praia Comprida, um ano após o fenômeno, chegava à imagem de Santa Filomena, que a comissão edificadora da nova Capela, mandou vir da Itália.
Às 4 horas da tarde foi solenemente benta, com excepcionais festas. E assim se converteu mais um ateu intransigente, Paulino de Albuquerque.

Em 08 de novembro de 1882, em São José, é criada a Freguesia de Palhoça subordinada à cidade de São José.

Em 11 de dezembro de 1883, em São José, chega à notícia da construção de uma “Estrada de Ferro” com a denominação de D. Pedro I, a cidade seria o ponto inicial a malograda via férrea.
A comissão de engenheiros incumbidos de proceder aos estudos estava na capital Desterro (Florianópolis).

Em 19 de dezembro de 1883, em São José, é batida a primeira estaca na praça da cidade josefense para a construção da Estrada de Ferro D. Pedro I.
A cidade regurgitou (muitos) visitantes, compareceu para o evento o elemento oficial da capital e de outras localidades.
No local do batimento da estaca, realizou-se um vasto e prolongado banquete, sendo levantado um espaçoso barracão.
À noite, houve grande passeata, com banda de música, pelas ruas da cidade iluminada a “giorno”, finalizando os festejos com um baile na Câmara Municipal.

Em 06 de setembro de 1886, em São José, é criado a Freguesia de Águas Mornas, subordinada a São José.

Em 1887, em São José, é fundado um “Clube Abolicionista”, os josefenses não ficaram indiferentes à campanha abolicionista que vinha sendo agitada de Norte a Sul.
Por iniciativa de “alguns” inimigos da escravatura, formou-se a diretoria do clube com os Srs. Antônio Elesbão Pires, João Carlos de Souza Medeiros, Jalmeno Lopes, Firmino Pereira Bento, João Lourenço de Souza Medeiros e Francisco Pereira. Alguns elementos desta associação filiaram-se mais tarde ao Partido Classista, na primeira fase do Regime Republicano.

- Os escravos atraídos ao “Clube Abolicionista”, recebiam sua carta de alforria, admirados, sem o menor protesto de seus senhores.
Era o princípio da derrocada escravagista no município de São José.

- Os Negros e mulatos  na formação da sociedade josefense, dentre os diversos povo africanos, que contribuíram para a construção da identidade cultural de São José da Terra Firme.
Os negros na qualidade de escravos não usavam sobrenome próprio, sendo conhecidos pelo prenome, pela nação africana de origem (quando vindos da África) e pelo nome do proprietário.
Exemplo:
- Antônio, escravo Guiné, de Major Thomaz José da Costa, faleceu em 17 de dezembro de 1837, de idade 55 anos.

O número de escravos negros no município de São José foi bastante significativo no ano de 1840, quando eram 21,3% da população.
A Colônia Militar Santa Teresa comunidade josefense, onde os negros e mulatos formavam a maioria da população, com 56,8%, mas a população escrava somente de 3,8%, os demais eram homens livres.
Ao serem alforriados através da “Carta de Alforria”, adotavam, via de regra, o sobrenome de seu antigo proprietário.
A cultura negra josefense está presente na alimentação (feijoada), na religião (umbanda, candomblé), nos folguedos populares (cacumbi), na música (semba, samba), nos instrumentos de percussão, nas lendas do Saci-pererê, na literatura (através de Cruz e Sousa).
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Açorianos, Alemães e Negros foram fundamentais na construção dos valores étnico-culturais de São José.
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Até 1888, em São José, antes da Lei Áurea, os senhores de engenhos e latifundiários, arraigados aos seus princípios políticos, nada faziam sem se aconselhar com os velhos chefes, os coronéis Ferreira de Melo, Silva Ramos, Silveira Fagundes e Pinto de Lemos, escravagistas intransigentes, que eram ouvidos como verdadeiros oráculos.
A indisciplina dos escravos e fugas eram grandes problemas, pelos maus tratos, castigos físicos e a separação das famílias, vendidos separadamente.

Em 13 de maio de 1888, no Brasil, é assinada no Rio de Janeiro, capital do Império ou Cidade Neutra, a Lei Áurea  pela Regente do Império Princesa Isabel, declarando livre todos os escravos no Brasil, sem indenização a seus antigos proprietários (o governo Imperial não dispunha deste dinheiro).
Muitos proprietários que tinham mão de obra escrava foram à falência.

- Em São José da Terra Firme, o fim da escravidão é motivo de festa, todos saem às ruas para comemorar com muita alegria muita música, mas não a alegria de todos, - claro, pois alguns proprietários josefenses chegaram à falência.

- D. Pedro II, em viagem no exterior ao saber da notícia por telegrama de sua filha a princesa Regente D. Isabel, disse:
- “Grande Povo! - Grande Povo!”

Os Descalços do Preconceito:
- Ao longo de três séculos, “usar sapatos”, mais do que simples conforto ou mero sinal de status, foi sinônimo de liberdade no Brasil.
Até maio de 1888, somente homens brancos, mulatos ou negros livres, podiam andar calçados.
Os chamados “Escravos de Ganho” (liberados para trabalhar para terceiros) podiam até vestir “calças bem posta, paletó de veludo, portar relógio na algibeira, anel com pedra, chapéu coco”, mas tinham que andar descalços. Nem tamanco nem sandálias – pé no chão: “para deixar exposto o estigma indisfarçável do seu estatuto de cativo”.
Tanto era assim que anúncios sobre fuga de escravos às vezes alertavam:
“Anda calçado para fingir que é forro”.
Isto foi em todo o Brasil e o sul não foi exceção, mesmo com todos os movimentos antecipados abolicionistas, o estigma não estava só na liberdade, mas no status social, divisor de classes, para isto tanto valia negro, branco ou amarelo.

- Em São José, o famigerado Vitoriano Menezes, conhecido mercador de negros comprava por um bom preço nas terras de São José e Desterro e vendia para lavouras paulistas, devido ao “grande valor” do escravo no mercado.
Mas com a Lei Áurea, de um dia para o outro foi quebrado o seu negócio. A “fina flor da mulata”, como dizia, não aparecia mais, já não lhe ofereciam oportunidade às miseráveis transações que o enriqueciam.
Por fim Vitoriano mudou-se para São Paulo, onde logo depois recebeu a punição por seus crimes. Assassinado em Campinas (SP), com uma martelada na cabeça, foi seu cadáver atirado dentro de uma sentina.

Em 15 de julho de 1889, segunda-feira, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império, S.M.I. D. Pedro II escapou de um atentado, no Rio de Janeiro, ao sair do Teatro Sant’Ana, quando, após um pequeno tumulto provocado por alguém que gritara “Viva o partido republicano”, um jovem português, Adriano do Valle, caixeiro, que alcoolizado e instigado pelos republicanos disparou três tiros de pistola contra a sua carruagem.
A sorte que o tiro partiu de considerável distância, perdendo-se no espaço, mas comoveu profundamente a alma brasileira.

- Ao contrário do que ocorreu na Alemanha, onde Hödel fora decapitado por tentar assassinar o imperador Wilhelm I; Dom Pedro II não deu importância ao fato e perdoou o terrorista.
Mas quatro meses depois, os militares desfecharam um golpe de Estado e instituíram a República.

- Na capital Desterro, o presidente da Província mandou cantar um “Te Deum” em ação de graças, por haver Sua Majestade D. Pedro II, espaçado incólume do atentado. Assomando à tribuna sacra o Cônego Francisco Pedro da Cunha, Vigário de São José e um dos maiores oradores sacros da época, proferiu memorável oração em que, após discorrer sobre a vida do monarca, verberou com indignação o ato insensato do caixeiro.
São dele estas patrióticas palavras:
“O projétil errou o alvo! Mas feriu o coração da Pátria! Não foi um brasileiro e sim um luso (português), que abriu no estandarte das chagas duplas que a lusos e brasileiros consternou.”

Em 1888, em São José, a Propaganda Republicana, refletiu com intensidade principalmente sobre os jovens.
Os jornais da Corte, notadamente o “País”, em que pontificavam Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Fernando Lobo, Joaquim Serra e outras penas, eram lidos e relidos na botica do velho Cristovão Joaquim de Oliveira e no Armazém do Constancinho de Constâncio José da Silva Pessoa Junior, enchendo-se de entusiasmo as almas moças de Artur Ferreira de Melo, Joaquim Pinto de Lemos, João Gualberto da Silva, Antônio Elesbão Pires, Hortêncio Paiva, Alberto Meyer, Manoel Cesário Demaria e muitos outros.

Em 1889, em São José, encerrou suas atividades o Grupo Dramático Particular, de cujo corpo cênico faziam parte: - Antônio Ferreira de Melo, Francisco Tolentino, João da Silva Ramos, João Luiz Ferreira de Melo, os irmãos Francisco e Joaquim Xavier de Oliveira Câmara, José Silveira de Sousa Passos, Antônio Francisco de Sousa, Ernesto Galvão de Moura Lacerda, Cândido Domingos da Silva, Leonor, as irmãs Dalila e Maria Bento Fernandes, Maria Luiza Cidade, e posteriormente, João Gualberto da Silva, José Cristovão de Oliveira, Ernesto José de Sousa, Hercílio Lentz e Hortêncio Paiva.

Em 15 de novembro de 1889, no Brasil, Rio de Janeiro, agora capital da República, através de uma conspiração militar e das oligarquias prejudicadas com o fim da escravidão é proclamado à República no Brasil pelo marechal Manoel Deodoro da Fonseca, sem derramamento de sangue, foram mandando para o exílio o imperador D. Pedro II e a Família Imperial, encerrando o período monárquico e o sistema parlamentarista.
O Marechal Manoel Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 25/02/1891), Alagoano, Militar, assume a República como “Chefe do Governo Provisório”, eleito pelos proclamadores.

Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil.
- Agora já proclamada e constituído governo provisório, sob a chefia do Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.
- O primeiro ato da república foi banir a Família Imperial do Brasil.
- Os chefes do país deram o nome de “República dos Estados Unidos do Brasil”.
- As antigas províncias se transformaram em Estados.
- A primeira bandeira da República tremulou como símbolo apenas do dia 15 ao dia 19 de novembro de 1889, quando então o Governo Provisório instituiu a bandeira definitiva.
- Instalou-se os primeiros ministérios e modificaram-se os símbolos nacionais.
Uma série de decretos e de reformas principiou a dar a necessária base ao novo sistema de governo.
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Telegramma, que foi transmittido com caracter de serviço nacional:
Governo Provisório
Rio, 15 de novembro
O povo, o exército e a armada vão installar um Governo Provisório, que consultará a Nação sobre a convocação de uma constituinte.
Erguem-se acclamações geraes á República.
Quintino Bocayuva
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Em 15 de novembro de 1889, em São José, a aceitação da nova ordem da República, foi fraca, a não ser por conta dos grupos republicanos que já estavam organizados, mas em correria diante do acontecido.
Dissolvidos os partidos políticos, os “Liberais”, então detentores do poder, separam-se, e grande parte de seus componentes abraçou logo o novo regime.
Os “Conservadores”, que haviam ficado indiferentes ao movimento, aproximaram-se também, constituindo então o PRC - Partido Republicano Catarinense que esteve de cima até a vitória da Revolução de 1930.
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Em 1890, no Brasil, inicia a grande imigração, principalmente de europeus para o Sul do Brasil.

Em 07 de janeiro de 1890, em São José, pelo Decreto-Lei do presidente do Estado Lauro Severino Müller, é dissolvido a Câmara Municipal, surgindo o Conselho Municipal e o Superintendente, era evidente o rancor político e o desejo de substituir as antigas lideranças ligadas a Monarquia, e São José era um destes baluartes conservadores. Lauro Müller é bem eloqüente, deixando claro que as câmaras municipais eram um mal que tinha que acabar.

No dia 15 de setembro de 1890, no Brasil, realizaram-se as eleições em todos os Estados brasileiros, conforme Regulamento Eleitoral (conhecido como Regulamento Alvim), baixado em 23 de junho de 1890, para eleger os representantes para a Assembléia Constituinte Federal (15.11.1890-26.02.1891), foram eleitos deputados por São José: - os nomes de Francisco Tolentino e Artur Ferreira de Melo.

Em 15 de novembro de 1890, no Rio de Janeiro, no Paço da Boa Vista, no primeiro aniversário da República, o Congresso Nacional Constituinte instalou-se, com toda a solenidade. O Congresso compunha-se principalmente de pessoal novo na política brasileira: - republicanos históricos ou de última hora, muitos militares e alguns remanescentes dos partidos da monarquia, quase sempre discretos ou adesistas entusiastas.

- Formada a mesa do Congresso, coube a Presidência, por unânime consenso de seus pares, ao josefense Francisco Tolentino  que recebe, por isso, significava manifestação de apreço.
Depois de eleger a sua Mesa, o primeiro ato do Congresso foi reconhecer os poderes do Governo Provisório, e prorrogá-los até que se promulgasse a nova Constituição.
Houve um acordo geral para que fosse imediatamente votado e aprovado o projeto do Governo. Não se fizeram, pois, alterações significativas.

- Francisco Tolentino, com seus correligionários e amigos encerra com um baile em sua residência.

Em 24 de fevereiro de 1891, no Brasil, Rio de Janeiro, capital federal, iniciada em 15 de novembro de 1890, depois de pouco mais de três meses instalada, reuniram-se os deputados constituintes no antigo Paço de São Cristovão, onde foi solenemente promulgada a Primeira Constituição Republicana, e a segunda Constituição do Brasil.

“Art. 1º - A Nação Brasileira adota como forma de governo, sob o regime representativo, a República Federativa proclamada a 15 de novembro de 1889, e constitui-se, por união perpétua e indissolúvel das suas antigas províncias, em Estados Unidos do Brasil.”

A nova Constituição é de caráter Republicano, Federalista e Presidencialista.
Os Estados-Membros ganharam autonomia interna (federação) e o presidente da República exercia o Poder Executivo.
O Ministério seria escolhido pelo presidente e este escolhido por eleição popular direta para um mandato de quatro anos (presidencialismo).
O presidente não tinha poderes de dissolver as Câmaras.
São três os poderes independentes da República:
- Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário.
Outra novidade foi à separação entre a Igreja e o Estado, com isto os padres perdem o direito de receber salário do estado, obrigando as paróquias a sustentá-los. Desta época em diante as festas religiosas passam a ser a fonte de lucros para a manutenção das paróquias.

Em 25 de fevereiro de 1891, no Brasil, Rio de Janeiro, Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (25.02.1891-23.11.1891), primeiro presidente da República, Alagoano, Militar, vice Floriano Peixoto, foram eleitos pelo Congresso.

Em 11 de junho de 1891, em São José, promulgada a Constituição, começaram os dissídios políticos, Eliseu Guilherme da Silva, josefense, e chefe político na capital, agremiando elementos, funda com Germano Wendhausen, Cristovão Pires, Severo Pereira, Irmãos Barbosa, Fábio Faria, Fausto Werner e outros, formando o “Partido Federalista”, dissolveu-se assim o Partido Classista.
O novo partido começou a agir imediatamente, movendo vigorosa campanha pela imprensa contra o presidente do Estado Lauro Müller.

Em 03 de novembro de 1891, no Brasil, Rio de Janeiro, sentindo-se ameaçado, o presidente da República Marechal Deodoro da Fonseca destituiu o Poder Legislativo, fechando o Congresso, como se fosse um ditador (na realidade queria ser imperador), o que não foi aceito.

Em 23 de novembro de 1891, no Brasil, Rio de Janeiro, vinte dias mais tarde, o presidente da República Deodoro da Fonseca é forçado a renunciar durante a Revolta da Armada (Marinha), sendo substituído por seu vice-presidente, Floriano Peixoto.

Positivismo está em Santa Catarina e assume o poder com o seu lema:
“o Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim”.
A República era de inspiração, político-filosófico Positivista, conseguiu dar uma cara aos prédios públicos e privados, espelho da Ordem, do Progresso e da Modernidade  trazidos pela tardia penetração do capitalismo no sul do país.
Pela primeira e única vez no mundo, a filosofia positivista foi acompanhada, nas mãos de Lauro Müller, e por elementos muito mais positivistas que o próprio positivismo de Augusto Comte.

- Na capital Desterro, Lauro Müller, presidente do Estado, moço, cheio de fé republicana, com o pensamento volvido para os postulados Positivistas, deixou-se, político ainda inexperiente, seduzir pelos encantos de suas idéias amparando o golpe de Estado que culminou com a queda do presidente da República Deodoro da Fonseca e a sua.

- Houve em São José um racha (fracionamento) da família josefense, até então unida, pelo grau de parentesco entre seus maiores valores. Alguns políticos permaneceram fiéis ao Imperador (no exílio).
A oposição, que pouco se avantajara, recebeu a adesão do deputado Artur Ferreira de Melo, que resignou o mandato de deputado.

- Em São José adesões apareceram em massa, tornando-se a velha cidade o mais forte baluarte federalista do Estado de Santa Catarina. As insistentes manifestações políticas contra o governo e nas quais o Partido Federalista de São José teve parte preponderante, culminaram com a deposição do presidente do Estado Lauro Müller, por lhe haver faltado apoio do centro.

Em 23 de novembro de 1891, no Brasil, Rio de Janeiro, capital da República, o marechal Floriano Peixoto (23.11.1891-15.11.1894), segundo presidente da República,                
Alagoano, Militar, sem Vice, foi eleito pelo Congresso.                
Assume a presidência da República, anulou o decreto de Deodoro da Fonseca de dissolução do Congresso e suspendeu o estado de sítio.

Em 1892, em São José, encontram-se registrada a presença de diversos troncos familiares de descendentes italianos, árabes, franceses e espanhóis.

Entre novembro de 1891 e março de 1892, Floriano Peixoto afastou os governadores que haviam apoiado o golpe de Deodoro, substituindo-os por aliados.
Governou com mão de ferro e consolidou a República.

- O presidente da República Marechal Floriano Peixoto envia a Santa Catarina, como seu emissário, um homem de sua confiança, o Tenente Manoel Joaquim Machado que assume o governo do Estado e chama o Partido Federalista para governar com ele.
Assim São José continuava a influir poderosamente na política do Estado.
E fez sentir ainda mais a sua ascendência na governança, depois que o Tenente Machado contraiu núpcias com uma josefense, sobrinha e afilhada do tenente Coronel Caetano Carlos Xavier Neves, Comandante do Esquadrão de Cavalaria, que passou “ipso-facto”, a ser pessoa de confiança e lugar no governo.
- Na realidade teve um bom pistolão!

- Com a formação do Partido Federalista, ficou a antiga agremiação política reduzidíssima. Apenas conservaram-se fiéis a Lauro Müller, o Coronel Pinto de Lemos, Francisco Tolentino, Francisco e Joaquim Xavier de Oliveira Câmara, Joaquim Pinto de Lemos, Marciano Francisco de Sousa, Marcolino do Nascimento Ramos, Cândido Domingos da Silva, Manoel Guilherme Ramos, João Umbelino de Sousa, mais conhecido por João Catarina, Francisco Otaviano da Câmara, Adolfo Nonato da Silva e um número pequeno de eleitores, remanescentes do velho partido.
- Convocado o eleitorado para novas eleições à constituinte estadual, feitas estas, foram pelo Congresso eleitos presidente do Estado de Santa Catarina o Tenente Manoel Joaquim Machado, e presidente do Legislativo Estadual o Coronel Eliseu Guilherme da Silva.
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São José é o baluarte federalista.
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- Na capital Desterro, os jornais a Gazeta do Sul e República, romperam em vigorosa oposição aos governos estadual e federal. Francisco Tolentino, diretor da “Gazeta”, salienta-se nessa campanha, de esplêndida cultura literária e jornalística, em editorais memoráveis, dentro da ética, analisa, combate e aponta inconstitucionalidades, dos atos do governo.
O governo revida através do jornal O Estado, em linguagem elevada por Eliseu Guilherme da Silva.
Defrontam-se, assim, na tribuna jornalística, dois ilustres jofesenses, liberais da Monarquia, em defesa dos novos ideais da República.

Em 05 de dezembro de 1891, na Europa, em Paris, França, morre no exílio Dom Pedro II  (conhecido como Sr. Alcântara), o último imperador do Brasil.
Entrou em agonia na noite do dia 04 de dezembro, e faleceu as 00h35min da manhã do dia 05 de dezembro.

- Suas últimas palavras foram:

"Deus que me conceda esses últimos desejos
– paz e prosperidade para o Brasil…"

- Estava tão enfraquecido que não sofreu qualquer tipo de dor.

Imperatriz de jure do Brasil
Pedro II faleceu sem abdicar de sua coroa e sua filha a Princesa Isabel tornou-se a herdeira do trono do Império brasileiro.
Ela beijou solenemente as mãos do pai e em seguida todos os demais presentes.

Após, inclusive dezenas de brasileiros que já se encontravam no local, beijaram a mão da D. Isabel, reconhecendo-a como a Imperatriz de jure do Brasil.

- O Barão de Rio Branco, que estava presente, escreveu mais tarde:
“Os brasileiros presentes, trinta e tantos, foram desfilando um a um, lançando água benta sobre o cadáver e beijando-lhe a mão. Eu fiz o mesmo. Despediam-se do grande morto.”

- O senador gaúcho Gaspar da Silveira Martins chegou logo após o falecimento e, ao ver o corpo do velho amigo, chorou convulsivamente.

- Pedro II foi vestido com o uniforme de Marechal do Exército, representando sua posição como Chefe das Forças Armadas Brasileiras.
Em seu peito foram colocadas as fitas das diversas ordens de que fazia parte e em suas mãos, um crucifixo de prata enviado pelo Papa Leão XIII.
Duas bandeiras brasileiras foram colocadas em suas pernas para cobri-las.
Enquanto preparavam o corpo de Pedro II, o Conde d´Eu encontrou no quarto um pacote lacrado e uma mensagem escrita pelo próprio Imperador:
"É terra de meu país, desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria".

- O pacote que continha terra de várias províncias brasileiras foi colocada dentro do caixão.
Foram utilizados três caixões:

- Um de chumbo forrado de cetim branco com uma tampa de cristal, onde depositaram o corpo,
- E outros dois que revestiram o primeiro: um carvalho envernizado,
- Outro de carvalho recoberto de veludo negro.

- Representantes de outros governos, tanto do continente americano, quanto europeu se fizeram presentes, além de países longínquos como Turquia, China, Japão e Pérsia, que eram impérios, com a exceção do Brasil, que havia feito todos os pedidos pelo governo republicano brasileiro para não se realizar qualquer tipo de funeral oficial ou de apresentar publicamente a Bandeira Imperial foram simplesmente ignorados pelo governo francês.
Para evitar incidentes políticos, o Governo Francês decidiu que o enterro seria oficialmente realizado pelo fato do Imperador ser grão-cruz da Legião de Honra, mas com as pompas devidas a um monarca.

- Os membros do governo republicano brasileiro, "temerosos da grande repercussão que tivera a morte do imperador", negaram a possibilidade de qualquer manifestação oficial.
Contudo, o povo brasileiro não ficou indiferente ao falecimento de Pedro II, a "repercussão no Brasil foi também imensa, apesar dos esforços do governo para abafar. Houve manifestações de pesar em todo o país: comércio fechado, bandeiras a meio pau, toques de finados, tarjas pretas nas roupas, ofícios religiosos".
De acordo com o Doutor João Mendes de Almeida, em artigo escrito em 07 de dezembro de 1891:
"A notícia do passamento de S. M. o Imperador D. Pedro II vem pôr à prova os sentimentos da nação brasileira com a dinastia Imperial. A consternação tem sido geral".
Foram realizadas "missas solenes por todo o país, seguidas de pronunciamentos fúnebres em que se enalteciam D. Pedro II e o regime monárquico", de maneira que a "República se calou diante da força e do impacto das manifestações".

- A polícia foi enviada para impedir manifestações públicas de pesar, "provocando sérios incidentes enquanto o povo se solidarizava com os manifestantes".

- Alguns "membros de clubes republicanos protestaram contra o que chamaram de exagerado sentimentalismo das homenagens, vendo nelas manobras monarquistas” Foram vozes isoladas, posteriormente os republicanos fizeram atos de idolatria a pessoas superiores ao do Império.

Em 1892, em São José, a distribuição de profissões no município, nota-se que atividades comerciais e de profissões liberais tomam grande impulso, devido à abertura do Caminho da Serra, que aumenta a produção, devido aos núcleos teutos.
São engenhos e fábricas instaladas na região de São José:
- 6 Fábricas de açúcar, 11 engenhos de aguardente, 164 engenhos de mandioca, 82 alfonas de moer trigo, 5 cortiços de couro.

Em 1892, em São José, na Praia Comprida, eram eleitores habilitados 51 indivíduos, dos quais 10 tinham origem alemã, 1 sueco (Sandin), 46 tinham atividades ligadas ao comércio, só 5 ligadas à agricultura.

- A burguesia josefense aos poucos conquistou o seu espaço no Estado, chegando a ocupar o primeiro lugar nas atividades econômicas e segundo lugar na política (em poucos momentos a primeira posição). Nesta época o município de São José se estendia até Garopaba ao sul, indo próximo a Lages a oeste, e o rio Serraria ao norte.

Em 1893, entre janeiro e junho, em Blumenau, o Partido Republicano, organizou e desenvolveu forte campanha contra o governo.
Movimento chefiado por Hercílio Luz, que tinha fortes elementos, cognominado “baluarte da legalidade” (em contraposição a São José) onde homens como Paulo Ramos, Santos Lostada, Bonifácio Cunha, Francisco Margarida e Cunha Silveira, coordenavam respeitáveis forças.
Este movimento legalista culminou com a deposição de quase todas as municipalidades e do presidente do Estado.

Em 02 de fevereiro de 1893, em Porto Alegre (RS), uma semana depois da posse do presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Julio de Castilhos, inicia a Revolução Federalista, que vai colocar “Maragatos e Pica-paus”, cara a cara, embora houvesse outros interesses em jogo, a revolução resumiu-se ao choque entre os aliados de Gaspar Silveira Martins que voltara do exílio em 1892, imposto por Deodoro da Fonseca e os partidários de Júlio Prates de Castilhos, uma luta entre o antigo regime monarquista e a nova ordem republicana.
Silveira Martins (Maragato ou Federalista) – ex-senador do Império,“O Tribuno”, alto, corpulento e rico, barba farta e nariz romano, retórica agressiva e oratória inflamada, liberal por convicção e autoritário por feitio, estereótipo do caudilho gaúcho, fama de imbatível, fora por 2º anos o dono da Província
Júlio de Castilhos (Pica-pau ou Legalista) – advogado, moreno, baixo e gago, com o rosto marcado pela varíola, mau orador, mas dona de vontade férrea e de um texto incandescente, positivista convicto – “tinha a capacidade de inspirar o fanatismo em seus seguidores e ódio nos adversários”.
Com o apoio ou omissão do Governo Central Júlio de Castilhos se torna um tirano, só restava à luta.
Rápida, silenciosa e barata, a degola foi à forma favorita de execução dos contrários, que deu o nome de “Revolução da Degola”.
Outras figuras disputaram a luta, ou se está de um lado ou do outro, levando a Revolução quase até o Estado de São Paulo.
A sublevação persistiria por todo o governo de Floriano Peixoto até a posse do novo presidente da República Prudente de Morais.
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Em São José vai começar a Revolução Federalista.
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Na segunda quinzena de julho de 1893, em São José, a Câmara continuava em poder dos Federalistas, os Legalistas enviaram o tenente Carlos Alberto Camisão, que foi destacado para depô-la.

- Numa tarde calma, seguiu por mar com oitenta praças escolhidos do 25º Batalhão de Infantaria, desembarcando na Praia Comprida, nos fundos da residência do Major Marciano Francisco de Souza, um dos poucos josefenses contrários à situação.
O Tenente Carlos A. Camisão, de temperamento belicoso, porém, militar prudente, não afoitou-se a atacar a municipalidade de surpresa, indo ao anoitecer, à paisana, observar de perto o campo onde se feriria projetado ataque. Ai chegando, foi avisado por alguns correligionários que o Coronel João Luiz Ferreira de Melo, superintendente municipal, convocara, cedo, os seus amigos e partidários, expondo-lhes a melindrosa situação em que se achavam.
O Coronel Ferreira Melo, que não ignorava a situação precária de seu partido o P.F., no momento dirigiu-se a seus amigos nestes termos:
- “O meu lugar é aqui! Conheço as minhas responsabilidades. Não sou um inconsciente e não arredarei pé daqui, embora morra ou fique só”.

- Diante dessa resolução, os seus amigos não o abandonaram. Dividiram-se em grupos e escolheram lugares mais próprios para resistirem ao ataque do Tenente Camisão.
Eram eles: - Caetano e Israel Neves, João Batista da Costa, João, José e Francisco de Campos, Ismael Antônio da Rosa, Jalmeno Lopes, Antônio Elesbão Pires, José Ramos Moreira, Jacó Quint, Francisco José da Rosa Junior, João Carlos de Souza Medeiros, Francisco Vicente de Assunção, Alípio Rosa, Francisco e Manuel Justino Leite, João Schneider, Augusto Xavier de Souza Junior, João Augusto Xavier de Souza Medeiros, Joaquim Sebastião Lentz, Bernardo Trupel, Olegário Alves, João Pedro de Espíndola, Macário Bento de Carpes, João Batista d Nascimento, João Vieira Franco, Coronel Francisco José da Rosa e Silveira Fagundes, Artur Ferreira de Melo, Francisco Vieira da Rosa, Nicolau Schmidt, Ernesto Beistoff, Antônio Francisco de Souza, Tomás Silveira de Souza, João Nepomuceno da Silva Ramos, Salustiano da Costa, Joaquim Fagundes, Jacinto José da Rosa, Jacinto Duarte, Maximiliano dos Santos e ainda outros e em grande número de pretos assalariados para a defesa.
Uns fortificaram-se no sobrado ao lado da Câmara Municipal, alojaram-se outros na torre da Igreja Matriz São José, muitos permaneceram na municipalidade e um bom número de defensores localizou-se no morro do Bom Fim, que ficava como os demais pontos guarnecidos, a cavaleiro da praça.

- Observando o Tenente Carlos Alberto Camisão que seria imprudência expor a sua tropa num ataque em campo raso, ao passo que os atacados ficariam a coberto de seus tiros, retrocedeu, pedindo aos amigos que fosse avisado dessa resolução o coronel Bernardino Machado, que à noite viria da Freguesia de Palhoça com reforços fazer assédio, por mar.

- Os Federalistas, tendo conhecimento de que os Legalistas de Palhoça cooperariam com o Tenente Carlos A. Camisão, imediatamente mandaram guarnecer a ponte de Maruim por um forte contingente, obstando, assim, a sua passagem.

- Retirando o destacamento militar e não tendo ciência do que ocorrera, à noite, em embarcações, a vela e a remos, os homens de Palhoça comandados pelo Coronel Bernardino Machado, aproximaram-se do trapiche municipal para efetuar o desembarque, sendo surpreendidos, porém, por uma saraivada de pedras pelos Federalistas de terra, que gritavam:
- “Morram os Lambistas!”, alcunha que os federalistas deram aos adversários, partidários do Dr. Lauro Müller.
Os Legalistas nas embarcações já a resguardo das pedradas, retrucavam de longe, enfurecidos:
- “Abaixo aos Maragatos!”, antonomásia dos federalistas, importada dos Pampas Gaúchos.

Em agosto de 1893, em São José, estoura a notícia da Revolução Federalista no Rio Grande do Sul.
Em São José reúnem-se logo os marechais do Partido Federalista para receber os emissários da revolução sul-riograndense.
Em pacto secreto, aderem os federalistas aguardando os acontecimentos que se desenrolariam no Rio de Janeiro.
Revolta-se a esquadra na Baia da Guanabara contra o governo do presidente da República Floriano Peixoto.
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São José é bombardeado pelo mar.
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Em 27 de setembro de 1893, em São José, o cruzador “República”, uma das melhores unidades da esquadra brasileira, fundeia na baia josefense e, com poucos tiros domina as precárias fortificações da cidade.
O cruzador vinha sob o comando do Capitão de corveta João dos Santos Lara e trazia a bordo o capitão de mar e guerra Frederico Guilherme de Lorena.

- No Desterro (atual Florianópolis), capital do Estado de Santa Catarina é instalado o governo provisório da nova República do Brasil, o Capitão de mar e guerra Frederico Guilherme de Lorena, foi empossado Chefe do Governo Provisório.
- Foi baixado o decreto de convocação da Guarda Nacional.

- Imediatamente, uma comissão de Federalistas dirigiu-se à capital, tentando audiência com o novo Chefe do Governo Provisório, que não os recebe, julgando tratar-se de um grupo de espiões.

- Coube a São José parte saliente nesse agrupamento de forças, três mil e quinhentos homens formaram na Praça Municipal nos primeiros dias de convocação e deles foram considerados válidos mil e oitocentos.
Organizados os corpos, foram nomeados comandantes do 1º Batalhão o Coronel João Luiz Ferreira de Melo e do 2º Batalhão o Coronel Israel Xavier Neves e oficiais imediatos, Jacinto Duarte, João Vicente Vaz, Bernardo Trupel, Francisco Adão Schmidt, Joaquim Sebastião Lentz e outros.
Para instruir a tropa o governo revolucionário nomeou oficiais do exército.

- No primeiro dia da convocação, o Chefe do Governo Provisório, Frederico de Lorena, cercado do mundo oficial, inaugurou solenemente a Estação Telegráfica de São José, após o capitão de mar e guerra Frederico de Lorena passou em revista as tropas formadas na Praça Municipal.
À noite realizou-se no Paço Municipal uma grande recepção, finalizando as festas com um baile de gala.

- Dos batalhões foram destacados companhias para guarnecer pontos afastados, a fim de evitar surpresas dos “Pica-paus ou Legalistas”, como eram chamados nas falanges revolucionárias os soldados comandados pelos generais Artur Costa, Lima e Silva, Pinheiro Machado e Coronel Firmino Lopes Rego. Este fazia a vanguarda da coluna Artur Costa, que operava no sul do Estado.

Nota:

- Diziam à boca pequena que, fazendo sortidas altas horas da noite, vinha ele confabular na Freguesia de Palhoça com seu amigo e concunhado Jacinto José da Luz, para comunicar aos amigos, as vantagens obtidas pelo Marechal Floriano Peixoto nesta luta fratricida. 

- As hostes revolucionárias puseram-se no encalço dos “corta-cabeças”, designação dada ao Coronel Firmino Lopes Rego, sendo sua cabeça posta a prêmio, houve até quem a visse espetada num pau na Estrada da Enseada do Brito.

- Em Santa Catarina os revoltosos e seus simpatizantes são perseguidos e, derrotados, mortos e fuzilados.
Na Ilha de Santa Catarina onde ficou a sede do governo provisório da Revolução Federalista/Armada, após a derrota muitos foram fuzilados na Fortaleza do Anhatomirim.

- A capital Desterro passa a chamar-se Florianópolis (Cidade de Floriano) em homenagem ao “marechal de ferro” Floriano Peixoto, presidente da República.


Floriano Peixoto
Alagoano, nascido em 30 de abril de 1839, quinto filho de Manuel Vieira de Araújo Peixoto e Ana Joaquina, família muito pobre, foi criado pelo irmão do pai, o Coronel José Vieira de Araújo Peixoto, que tentou se esquivar da responsabilidade, Foi criado na mansão do Engenho do Riacho Grande, em Alagoas e estudou em Maceió. Menino educado pelo tio autoritário e corajoso.
Em 1861, no Rio de Janeiro, foi para Escola Militar, tinha uma habilidade, desenhava muito bem, também era ágil, forte, corajoso e muito astuto.
Promoveu-se rápido, sendo herói da Guerra do Paraguai.
Em seu semblante era impossível saber o que pensava, conforme o Barão de Lucena.
O segundo presidente da República, que assumiu na renúncia de Deodoro onde já era vice, muitos militares não concordaram, queriam nova eleição, com o protesto houve a Revolta da Armada. Enquanto Saldanha da Gama tinha assumido o comando das forças rebeldes na baia da Guanabara Custódio de Melo descera com parte da esquadra para Santa Catarina, unindo-se aos federalistas, que já dominavam todo o Sul até o Paraná. Desterro, a capital catarinense, tinha sido transformada pelos Maragatos em sede do governo provisório da República.
Os revoltosos começam a cair na reação legalista até chegar aos fuzilados no Anhatomirim.
Para fazer respeitar a Constituição usou a força ao extremo, ajudando a depor 19 governadores, reformou 11 generais e passou 2 para 2ª classe e rompeu relação diplomáticas com Portugal. Para enfrentar a luta interna criou diversos batalhões patrióticos,
Ao ser substituído por Prudente de Morais, onde não compareceu para dar posse, o Marechal recolheu-se a sua fazenda em Barra Mansa, onde cultivava rosas, e faleceu em 29 de junho de 1896.

Em 1894, em São José, pelo Decreto nº 40 é criado o Distrito de Angelina que é desmembrado de São Pedro de Alcântara e subordinado ao município de São José.

Em 24 de abril de 1894, em São José, pelo Decreto nº 184 do presidente da Província Moreira César o Distrito de Palhoça é elevado a Município de Palhoça, desmembrado de São José, com as terras ao sul do rio Maruim, quase 2/3 das terras de São José.

- Como punição pela Revolução Federalista (1893), São José perde os distritos de Palhoça, Santa Amaro, Enseada de Brito, Garopaba e Águas Mornas, para o novo município.

- A República foi mortal para o progresso de São José e iniciou-se um período de estagnação e mesmo de retrocesso. Os principais líderes josefenses, adeptos da Monarquia, foram relegados ao segundo plano pelos novos donos do poder, e punidos.

Em 15 de novembro de 1894, no Brasil, Rio de Janeiro, é eleito o primeiro presidente civil pelo voto direto, o paulista Prudente José de Morais Barros (15.11.1894-15.11.1998), considerado o “Pacificador da República”, Partido Republicano Federal - PRF, vice Manuel Vitorino.

Em 1894, em São José, sob a direção do mestre Felipe Rosa e custeado por elementos do Partido Republicano local, fundou-se a banda musical “Recreio Josefense”.
Na mesma época, foi reorganizada pelo Partido Federalista a banda “União Artística”, sob a regência de Venâncio Antônio da Costa.

- Mais tarde com a retirada de Felipe Rosa foi criada a banda “Adolpho Mello”, que teve a regê-la o maestro Olimpio Rego, músico do Conservatório, que deu notável impulso à nova sociedade.

- Dissolvida tempos depois a “União Artística”, os seus melhores componentes agregaram-se à banda “Adolpho Mello”.

Em 02 de março de 1895, na Europa, Portugal, no Arquipélago dos Açores, tem inicio o processo de conquista da autonomia, por parte dos açorianos, com a divisão do arquipélago em 3 “Distritos Administrativos”, com sedes em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.

Em 1898, em São José, a imprensa local teve seu marco inicial com a “Pena”, pequeno jornal manuscrito, onde João Otaviano Ramos, com pouca idade, modesto e tímido era ao mesmo tempo diretor, redator e gerente. Jornal feito exclusivamente à pena com artigo de fundo, noticiário e anúncios, não escapou, todavia, às forças caudinas da crítica, havendo quem lhe apontasse gafes. Mesmo assim Otaviano Ramos colaborou com o jornalismo josefense.

- Mais tarde São José teve outros jornais, o “Astro”, impresso em tipografia própria, sob direção de Francisco de Paula e Souza.
Houve também a “Luz”, sob direção do coronel Napoleão Poeta e finalmente o “Josefense” por Antônio Epitácio dos Santos.

Em 23 de agosto de 1895, no sul do Brasil, termina a Revolução Federalista, iniciada em janeiro pela mediação do novo presidente da República Prudente de Morais, a Ata de Pacificação entre o caudilho Joca Tavares e o general Inocêncio Queiroz, com dez mil homens mortos pelos campos do interior, a chamada “Revolução da Degola”; assim os Legalistas voltaram ao poder com mais força.

- Vencida a Revolução pelos “Legalistas ou Pica-paus”, serenamente apaziguados os ânimos. Muitos revolucionários, os menos culpados, não se afastaram da terra e se deixaram prender; outros temendo, com razão, a sanha governista, afastaram-se para longe, ocultando-se uns e emigrando outros, passando privações e vivendo em sobressaltos.
Quando o governo federal concedeu-lhes anistia ampla, raiou uma nova era de felicidade para os rebeldes “Federalistas ou Maragatos”.

Em São José, o Partido Federalista – P.F. facilmente organizou-se, de modo que, politicamente, continuou a preocupar o governo estadual e federal. O P.F. sempre em minoria, para dominar o adversário nas urnas, teve de valer-se de recursos vários, já o P.R.C. para remover obstáculos sérios transferia as mesas eleitorais de um para outro lugar, dificultando o acesso dos contrários.
Por isso, o Partido Federalista, com suas falanges completas nunca pode vencer uma eleição.

- No Rio de Janeiro, capital federal, chefes Federalistas geram através do entendimento com Lauro Müller, o chefe supremo do PRC – Partido Republicano Catarinense.
Coube a um ilustre josefense, Eliseu Guilherme da Silva, aliado a Abdon Batista, a maior parcela neste grande feito – a fusão dos dois partidos conflitantes – muito embora sofressem ambos pesados ápodos dos antigos correligionários, que nunca lhes perdoaram o que consideravam uma traição e que até hoje, se tem conservado fiéis a idéia e aos postulados federalistas.
Lauro Müller, após a assinatura do acordo, percorreu o Estado de Santa Catarina, reconciliando os adversários de ontem e procurando fazer desaparecer velhos ressentimentos, enchendo dessa forma, a alma catarinense de júbilo.

- Lauro Müller pertence à galeria dos grandes homens, ocupando entre eles lugar saliente. A só reconciliação desses adversários intransigentes em matéria política, que vinham terçando armas desde os primeiros tempos da República, bastaria para glorificá-lo.

- A cidade de São José, recebeu Lauro Müller com homenagens e festas excepcionais. Os braços fraternais de “Lambistas” “Maragatos” multiplicaram-se, eliminando intrigas e arrefecendo paixões, tem fim os resquícios da Revolução Federalista em Santa Catarina.

Em 1899, em São José, é criado o Distrito do Estreito, junto à baia (atualmente o Estreito pertence a Florianópolis).

Em 1899, em São José, amadores da arte Tália fundaram a Sociedade Dramática “Vinte e Um de Agosto”.
Do corpo cênico faziam parte Crisanto Medeiros, João Gualberto da Silva (que já participava de outro grupo até 1889), Ernesto Pires, Álvaro Tolentino, João de Oliveira Barbosa, Adolfo Silva, Murilo e Carlos do Nascimento Ramos, Inácio Carpes, Eugênio Fagundes de Morais, Alipio Rosa, Antônio Olavo da Silva, Antônio Ernesto Alves, Antônio Libório Lentz e as senhoras Jesuína e Pompília Silva.
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Século XX
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1900
República dos Estados Unidos do Brasil

Em 26 de outubro de 1900, em São José, são comemorados os150 anos  de fundação da freguesia em Terra Firme.

Em 1904, em São José, é fundado o Grêmio Literário Cruz e Souza, por iniciativa de João Otaviano Ramos, João de Oliveira Barbosa, Adolfo Silva, Antônio Domingues, Murilo Ramos e outros moços, amantes da boa leitura. Foi alugada uma sala, móveis e objetos para organização do grêmio, em pouco tempo estavam com as estantes cheias de livros e as mesas repletas de jornais e revistas, vindas de todos os estados do Brasil. As reuniões eram contínuas, mas, com a saída de alguns de seus prestigiosos membros para fora do município, o grêmio se desfez e sua biblioteca repartida.
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Em 1920, em São José, foi urbanizado o Jardim Carlos Napoleão Poeta, revestido em “petit pavê”, antigo posto onde cruzaram Suas Majestades Imperiais D. Pedro II e D. Teresa Cristina (as palmeiras existentes no jardim foram plantadas em 1903).

Em 1922, em São José, pela Lei Municipal nº 28 é criado o Distrito de Garcia, desmembrado de Angelina, subordinado ao município de São José.

Em 1926, em Florianópolis, com a construção da Ponte Hercílio Luz ligando a Ilha de Santa Catarina e sua capital Florianópolis ao continente e a cidade de São José junto ao Estreito (nesta época o Estreito continental pertencia a São José),
Com a construção o Estreito, ainda sob jurisdição de São José, integrou-se prontamente à malha urbana de Florianópolis. Suas ruas principais eram parte dos caminhos que ligavam Biguaçu e São José atravessando o Canto, Barreiros, Campinas e Capoeiras, e também através de Coqueiros, no final doa anos 1950.

- Foi um grande acontecimento, mas transformou a economia de São José que entrou em um período de estagnação, dependente da capital Florianópolis para sobreviver.
São José não havia acumulado capital suficiente para se industrializar; a perda da maior parte de seu território pelas sucessivas emancipações ou imposições políticas, as mudanças dos pólos da economia catarinense, vão dando a São José a configuração de “cidade-dormitório”.
Com o desenvolvimento de Florianópolis, aumentaram os problemas sociais e de infra-estrutura de São José, com o início da migração de populações de baixa-renda e redução comercial e de receita.

Em 1926, em São José, os componentes da banda “Adolpho Mello” foram incorporados ao Tiro de Guerra 410.
Com a saída do maestro Olímpio Rego, foi substituído por Alípio Rosa, apreciável músico josefense.

- A Banda Adolpho Mello, enfraquecida, pouco a pouco, com a retirada de muitos músicos, faz surgir de seus remanescentes a “União Josefense”, que é mantida atualmente por amor a arte.

Em 1928, em São José, é extinta a figura do Superintendente Municipal, surgindo o “Prefeito” como chefe do Poder Executivo Municipal.
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Em 26 de julho de 1930, no Brasil, em Recife (PE), o presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa (que foi candidato a vice com Getúlio Vargas na chapa derrotada para Presidência da República) é morto por um membro da Família Dantas, rival político, foi uma comoção nacional, dizia-se:
“O Cadáver da Nação”

- Este foi o estopim para a Revolução de 1930.
De Porto Alegre o Rio Grande do Sul estava maduro para exportar para o resto do país seu modelo político baseado no “caudilhismo” de influência Artiguista e Positivista, a fórmula duraria por 25 anos.
Os gaúchos eram os menos dependentes do sistema econômico internacional, portanto, os menos arruinados com a “crack” (quebra) da Bolsa de Nova York (EUA), em 1929.
Dos seis estados economicamente mais desenvolvidos no Brasil, o Rio Grande do Sul era o único que não dependia fundamentalmente dos mercados internacionais (uma vez que vendia charque e arroz para o mercado brasileiro) e as indústrias instaladas, principalmente em Porto Alegre, abasteciam seu próprio mercado.
Mesmo tardando alguns meses a crise chegou ao Sul, os bancos gaúchos, como no Brasil, começaram a fechar. Em breve as atividades agrícolas e pastoris sentiram o arrocho da liquidação das hipotecas.
A depressão fortalece os favoráveis a candidatura de Getúlio Vargas, se fracassasse, seria a revolta armada contra o governo.

Em 1930, em São José, a Revolução de 1930 que vem avançando de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, as tropas do presidente do Estado Getúlio Vargas chegam, fazendo a debandada dos contrários e do povo que não sabia o que acontecia direito.

Em 24 de outubro de 1930, no Brasil, os revolucionários do Sul e do Norte ocuparam vários Estados, quando os revoltosos do Sul se preparavam para invadir São Paulo, a fim de alcançar o Rio de Janeiro, um grupo de militares, para evitar maiores conflitos, resolveu depor o presidente da República Washington Luis (três semanas antes do término de seu mandato), o presidente não queria renunciar, preferia a morte, mas o arcebispo D. Leme, o convence.
A idéia dos revoltosos era não deixar Júlio Prestes, candidato vitorioso assumir a presidência.

- Foi tudo muito rápido. Vinte dias depois, os Gaúchos festejam a vitória da Aliança Liberal, no Rio de Janeiro, Capital Federal.

Em 30 de outubro de 1930, no Brasil, Rio de Janeiro, chega à capital federal Getúlio Vargas que vestia uniforme militar, lenço vermelho no pescoço e um chapéu de gaúcho de aba larga, não escondia a tradição como fazia questão de honrar. Mesmo vindo de trem de Porto Alegre, Getúlio Vargas entra na capital Federal a cavalo, sendo recebido pela população.
Muitos dos aliados milicianos chamados “corpos provisórios” seguiram do Sul a cavalo e também entraram no Rio de Janeiro, cavalgaram pelas ruas da capital federal com um misto de desprezo e admiração pelo esplendor urbano.

Em 1930, em São José, com a Revolução 30, o Poder Legislativo é reduzido à função de Conselho Consultivo.

Em 12 de novembro de 1931, em São José, pela Lei 1.149, foram nomeados os conselheiros consultivos para o município.

Em 04 de dezembro de 1931, em São José foi instalado o Conselho Consultivo, com a composição: - Carlos Napoleão Poeta, Antônio Augusto Lehmkhul, Hildebrando Dinarte Vaz.

Em 13 de abril de 1939, em São José é instalada a Câmara de Vereadores, com o fim do Conselho Consultivo.

Em 30 de abril de 1936, em São José, os eleitos para vereadores tomam posse, em grande festa.

Em 1939, em São José, é criado o Distrito de João Pessoa (nome em homenagem ao presidente do Estado da Paraíba assassinado em 1930), desmembrado do Distrito do Estreito.
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Em 1940, em São José, no Distrito de João Pessoa, no Estreito, todas as ruas ainda se encontravam sem calçamento.

Em 1941, em São José, existiam 29 Oleiros (que manipulam o barro) conhecidos, com grande produção e comercialização, esta década foi conhecida como período áureo da atividade oleira no século XX em São José.

Em 1942, em São José, é construído o Hospital Psiquiátrico Colônia Santana, na localidade de Colônia Sant’Ana, o hospital chegou a tratar 1.600 pessoas internadas.

Em 1944, em São José, a cidade sofre um novo golpe perdendo a rica região do Distrito de João Pessoa onde se localizava a principal área comercial do Município de São José e os abatedouros de gado da região, passam a pertencer à capital Florianópolis, estas terras que hoje constituem a parte Continental da capital, em 1949 o Distrito de João Pessoa volta a ser chamado novamente de Estreito.
O Município de São José por compensação ganhou do Estado às distantes terras do Distrito do Bom Retiro. Depois do desmembramento do Município de Palhoça no século XIX este foi o pior acontecimento, que abalou a economia de São José.

Entre 1939 e 1945, na Europa, Ásia e Norte da África, ocorreu a Segunda Guerra Mundial, entre Alemanha-Itália-Japão, contra o Ocidente e Oriente.

Em 22 de agosto de 1942, no Brasil, os presidentes Getúlio Vargas do Brasil e Franklin Roosevelt (EUA), após negociações, onde em troca da instalação da base militar em Natal (RN) os EUA emprestaram U$ 20 milhões, para construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, que já estava em tratativas anteriores para a instalação com os alemães.
O Brasil Declara Guerra  contra o IIIº Reich Alemão e a Itália.

 - Com a declaração de guerra, o governo do Presidente Getulio Vargas proibiu que se falasse em italiano, alemão e japonês, muitas pessoas não saiam de suas propriedades, pois mal falavam o português, e tinham medo de serem detidas ou agredidas.
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O Primeiro Bi-Centenário de São José (1750-1950).
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Em 26 de outubro de 1950, em São José da Terra Firme, a população josefense comemora seus 200 anos  de fundação, com grande festa e eventos.

Em 1955, em São José, começou a ser loteado o bairro Campinas (antigo posto de gado) ao lado da praia, até aquela época só existiam duas casas, uma onde é atualmente o Posto Matias, de madeira, do “seu” Joca, homem encarregado de levar as tropas de gado ao matadouro oficial no Estreito e outra pertencente a José Di Bernardi, proprietário da maior parte da área do bairro.
Os primeiros lotes foram vendidos a família Matias e a família dos irmãos Vieira. Estes também processaram a venda de lotes.

Em 22 de maio de 1959, em São José, pela Lei nº 404 é criado o Distrito de Barreiros, desmembrado do Distrito de São José (Sede), procurando se refazer da estagnação econômica que se encontra.
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A partir de 1960, em São José, inicia as migrações de populações oriundas das cidades da Grande Florianópolis: - Alfredo Wagner, Bom Retiro, Águas Mornas, Garopaba, Paulo Lopes, Enseada de Brito, Governador Celso Ramos, Tijucas que vinham em busca de empregos e ou, por terem vendido suas propriedades para a especulação imobiliária ou tentavam uma nova atividade mais próximo a capital e ao mercado consumidor.
Esta primeira leva ocupou os distritos do Estreito, Barreiros e Campinas.

Em 07 de dezembro de 1961, em São José, representou um novo golpe territorial e administrativo para a municipalidade josefense, é criado o Município de Angelina, com o desmembramento dos distritos de Angelina e Garcia.

Em 31 de maio de 1966, em São José, pela Lei nº 577, votada na Câmara por unanimidade, criando a primeira Escola Profissional Feminina de São José, promessa de campanha cumprida pelo exmo. Prefeito Cândido Amaro Damásio (o Candinho).
Durante a campanha para prefeitura o então candidato Candinho, em conversa com a Sra. Édia Pires que fazia trabalhos manuais em sua residência, surgiu idéia de criar uma escola para repassar as senhoras, donas de casas e jovens para aprender um ofício e dele tirar um proveito financeiro.
Os primeiros cursos oferecidos: - Corte e Costura, Bordado à Máquina, Bordado a Mão, Flores, Artes Aplicadas, Pintura, Pirogravura, Tricô e Cochê.
Até 1982, foram vários locais até a construção da primeira sede definitiva.
As Escolas Profissionais são Modelo a ser seguido, pelo seu sucesso.
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A partir de 1970, em São José, houve um maior volume de investimentos por parte dos governos Federal e Estadual na capital, o desenvolvimento começa a deslanchar a passos largos, a primeira indústria a se instalar foi a Fábrica de Rendas e Bordados Hoepcke.

- Com a construção do Distrito Industrial, junto à rodovia BR 101, houve uma explosão de indústrias instaladas.

- Seja em decorrência das migrações, seja pelo êxodo rural, pelos custos de moradia na capital Florianópolis, São José retoma o seu crescimento econômico estagnado por mais de 30 anos.

- Junto com o desenvolvimento veio uma descontrolada urbanização de São José, que apresenta graves distorções no uso dos recursos naturais e paisagísticos, que levaram a extinção de espécies animais e vegetais nativos, com uma enorme devastação do meio ambiente.

Em 1975, em São José, os empresários Koerich, Brasil Pinho, e Cassol (formação do nome “Ko-bra-sol”), formaram a Kobrasol Empreendimentos S.A., com a finalidade de lotear parte do Distrito de Campinas, incluindo a sede do Aeroclube de Santa Catarina, exceto a pista de pouso e decolagens.
Grande parte da área se constituía de mata e banhado por todos os lados, exceto a pista de pouso, a finalidade era construir casas residenciais e prédios até dois pisos.

Em 1976, na Europa, Portugal, no Arquipélago dos Açores, é criado a Região Autônoma dos Açores, com a aprovação pela Assembléia Nacional Portuguesa do Estatuto Político da Região.
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São José é cidade dormitório.
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A partir de 1980, em São José, com a crise no campo e a propaganda da possibilidade de emprego e das belezas da região, vieram os serranos, tanto da região de Lages quanto do meio oeste catarinense.
Simultaneamente uma avalanche; de gaúchos, paranaenses e nordestinos migraram para a cidade. Essa segunda leva se localizou em Forquilhinhas, Kobrasol, Bela Vista e tantos outros loteamentos em bairros de origem recente.

Em 15 de dezembro de 1981, em São José, pela Lei nº 6.023 é criado o Distrito de Campinas, desmembrado do Distrito Sede (Centro Histórico), pois a urbanização do município era acentuada, exigindo a re-divisão do distrito.

Em 1982, em São José, é inaugurada a sede própria da Escola Profissional Feminina, junto ao Centro Histórico, pelo prefeito Cândido Amaro Damásio, na direção da escola desde 1976, estava à senhora Edite Schmidt de Souza.

Em 17 de abril de 1985, em São José, para efeito de divisão e ocupação do espaço urbano em diversas áreas, foi formulado o Plano Diretor do Município de São José, com os objetivos, as diretrizes e as estratégias que foram estabelecidos pela:


- Lei nº 1.605: - dispõe sobre o zoneamento de uso e ocupação do território do município de São José
- Lei nº 1.606: - dispõe sobre parcelamento do solo urbano e dá outras providências e finalidades de uso.
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O período de ouro inicia em São José, rumo ao século XXI.
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Na década de 1990, em São José, o setor primário, detém pequenas propriedades de economia familiar. Mesmo as terras não tendo grande fertilidade, o município tem apresentando bom desempenho no plantio de arroz de sequeiro, mandioca, milho, cítricos e sorgo sacarino.

No período 1980/90, em São José, houve um considerável incremento do parque industrial e de pessoas ocupadas. São José possui o 5º Parque Industrial de Santa Catarina.

Em 1993, em São José, com o aumento da população, sentiu-se a necessidade de mais uma unidade no bairro Areias em Barreiros, foi criada na administração do prefeito Gervásio Silva uma extensão da Escola Profissional Feminina da Sede em espaço cedido pelo MIFA – Movimento de Integração Familiar que era administrada pela senhora Nilza Maria da Silva, representante da diretora Euzebina Ana Silveira Porto.

Em 1994, este cronista chega a São José, no bairro Ipiranga em Barreiros.

Em 1995, em São José, uma nova crise territorial, a grande urbanização do Distrito de Barreiros, e a carência de serviços básicos por parte da administração municipal (Sede), levaram à organização de um Movimento Pró Criação do Município de Barreiros, mas a proposta foi rejeitada, o (NÃO) venceu pela população no plebiscito realizado.

Em 23 de outubro de 1995, em São José, pela Lei nº 15.292 é criado o Município de São Pedro de Alcântara, desmembrado do município de São José, através de plebiscito o SIM sai vencedor, e São José perde sua última grande área territorial.

Em 1997, em São José, inicia o Projeto Tapete Preto, para asfaltamento das vias e ruas de São José que em grande parte estavam sem nenhum calçamento.

Em 28 de agosto de 1997, em São José, pela Lei nº 3.048 foi criado a Fundação do Meio Ambiente do Município de São José.

Em 1998, em São José, foram comemorados os 248 Anos (1750-1998) de fundação da freguesia de São José da Terra Firme, na administração do grande prefeito Dario Berger.
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Século XXI
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2000
São José
Cidade do Século XXI
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São José da Terra Firme chega aos 250 anos em grande estilo
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Em 26 de outubro de 2000, em São José da Terra Firme foi comemorado os 250 Anos (1750-2000) de fundação desta pujante cidade, que possui comunidade com caráter, perfil e história própria e sua ligação com as tradições e o mar.

Em 2002, Santa Catarina, é o estado brasileiro com o maior número de municípios (17) entre os 50 primeiros em IDH, coordenado pelas Nações Unidas.

- São José é 11º colocado em SC e 35º no Brasil.

Em 19 de janeiro de 2002, na Europa, em Portugal, no Arquipélago dos Açores, no Paço do Concelho da Praia da Vitória, assinaram Protocolo de Cidades Irmãs, - São José-SC, Brasil e Praia da Vitória, nos Açores, Portugal - marcando o início de parceria entre açorianos e seus descendentes.
Foram signatários, o prefeito de São José da Terra Firme José Dário Elias Berger e o presidente da Câmara da Praia da Vitória José Fernandes Diniz.
Foram localizados, 36 troncos familiares, e 65 pessoas das que fundaram São José, no século XVIII, originários da Praia da Vitória.

Entre 22 e 24 de novembro de 2002, em São José, com a participação da comissão da cidade de San Carlos na AÇOR-FEST (Festa da Cultura de Base Açoriana de São José), marcou o início da parceria para estreitar laços de amizade entre os descendentes açorianos de San Carlos no Uruguai e São José no Brasil e com o próprio Arquipélago dos Açores.

Em 12 de julho de 2003, em Florianópolis, o município de São José foi credenciado junto ao Conselho Estadual de Educação e recebeu autorização para oferecer os cursos de Administração, Ciências Contábeis e Pedagogia, dando início a USJ.


Em 27 de novembro de 2004, aconteceu a inauguração da Estátua de São José, na Avenida litorânea Beira Mar.
Finalmente a Prefeitura conseguiu inaugurá-la, mesmo abaixo de muita chuva.
Com missa celebrada por três padres, o prefeito Vanildo Macedo conseguiu inaugurar a estátua do padroeiro do município.
A cerimônia contou com a presença de vereadores, secretários, da banda Sociedade Musical União Josefense, do vice-prefeito eleito, Valdemar Schmidt, e mais de 200 pessoas da comunidade.
Todos concordaram que a imagem está ocupando um lugar de destaque, que pode até se tornar um local de peregrinação, além de poder ser admirada por muita gente que passa ou utiliza a Avenida.
A estátua de São Jose:
Obra: Osvaldo Zanini,
Altura: 12 metros,
Material: Feita de ferro com amianto e concreto.
Pedestal da obra: tem quatro metros de altura e de diâmetro, e a imagem oito, totalizando os 12 metros.
O santo padroeiro do município está com o menino Jesus no colo, e segundo os fiéis, irá abençoar a cidade.
Nota:
A imagem foi projetada para ser colocada no trevo de acesso à cidade, próximo ao Shopping Itaguaçu, na BR 101, chegou a ser jardinado e feito um pedestal, mas o Denit – Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transportes, baseado no Código de Trânsito Brasileiro, não permitiu sua inauguração.

Em 06 de dezembro de 2004, em São José, é criado por Lei Complementar nº 014 a Secretaria Extraordinária de Legalização Urbana, com o objetivo de promover a qualidade de vida e auxiliar no planejamento urbano, visando o crescimento sustentado. Organizado e legalizado.
Em 1º de janeiro de 2005, em São José, foi criado a Secretaria dos Transportes, na administração Fernando Elias, para proporcionar e fiscalizar um meio de transporte acessível e com qualidade.

Em 07 de janeiro de 2005, em São José, o lixão de Forquilhas foi interditado, por ser uma ameaça a saúde pública, degradação do meio-ambiente e proliferação de urubus.

Em janeiro de 2005, em São José, é criada a Secretaria Municipal da Agricultura, Pesca e Abastecimento.

Em 18 de março de 2005, em São José, é inaugurado o Centro Municipal de Educação Ambiental Escola do Mar, com o objetivo de trabalhar a Educação Ambiental como ferramenta de sensibilização, junto ao mar no bairro Serraria, com moderno projeto arquitetônico com laboratórios, auditório, trapiche, barco-escola e rancho do pescador, direcionado a educação das crianças josefenses.

Em 2005, em São José, é formado o Coral Novo Amanhecer, formado por 130 cantores, alunos dos três maiores Centros Educacionais de São José - CEM: - Barreirão, Forquilhão e Melão.

Em 26 de abril de 2005, em São José, pela Lei nº 4.279 é criado o Centro Universitário Municipal de São José, a primeira universidade municipal, pública e gratuita do Brasil, com sede no Centro Federal Tecnológico – CEFET.
A USJ atende 800 alunos de graduação. Oferece cursos: - Administração, Ciências Contábeis, Pedagogia, Ciências da religião, Curso Técnico em Meio Ambiente, Especialização em Orientação Parapsicológica Social e Institucional, Especialização em Orientação Parapsicológica Pessoal.

Em 27 de setembro de 2005, em São José é implantado o Centro de Atenção a Terceira Idade – CATI, Moacyr Iguatemy da Silveira, com 23 mil m2, na Avenida Beira Mar, para idosos com mais de 60 anos, participam de atividades de lazer, diversão, confraternização, orientação pedagógica, curso de italiano, musicoterapia, grupos terapêuticos, tai chi, ioga, assistência social, cuidados com a saúde e outros programas. Coordenado pela Secretaria Municipal de Ação Social, o CATI pode atender até 4 mil idosos por mês, além da sede, conta com 3 ônibus de passeio.

Em 2005/06, em São José, inicia a implantação da Etapa I da radial Avenida das Torres, ligando o bairro Kobrasol ao bairro Areias, via paralela à rodovia BR 101, a maior obra de infra- estrutura viária de São José.

Em 19 de março de 2006, em São José, é inaugurado um grande sonho de São José, o Centro Multiuso - Centro de Eventos de São José, com grande inauguração e eventos para a população josefense, como:
18/03 – O cantor Daniel,
19/03 – A cantora Wanessa Camargo,
             O cantor Sergio Reis e filhos.

- Obra em parceria com o Governo do Estado com contra partida da Prefeitura de São José. Esta obra colocou São José no cenário dos grandes eventos. Localizado junto à nova Avenida Beira Mar ao lado da estátua de São José.

- Com área de 11.567,16m2,
- Grande Arena para 4.600 pessoas sentadas
- Ginásio para 3.600 pessoas,
- Teatro para 800 espectadores,
- Quadra poli-esportiva para 2.500 pessoas
- Estacionamento com 600 vagas

Em 06 de dezembro de 2006, em São José é inaugurada a exposição – Pintando a Cultura Açoriana de São José da Terra Firme, com a mostra de pinturas de óleo sobre tela, com os temas e autores do município a seguir:

A Rendeira: por Aldaléia Fortkamp,
São José: por Andréia Rodrigues,
Monumento ao Imigrante: por Beth Yokiko Flores,
Ostras: por Débora W. Koirich,
Catadoras de Berbigão: por Elaine Henrique,
Bica da Carioca: por Erli Bremer,
A Procissão: por Ezilda Coelho,
Brasil Colônia: por Iara Bauer *,
Escola de Oleiros: por Inácio Dorvantil Nunes Rodrigues,
Símbolos da Festa do Divino Espírito Santo: por Irene Campos Pinho,
Lembranças: por Iris Terezinha Drumm de Espindola,
O Boi-de-Mamão: por Leneci Lena Maria Flores Nunes,
Do Trabalho à Cultura: por Sandra Regina Machado.

*Em destaque: - A mãe deste cronista

Em 2006, em São José, foram comemorados os 40 anos  da instalação da Escola Profissional Feminina - EPF, que conta atualmente com 6 Escolas, subordinadas a Secretaria Municipal de Educação, que oferecem a mais de 670 alunas, distribuídas em 17 cursos:

1ª Escola Prefeito Cândido Amaro Damásio (Sede),
2ª Escola Profissional de Barreiros,
3ª Escola Profissional de Campinas,
4ª Escola Profissional Fazenda Santo Antônio,
5ª Escola Profissional da Bela Vista,
6ª Escola Profissional Forquilhinhas.

Em 2007, em São José, pelo reconhecimento a Escola do Mar recebeu o Prêmio Biosfera e o troféu Fritz Müller, maior prêmio ambiental de Santa Catarina, concedido pela FATMA.

Em 2007, em São José, a cidade conta com:
21 unidades de ensino fundamental,
06 escolas profissionais,
02 escolas ambientais,
Escola de Oleiros,
18 Centros de Saúde,
01 Policlínica Municipal (Campinas),
01 Laboratório de Análise Clínicas (Forquilhinhas),
240 Agentes Comunitários de Saúde.

Em 2007, em Santa Catarina, Joinville, quatro alunos da Rede Municipal de Ensino, participam da Escola de Teatro Bolshoi no Brasil:
- Evandro Augusto Bossle Jr., Kamila Cristina de Abreu, Jéssica Moratelli, André Tiago Grzybovsky, escolhidos em seletiva nacional.
As bolsas de estudos de 8 anos são custeadas pela Prefeitura Municipal de São José.

Em 2007, em São José é inaugurada a Etapa II da Avenida das Torres, que liga o bairro Areias ao bairro Serraria, que significa uma transformação urbana para São José, num investimento de R$ 4.568.359,64.
Com 2.160 metros de extensão, essa obra ampliou o sistema de transporte coletivo, facilitou o trânsito dentro do município entre os bairros. A Avenida das Torres trouxe a valorização dos imóveis, e ampliação da infra-estrutura.

Em abril de 2007, em São José, é inaugurado na Serraria, a Colônia de Pescadores Z-28, uma importante reivindicação da região, cerca de 200 pescadores cadastrados serão beneficiados.

Em 2007, em São José, é inaugurada a feira de artesanato “São José Feito à Mão”, em espaço privilegiado, no estacionamento da Prefeitura no Kobrasol, realizada todos os sábados das 9h às 12h.

Em 2007, em São José, foram 400 alunos diplomados nas Escolas Profissionais, nos 28 cursos oferecidos.

Em 2008, em São José, é abatida por uma enchente divido as chuvas, 380 famílias ficaram desabrigadas, e foram deslocadas para alojamentos provisórios, com três refeições diárias.

São José cresce, com alguns dados:
- O serviço de taxi esta com a frota em 110 veículos distribuídos em 20 pontos
- Os ônibus da frota municipal de São José foram padronizados com pintura que destacam a cidade.
- Na economia, 11.077 empresas instaladas, com 59.431 empregos formais e 5.485 autônomos. A cidade conta com 3 Centros Empresariais para atendimento das novas e atuais empresas:
Centro Sertão do Maruim,
Centro Forquilhas,
Distrito Industrial.
- 6.000 mil alunos participando de atividades esportivas.
- 152 mil atendimentos por ano no Centro de Atendimento ao Cidadão.
- Plantio de 60 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, com seleção pelo porte por via instalada.

Em 2009, em São José, em Areias, este humilde cronista mudou-se para Porto Alegre (RS), depois de 16 anos no município, que adotou com sua cidade.

FIM DA CRONOLOGIA
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São José, cidade das Bandas e Fanfarras
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Projeto Bandas e Fanfarras
- 1.200 alunos integrantes do projeto,
- 15 corporações musicais, com aulas nas escolas municipais,
- Criação da Banda Marcial Terra Firme,
- Realização anual do consagrado Festival de Bandas e Fanfarras Terra Firme.
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A Câmara
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- As bases do poder político implantado em Portugal e no Brasil se fundamentaram no modelo do Estado Romano, com uma estrutura de poder verticalizado, em que os escalões superiores eram exercidos apenas por cidadãos portugueses natos, permitindo, na base da pirâmide, a participação dos considerados “homens bons”, nos órgãos conhecidos por Câmaras Municipais, que administravam as Villas (Municípios).
A estrutura estava tão fortemente implantada no Brasil que, mesmo se tornando Independente em 1822, tal modelo administrativo municipalista só foi alterado em 1891, quando da implantação da 1ª Constituição Republicana Brasileira.
Em Portugal esta estrutura continua a existir, perpassando, portanto, por todo o período da História de Portugal, desde o domínio Romano, existindo há 1.500 anos.

- O Poder Legislativo é o mais antigo do Brasil (nasceu com as Capitanias Hereditárias) em que “homens bons com bens de raiz”, tanto de origem portuguesa como brasileira, podiam participar em condições de igualdade.

- No Brasil Colônia, como nas Câmaras Municipais de algumas cidades portuguesas recebiam o título de Senado (à moda Romana).
As Câmaras também denominadas Conselho (ou chamada de Senado da Câmara), os Conselheiros ou Vereadores, também conhecidos como Camareiros, regiam a área civil, criando códigos de postura que normatizavam a vida da população e das cidades.
Eram presididas pelo “Juiz Ordinário”, eleito ou “Juiz pela Lei”, nas principais cidades o rei nomeava o juiz diplomado (letrado), o “Juiz de Fora”.
No inicio os Camareiros ou Vereadores eram indicados, escolhidos de maneira indireta, para um mandato de três anos, pelos chamados “homens bons do povo e de raiz” (os de maiores posses).
A sede da Câmara era o centro de todo o governo, localizada no centro da povoação. No prédio se reuniam os vereadores e dava audiência o juiz ordinário (que a presidia), bem como as demais autoridades judiciárias.
Quando havia problemas urgentes, de interesse geral, reuniam-se todas as autoridades além dos vereadores: - judiciárias, religiosas, militares, bem como os principais moradores, e deliberavam em comum, era a “Junta Geral”.
As Câmaras das capitais gozavam de algumas prerrogativas. Perante elas tomavam posse os governadores e cabia-lhe a prerrogativa de dar-lhes sucessor interino se não houvesse alguém designado previamente pelo Rei em um documento lacrado, contendo as chamadas “vias de sucessão”.

- Quando havia um grande acontecimento para ser comunicado ao povo saíam os vereadores a cavalo e em grande gala, com o estandarte da cidade e procediam a leitura em lugares públicos. Estas foram o embrião das Assembléias de Representantes (atuais Assembléias Legislativas), pois cuidavam de todas as povoações, especialmente da capital.

No Brasil Império, as cidades não tinham autonomia, eram governadas pela Câmara Municipal (Conselho Administrativo) e o poder provincial, é a atual “Assembléia Legislativa” e os Camareiros ou Conselheiros, eram eleitos entre os bons homens, sob a supervisão do Presidente da Província (que era indicado pela Corte), de quem dependiam financeiramente.
Eram importantes as Câmaras, para manter as tropas regulares, indicar governadores através de listas, e votar leis.

No Brasil República, a Câmara seria substituída pelo Conselho Municipal, para administrar somente a cidade, com integrantes eleitos pelo voto a cada 4 anos, mas este conselho só se reunia uma vez por ano, em sessão de no máximo dois meses, para aprovar as contas do intendente, cumpriam o mandato de forma gratuita.
Esta era a lógica do autoritarismo dos primeiros anos da República Militar, ou da Espada.
O Conselho Municipal vigorou até a Revolução de 1930, quando foi criado outro Conselho com componentes nomeados.
A Câmara volta em 1934 aos seus termos clássicos.
Em 1937, uma nova extinção pelo Estado Novo e aparece em seu lugar a Câmara Municipal.
Atualmente o Legislativo através da Câmara Municipal de São José e seus Vereadores eleitos por eleições diretas para legislar pelo período de 4 anos, com o presidente da mesa eleito entre os vereadores; formulando leis para o município e vigiando o Executivo da cidade.

Poderes Políticos do Município de São José:
1833-1890
Presidente da Câmara Municipal – Executivo
Câmara Municipal – Legislativo
Juiz de Paz, Juiz de Órfão, Juiz Municipal e Delegado – Judiciário
1890-1928
Superintendente – Executivo
Conselho Municipal – Legislativo
Juiz de Direito, Juiz de Paz, Delegado – Judiciário
1928-1988
Prefeito – Executivo
Conselho Consultivo (1930-1936) – Legislativo
Câmara Municipal (a partir de 1937)
Juiz de Paz – Judiciário

De 26/10/1750 a 01/03/1833 a Freguesia de São José da Terra Firme pertencia administrativamente a Villa do Desterro.
De 01/03/1833 a 24/04/1894 a Villa até 1856 e depois Cidade, era administrado pelo Presidente da Câmara Municipal, que exercia os poderes Executivo e Legislativo.
De 1890 até 1894, foi administrado pelo Superintendente Municipal e o Conselho Municipal.
De 24/04/1891 a 1944 o Município de 1894 a 1928 era administrado pelo Superintendente Municipal, a partir de 1928 pelo Prefeito Municipal e o Conselho Municipal depois Câmara Municipal.
De 1944 a 07/12/1961 o Município era administrado pelo Prefeito Municipal e a Câmara Municipal.
De 07/12/1961 a 23/10/1995 o Município era administrado pelo Prefeito Municipal e a Câmara Municipal.
A partir de 23/10/1995 o Município é administrado pelo Prefeito Municipal e a Câmara Municipal.

Com a Independência do Brasil em 1822, os representantes das Câmaras na sua maioria eram eleitos pela comunidade.
Com a Independência foi organizado a participação do cidadão no processo político, a Constituição de 1824, com poucas alterações no decorrer do século XIX e parte do século XX (1824 a 1934), estabeleceu:

- Só podia votar quem tivesse renda mínima de 100$000 (cem mil réis) anuais, idade superior a 21 anos e fosse do sexo masculino.
- Não podiam votar mulheres, os escravos, nem os homens com menos de 21 anos.
Só podia se candidato quem tivesse renda superior a 400$000 (quatrocentos mil réis) anuais e fosse alfabetizado.
- O sistema eleitoral era distrital.
- Os eleitores eram divididos por quarteirões eleitorais, controlados pelos chefes políticos locais, daí a expressão “curral eleitoral” e “voto de cabresto”, já que o voto não era secreto (era em aberto), e quem controlava o quarteirão, controlava os votos.
Até 1890, os eleitores que atendiam a legislação, votavam, para Vereadores e Juiz de Paz.

Com a Proclamação da República em 1889, a partir de 1890, passaram a escolher pelo voto, os vereadores (conselheiros municipais), o superintendente (prefeito) e os juízes de paz.

A Constituição de 1934 torna o voto secreto e permite que os cidadãos acima de 18 anos de idade e mulheres também votem. Desaparecem os quarteirões que são substituídos por seções eleitorais, até nossos dias (2011).

Nota:

- O coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello foi quem mais vezes administrou o município de São José, exercendo a presidência da Câmara (prefeito na época) em 8 das 20 legislaturas existentes entre o período de 1833 a 1890.
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Presidente da Câmara:
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Chefes simultâneos dos Poderes, Executivo e Legislativo Municipal de 1833 a 1890:

1)         João Vieira da Rosa (1833-34),
2)         João Vieira da Rosa (1835-36),
3)         Vicente Paulo de Oliveira Villas Boas (1837-38),
4)         Tenente Coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello (1839-40),
5)         Tenente Coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello (1841-42),
6)         Major Silvestre José dos Passos (1843-44),
7)         Tenente Coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello (1845-46),
8)         Manoel Joaquim Teixeira (1847-48),
9)         Tenente Coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello (1849-52),
10)       Coronel Joaquim Xavier Neves (1853-56),
11)       Padre Macário César de Alexandria (1857-60),
12)       Joaquim Lourenço de Souza Medeiros (1861-64),
13)       Francisco da Silva Ramos (1865-68),
14)       Tenente Coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello (07/01/1869-02/08/1869),
15)       Joaquim de Souza Lobo (02/08/1869-12/06/1872),
16)       Tenente Coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello (12/06/1872-05/10/1872),
17)       Albino José Vieira (15/02/1871-07/01/1873),
18)       Coronel Gaspar Xavier Neves (1873-77),
19)       Tenente Coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello (1877-81),
20)       Tenente Coronel Luiz Ferreira do Nascimento e Mello (1881-85),
21)       Coronel Manoel Pinto Lemos (1881-85),
22)       Joaquim Antônio Vaz (1885-87),
23)       João Luis Ferreira de Mello (07/01/1887-13/07/1889),
24)       João Luis Ferreira de Mello (07/01/1890).
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Superintendente Municipal
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Chefes do Poder Executivo Municipal de 1890 a 1928:

1)         João Luis Ferreira de Mello (1890-91),
2)         Bernardino Manoel Machado (1890-91),
3)         João Luis Ferreira de Mello (1892-95),
4)         Francisco Adão Schmidt (1896-99),
5)         August Lemkhul (1899-1902),
6)         Pedro Luiz Demoro (1899-1902),
7)         José Vicente Filho de Carvalho (1903-07),
8)         Francisco Adão Schmidt (1907-09),
9)         José Antônio Vaz (1907-09),
10)       Capitão Manoel de Oliveira Ramos (1910-14),
11)       Coronel Carlos Napoleão Poeta (1914-18),
12)       Alcebíades Ramos Moreira (1918-22),
13)       Constâncio Krummel (1922-26),
14)       Capital Nicolau Antônio Kretzer (1926-28),
15)       José Filomeno (1926-28).
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Prefeito Municipal
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Chefes do Poder Executivo Municipal de 1928 a 2006:

1)         João Luiz Büchele Junior (1930),
2)         Gregório Philippi (1928-32),
3)         João Machado Pacheco Junior (1933-41),
4)         Pedro Antônio Mayvorne (1941-45),
5)         Antônio Policarpo Philippi (1945-46),
6)         Vergilino Ferreira de Souza (1946-50),
7)         (1950-52),
8)         Silvestre Philippi (1952-54),
9)         Gentil Silveira Sandin (1954-56),
10)       Homero de Miranda Gomes (1956-61),
11)       João Adalgísio Philippi (1961-66),
12)       Cândido Amaro Damási (1967-70),
13)       Germano João Viera (1971-73),
14)       Arnaldo Mainchein Souza (1973-77),
15)       Geci Dorval Macedo Thives (1977-82),
16)       Constâncio Krummel Maciel (1982-83),
17)       Germano João Vieira (1984-88),
18)       Diocéles Vieira (1989-92),
19)       Germano João Vieira (1993-96),
20)       Gervásio José da Silva (1993-96),
21)       Dário Elias Berger (1997-2000),
22)       Dário Elias Berger (2001-04),
23)       Fernando Melquíades Elias (2005-08),
24)       Berger (2009-12),
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Governadores de 
Santa Catarina
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- Os Governadores, e demais denominações que o cargo teve, no início tinham participação mais ativa direta na vida e desenvolvimento da capital e as cidades próximas.
Indicados pelo Reino de Portugal, pelas Cortes de Lisboa, no Império pela Corte no Rio de Janeiro, na nomeação pela República e finalmente em eleições livres e diretas, sempre administraram a Capitania, Província e Estado, de sua capital, Nossa Senhora de Desterro, a querida Florianópolis.

No Brasil Colônia (1738 – 1822) Santa Catarina foi administrada pelo Governador da Capitania e Chefes Militares.
No Brasil Império (1822 – 1889) Santa Catarina foi administrada pelo Presidente da Província.
No Brasil República (a partir de 1889) Santa Catarina foi administrada pelo Presidente do Estado, depois Interventor Federal e finalmente Governador do Estado.
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O Poder Judiciário nos municípios era exercido no século XIX pelo Juiz de Paz, Juiz Municipal, Juiz de Órfãos e o Delegado de Polícia.
O único eleito era o Juiz de Paz, em número de 4 por Freguesia, que se sucediam por ordem de votação, um por ano.
O Juiz de Paz foi criado pela primeira vez pela Lei do Código Criminal e Primeira Instância (1832-33).
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Personalidades Josefense
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- Ilustres Josefenses, filhos de São José da Terra Firme, para o Brasil, para Mundo:

Marechal Francisco Carlos da Luz
Em 09 de junho de 1846, iniciou a carreira das armas no Depósito de Recrutas do Rio de Janeiro.
Em 03 de dezembro de 1851, saiu da Escola Militar com o título de bacharel em Matemática e a carta de Engenheiro Militar.
Em 1852, participou na Comissão que estudou as condições da Fábrica de Ferro de Itapema, no Estado de São Paulo, com a finalidade de fazê-la funcionar, naturalmente tomando em conta que as despesas não fossem elevadas, naquele ano o Ministério da Guerra estava preocupado com o problema da siderurgia brasileira.
Em 1856, como Professor foi regente de carreira de Química na Escola de Aplicação do Exército, provisoriamente, sem deixar a direção do Laboratório Pirotécnico de Campinho, no Rio de Janeiro.
Encerrou a carreira militar quando foi alcançado pela compulsória e reformado no posto de marechal.
Escreveu trabalhos sobre assuntos especiais, técnicos sobre tudo, também escreveu artigos de fundo político no Jornal do Comércio no Rio de Janeiro, assinando-os, abreviadamente “MR” – Marechal Reformado.
Possuía as seguintes condecorações:
Cavaleiro da Ordem de Cristo, Comenda da Ordem de Cristo, Oficialato da Ordem da Rosa e de São Bento de Aviz.
Entre o que escreveu, existem os trabalhos “Questão de limites entre as Províncias de Santa Catarina e do Paraná”, “Breve exposição das recentes eleições da Província de Santa Catarina”.
Em 21 de janeiro de 1906, faleceu na cidade do Rio de Janeiro.

José Vieira da Rosa
Em 01 de setembro de 1869, nasce em São José.
Em 1887, ingressa na carreira militar.
Em 1893, foi comissionado no posto de Alferes.
Fez a Revolução de 1893 e esteve em combate no comando do 25º de Infantaria, no Morro dos Conventos, Araranguá (SC).
Exerceu vários comandos, comissões e chefias, entre elas se destaca a da Comissão Itinerária de Santa Catarina, período de 1909-14 e 1916-17.
Participou da Luta do Contestado de 1913 a 1916.
Em 1917, exerceu o comando do Setor de Curitibanos na questão dos limites com o Paraná.
A sua vida militar na ativa durou 36 anos e alcanço o posto de General de Divisão graduado da reserva.
Dedicou-se aos estudos de Geografia e escreveu trabalhos sobre essa matéria.
Em 1º de setembro de 1969, na celebração do centenário de seu nascimento, comemorado em sessão especial da Academia Catarinense de Letras, o geógrafo Victor Peluso Junior afirmou que a obra principal deixada por Vieira da Rosa, foi a “Corografia do Estado de Santa Catarina” publicada em 1905. Também deixou outros trabalhos escritos sobre botânica, zoologia, geologia e história esparsos em revistas e jornais.
Em 26 de junho de 1957, faleceu.

Laércio Caldeira de Andrada
Em 26 de junho de 1890, nasce em São José, iniciou o curso de Direito na Faculdade de Direito de Santa Catarina e conclui como bacharel em Direito pela Faculdade de Niterói, em Niterói (RJ), também Engenheiro em telégrafos, teve muitos anos dedicado ao ensino universitário.
No período de 1943ª 1945, foi Professor Catedrático de Direito Constitucional da Faculdade de Ciências Econômicas de Niterói.
Naquela Faculdade também lecionou: - História Econômica da América e Fontes de Riqueza, História Econômica Geral e do Brasil e das Doutrinas Econômicas.

Dom Jaime de Barros Câmara
Em 03 de julho de 1894, nasce em São José, um padre, D. Jaime quando criança foi dos que estiveram na Escola da prof. D. Cândida Born de Souza, porém, também recebeu aulas particulares do bacharel Antônio Correia de Oliveira (Promotor Público).
Em 1906, ingressou no Ginásio Catarinense, onde ficou até 1912. No mesmo Ginásio foi professor.
Em 1913, exerceu as funções de Prefeito.
Sua mãe desejava que fosse engenheiro-militar, com o intuito sentimental de entregar-lhe o anel de grau do tio fuzilado em 1894, sob a responsabilidade do Cel. Antônio Moreira César. Todavia cedeu a compreensão inteligente do padrinho Marechal Xavier da Câmara, a quem cabia decidir. Como se sabe, a inclinação e, mais do que isso, a decisão dele era ser padre, e o seu padrinho muito contribuiu.
Em 1914, entrou para o Seminário de Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Em 1919, conclui o curso de Filosofia e Teologia.
Em 1º de janeiro de 1920, foi ordenado Padre solenemente na Catedral de Florianópolis por D. Joaquim Domingues de Oliveira.
Em 02 de janeiro de 1920, foi realizada a primeira missa solene na Igreja Matriz São José, em São José (SC).
A primeira designação foi a de Vigário da Ilha de Santa Catarina, depois assumiu a paróquia de Tijucas (SC). Neste município aflorou os valores da personalidade inconfundível como sacerdote e sua vocação como padre.
Na Villa de Tijucas exerceu o cargo de presidente da sociedade que dirigia o Hospital Municipal.
Em 1929, nos fins, foi nomeado Cônego.
Em julho de 1935, foi nomeado Monsenhor.
Em 02 de fevereiro de 1936, foi sagrado na Catedral Metropolitana de Florianópolis, Bispo de Mossoró (RN), onde foi o primeiro bispo daquela diocese.
Em 26 de dezembro de 1941, foi transferido para o Arcebispado de Belém do Pará.
Em 25 de julho de 1943, foi transferido para a Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Em 15 de setembro de 1943, foi empossado como Arcebispo.
Em 18 de fevereiro de 1946, foi conferido pelo Para Pio XII o Cardinalato e empossado como Cardeal.
Em 30 de dezembro de 1969, visitou São José, sua terra natal, em celebração do seu Áureo Jubileu Sarcedotal.
Em 03 de janeiro de 1970, regressou ao Rio de Janeiro (RJ).
Em 50 anos de sacerdócio, exerceu vários cargos: - secretário do Bispado de Florianópolis, capelão do Hospital de Caridade, reitor do Seminário em Florianópolis.

Brigadeiro do Ar Márcio de Souza Melo
Nascido em São José, militar da Aeronáutica, chegou ao cargo de Brigadeiro do Ar.
Foi indicado a Ministro da Aeronáutica no Governo Militar.
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Herança Cultural Josefense
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- A base está relacionada à cultura “Açoriana”, aos valores professados de pai para filho, dos homens e mulheres, pela população tradicional que resultou na manutenção e transformação de valores trazidos do Arquipélago dos Açores e da aculturação de outros valores que foram incorporados ou transmitidos pelos descendentes que por mais de dois séculos viveram na região.


Trazidas dos Açores:
O ciclo do Divino,
Boi-de-Mamão,
Ternos de Reis,
Prática do luto e coberta d’alma,
Teares manuais,
Procissão dos Passos,
Engenhos de farinha,
Pão-por-Deus,
Pasquim,
Ratoeira (danças de roda),
Renda de bilro,
Artesanato de barro,
Entrudo,
Lendas e mitos,
A introdução do figo, couves, cevada, cana-de-açúcar, laranja, uva, trigo e especiarias (temperos).
Armação baleeira.

Tradições adaptadas em São José:

Festas Populares e Religiosas
As mais importantes comemorações são: - Natal, Carnaval, Páscoa, Divino e São João e muitas outras atrações da diversificada agenda cultural josefense.

Natal
- Comemorado no período entre os meses de Dezembro e Janeiro de cada ano, onde entram em cena as brincadeiras do Boi-de-Mamão, as Folias e os Ternos de Reis.
Os bois-de-mamão são grupos cantadores que anunciam em verso a chegada dos “Santos Reis”, visitante espontaneamente as casas das famílias, festa que entra noite adentro (desde que o dono da casa mantenha a oferta de comes e bebes).
No dia 25 de Dezembro, nascimento de “Cristo”, celebra-se a “Missa do Galo”, tendo o josefense à premissa pela reunião em “Família”.
Esta comemoração vai até o Dia de Reis em 06 de Janeiro.

Carnaval
- Comemorado em data pré-determinada entre os meses de Fevereiro ou Março de cada ano, a festa pagã, que mais anima a população, com brincadeiras que começaram em invadir as casas dos amigos e jogar água como antigamente.
Até meados do século XIX o “Entrudo” (de origem portuguesa) consistia em batalhas entre os foliões nas ruas e até mesmo dentro das casas, atirando-se bolinhas de cera cheia de água, às vezes perfumadas, chamadas limões de cheiro.
Outros foliões recorriam a bacias e baldes para lançar água, até todos ficarem ensopados
Enquanto a farra corria solta nas ruas, e nisso os negros eram os mais animados, a elite ia aos bailes de máscara os famosos “Bailes da Sociedade”.
Na década de 1930 as sociedades tinham deixado o carnaval de rua para o povo, que, aliás, não se fazia de rogado.
Freqüentar e brincar nos Blocos de Sujos e Cordões, que saem as ruas carregando a multidão com suas fanfarras e marchinhas famosas, cantada por todos ou nos atuais desfiles em Escola de Samba.
Quando o “Deus Momo” desembarca a folia josefense se espalha pela cidade.

Páscoa
- Comemorado no período entre os meses de Fevereiro, Março e Abril de cada ano, passado o Carnaval entra a Quaresma ou “Ciclo Pasqualino”, “40 dias após a Quarta-feira de Cinzas”, e termina no Domingo de Páscoa.
Neste período, antes da Semana Santa, ocorre a tradicional Procissão de Nosso Senhor dos Passos, uma cerimônia religiosa oficial no centro histórico da cidade na qual participam várias paróquias. Essa procissão reveste-se de muita ornamentação litúrgica e é conhecida pela grande audiência popular.
No domingo de Páscoa, pela tradição germânica, as crianças são agraciadas com doces em forma ou dentro de ovos e coelhos para lembrar a criação e a ressurreição de Cristo.

Farra do Boi e Brincadeira do Boi
- Na Semana Santa, mais conhecida como Farra do Boi, elas se dão intensamente, dentro do costume secular lusitano (português) praticado no litoral. A farra é uma festa de grande adesão comunitária, que inicia com a soltura do animal (boi) pelas ruas ou em cercados e homens, mulheres e crianças provocam o animal e são perseguidos, e termina com seu sacrifício, normalmente no “Sábado de Aleluia”.

- Nos Açores os toiros (touros) utilizados para a brincadeira do “toiro a corda”, uma variante da “brincadeira do boi”, em São José, são especialmente criados em ganadeirias (fazendas especializadas), longe do contato com o público, são normalmente animais de cor preta, grandes e bravos.

Malhação do Judas
- No “Sábado de Aleluia”, com um boneco (chamado de Judas) feito de panos, trapos e enchimento, e depois é pendurado (enforcado) em postes e árvores, denunciando com cartazes, é estraçalhado a pauladas e pedradas, em grande alarido.

Divino
- Comemorado entre Maio e Junho, inicia na Quaresma, com a saída da “Bandeira do Divino Espírito Santo”, que percorre as casas coletando donativos para a festa, que acontece no Dia de Pentecostes, “50 dias após a Quarta-feira de Cinzas”. A bandeira é carregada por foliões que pertencem às Irmandades do Divino Espírito Santo. As Irmandades já existem há pelo menos dois séculos.
È comum as bandeiras amanhecerem nas romarias e como o “Terno de Reis”, os foliões recebe comidas e bebidas dos agraciados com a vista.
A festa popular propriamente tem a duração três dias, nos quais a o “Cortejo Imperial”, missa festiva, quermesses, bailes, apresentações folclóricas e queima de fogos.
No último dia, são coroados o “Imperador e a Imperatriz” e eleito o “Festeiro” que coordenará as festividades do ano seguinte.
A população josefense tem grande satisfação em participar de todas as etapas da festa.

São João
- Comemorado no mês de Junho, as festas de “São João, São Pedro e Santo Antônio” ocorrem entre 13 de junho dia de Santo Antônio, passando por São João dia 24 de junho e com término no dia 29 de junho dia de São Pedro e São Paulo.
As festas são comemoradas principalmente nas quadras das escolas e praças públicas. Com grande Fogueira para durar a noite toda (pela tradição anunciando o nascimento do profeta João, primo de Jesus).
Na culinária junina predomina o pinhão, batata-doce, cocada, pé-de-moleque, canjica e pamonha e como bebida o quentão (com vinho, gengibre, canela, açúcar e bem quente).
Nas danças apresentam a Quadrilha, Pau-de-Fita e o Casamento na Roça (interpretado e depois dançado), a Ratoeira que é uma ciranda brasileira.

- A dança do Pau-de-Fita, de múltipla origem (portuguesa, alemã, espanhola), também chamada de “Jardineira ou Dança dos Arcos de Flores”. È apresentada em oito duplas de casais que trançam fitas coloridas presas a um mastro alto. Depois, desfazem o trançado sem poder errar, acompanhada de muitas canções e versos rimados.

Rodeio Internacional de São José
- Realizado anualmente no CTG... no Distrito de Forquilhinhas, com grande fluxo de pessoas que admiram a destreza dos peões, e a boa comida acompanhada de muita música sertaneja e gauchesca e bailes (os famosos “Fandangos”).

Farinhada
- A Festa da Farinha, também conhecida como “Farinhada” comemorada no Distrito de Barreiros na Freguesia de Areias, junto a Igreja do bairro, também conhecida como “Farinhada” (pela grande quantidade de engenhos de farinha que ali existiam), a festa composta de muita comida, música e danças, como o “Capote”, uma espécie de jogo.

Festa de São José
- Comemorado anualmente no dia 26 de Outubro, com grandes eventos no aniversário da cidade de São José da Terra Firme e do santo padroeiro São José.

Corações e Pão-por-Deus
- Comemorado nos entre os meses de Outubro e Novembro, são cartas em formato de coração com mensagens de simpatia, amizade ou amor na quais pede-se em verso uma prenda ou presente, que tem o nome de “Pão-por-Deus”.
O pedido é feito a pessoa, por poder e respeito, admiradora para admirado, moça para senhora, de moradora de sítio para moradora de cidade, e assim segue.
A temporada de peditório termina no Dia de Finados em 2 de Novembro.

Artesanato de Barro
- A Escola de Oleiros Joaquim Antônio de Medeiros, a única escola da América Latina, com cursos de cerâmica e torno gratuitos.
Funciona na antiga casa na estrada geral de São José (que fazia a ligação entre o norte e o sul do estado antes da BR 101) em frente à Orionópolis.
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Símbolos Municipais de 
São José
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- Apesar do município de São José estar entre os sete mais antigos do Estado de Santa Catarina, criado em 01 de março de 1833, seus símbolos municipais só foram instituídos no século XX, a partir de 1960.

Brasão de Armas
- Instituído pela Lei nº 403 de 25 de fevereiro de 1960, na administração do prefeito Homero de Miranda Gomes.

Bandeira
- Instituído pela Lei nº 846 de 27 de setembro de 1972 é o símbolo mais conhecido de São José

Hino de São José
- Instituído pela Lei nº 863 de 27 de janeiro de 1973, na administração do prefeito Germano Vieira, é o símbolo municipal menos conhecido.

Aqui outrora chegou o imigrante
que além dos mares deixou Portugal,
através do trabalho constante,
edificou nossa terra natal.

Os sacrifícios dos antepassados
foram sementes do fruto eficaz,
e os josefenses, no amor irmanados,
aqui trabalham em tempo de paz.

Em São José, interior e cidade
conviveram sempre em perfeita união,
porque os laços da fraternidade,
abraçam todos na integração.

O mestre, o aluno e os trabalhadores,
industrial, militar ou civil,
comerciantes e agricultores,
se dão a mãos e constroem o Brasil.

Estribilho:

A sua história é um exemplo de fé
Na inteligência de um povo febril.
Pelo trabalho eficaz, São José
Também ajuda a construir o Brasil,
Nosso Brasil, nosso Brasil.

Letra e Música: Maestro José Acácio Santana

Marca do Município de São José
- Criado em 03 de outubro de 1991.
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Economia de São José
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- A economia entre os séculos XVIII e XIX, determinou a dinâmica de São José, o município tinha suas atividades principais vinculadas aos produtos primários:
- Extrativos, Agrícolas e Pesqueiros.
A “mandioca” foi o principal produto da economia de São José. Ate á década de 1970 existia um grande número de engenhos de farinha nas localidades de Forquilhinhas, Picadas do Norte, Serraria e Barreiros.
O “linho” (cânhamo), trazida pelos açorianos oferecia matéria prima para a produção de linhas e fios para confecção de tecidos nos teares, e de apetrechos de pesca (como redes, tarrafas, espinhéis, cordas). A cultura do linho foi desenvolvida em Barreiros, Maruim, Picadas do Norte, cultura que com o passar dos anos foi substituída pelo algodão.
O “algodão” constitui matéria-prima essencial para a fabricação de linhas e fios de tecer, plantado em Barreiros, Picadas do Norte, Serraria e Maruim.
O “café” foi muito difundido em São José até meados do século XX, foi plantado tanto em roças como chácaras, ficou famoso nacionalmente o “café de chácara” (sombreado).

- Produziam-se também tecidos, velas, vidros, ferramentas, utensílios domésticos, máquinas de costura, objetos pessoais como perfumes, facas e produtos como charque, óleo, açúcar e cachaça.

- A produção significativa abastecia o comércio da capital Desterro (Florianópolis), do planalto e outras partes do Brasil.

- O Porto de São José era movimentado, até o final do século XIX era o principal escoadouro dos produtos, tanto vindos da parte sul e central do município como do planalto, principalmente o charque. Era o porto de desembarque das mercadorias procedentes da capital e de outras partes do Brasil e do mundo.
Até 1899, no Distrito do Estreito e em Capoeiras, ficavam os “abatedouros” que abasteciam de carne fresca a cidade de Florianópolis, e faziam charque e subprodutos do couro.

- São José transformou-se no mais importante entreposto comercial, pois todos que se deslocavam a capital via terrestre deveriam passar pela cidade.

- Graças a este comércio pujante que São José se tornou um grande centro sócio-cultural em meados do século XIX.

- São José é centro sub-regional industrial e de prestação de serviços.

- Em 1970, com a implantação do Distrito Industrial, São José contava com 54 estabelecimentos industriais, 546 empregados, e 214 comerciais.
Em 1975, 93 estabelecimentos industriais, com 1.243 empregados, 306 comerciais.
Entre 1980 e 1985, já são 179 estabelecimentos industriais, 570 comerciais.
Em 1990, havia 781 estabelecimentos industriais com 4.028 empregados, 3.454 comerciais com 12.571 empregados, 1.744 prestadoras de serviços com 7.649 empregados, num total de 24.248 indivíduos.
Em 2005, havia 1.165 estabelecimentos industriais (como Macedo, Koerich, Intelbrás), 6.269 casa comerciais, 4.764 prestadoras de serviços, 5.253 autônomos, gerando cerca de 46.296 empregos, 6ª economia de SC.
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Distritos e Bairros de 
São José
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- O aparecimento dos pequenos núcleos de povoamentos, os arraiais, resultou por via de regra, do pioneirismo de alguns aventureiros, executando-se empreendimentos organizados pró governos ou companhias particulares de colonização.
As pequenas comunidades dispersas, sem estrutura administrativa, eram conhecidas por “Arraial”, tinham como equipamentos básicos a capela, a carioca e um pequeno comércio.
A maior parte dos atuais “Distritos” e localidades do município de São José surgiu e desenvolveu-se pela força de seus povoadores e apoio da gestão municipal.
A divisão territorial da área que compõe o município de São José, em núcleo urbano e rural.

Distrito Sede

- É o núcleo da povoação original, da fundação da Freguesia de São José da Terra Firme em 1750, também conhecido como “Sede”.
A Sede, como uma estrutura de bairro, agrupa as localidades de Ponta de Baixo (Costeira da Ponte), Fazenda Santo Antônio (do Max), Área Industrial, Praia Comprida, Forquilhinhas, Sertão, Colônia Santana, Morro do Avaí (parte), Forquilhas.
È a maior área territorial do município, neste conjunto gravita outros núcleos populacionais.

Bairro Centro
- A ocupação da Sede ou Centro iniciou com a chegada de colonizadores açorianos, e a ereção do primeiro cruzeiro, são consideradas áreas do Centro:
- Praça Central Hercílio Luz, Praça Arnaldo de Souza, Jardim coronel Carlos Napoleão Poeta (encontram-se os bustos do Dr. Homero de Miranda Gomes e do Cardeal Dom Jaime Câmara, além das placas da fundação do município), Jardim Diba Elias Gerber (monumentos Independência do Brasil a ao Escravo), e as ruas Gaspar Neves, Getúlio Vargas, Constâncio Krumell, Dr. Homero Gomes, Padre Cunha, Frederico Afonso, Irineu Comelli, saindo até a rodovia BR 101com suas respectivas laterais.

- O Centro agrupa o conjunto arquitetônico em estilo barroco “luso-açoriano”, sendo eclético na forma, de grande valor histórico do município e um dos maiores de Santa Catarina, que inclui:
Museu Solar da Guarda Nacional,
Theatro Municipal Adolpho Mello,
Igreja Matriz São José,
Prefeitura,
Câmara e diversas outras construções e monumentos de valor arquitetônico e histórico.

- Agrupa, Ponta de Baixo, Jardim dos Lordes, entorno da Praça Municipal  e o Morro da Igreja.

Bairro Praia Comprida
- Está habitada praticamente desde a fundação do povoado açoriano, a praia comprida ia até Campinas, uma praia estreita e comprida, daí seu nome.
Em fins do século XIX muitos descendentes alemães se estabeleceram na região para explorar as atividades comerciais entre o planalto e a capital.
O comércio, as pequenas indústrias e a prestação de serviços são suas principais atividades econômicas. Bem servida de escolas e creches.
No bairro está localizado o Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes, com 334 leitos, Centro de Referência Cardiológica.
Possui a Praça Cândido Amaro Damázio e a Igreja Santa Filomena de 1881.
Atualmente o bairro inicia na Ponta da Josefa (junto a Rua Constâncio Krumell) terminando na Rua Joaquim Vaz no Roçado, paralelo a BR 101.

Bairro Colônia Santana
- Teve sua fundação em 26 de julho de 1925, com a construção da Igreja de Santa Ana, em homenagem a uma “mãe”, a Dona Ana Koerich (conforme tradição germânica).
Inicia no Salto do Imaruí até a divisa com São Pedro de Alcântara, na localidade de Mariquita.
Localidade de colonização tipicamente alemã, atualmente está estruturada com banco, mercado, armazéns, bares, farmácia, a Igreja de Sant’Ana, clube de futebol, posto de saúde e a E. E. Prof. Joaquim Santiago, está localizado o Hospital Psiquiátrico Colônia Santana.
Providas de serviços, e utilizadas pelas comunidades do Sertão, Santa Teresa, Forquilhas.

Bairro Fazenda Santo Antônio 
- Também conhecido como “Fazenda do Max”, é uma comunidade que se desenvolveu a partir da década de 1960.
O nome indica que originalmente a área era ocupada por uma fazenda de criação de gado, cujo proprietário Eurico Tolentino vendeu para o Senhor Max, que depois loteou a área. É o bairro que faz divisa com o município de Palhoça.
Compõem o bairro o Jardim dos Lordes, Ponta de Baixo (Costeira da Ponte) e o Distrito Industrial.

Bairro Forquilhinhas
- Nasceu como Aterrado, depois “Benfica ou Picadas do Norte”, desenvolveu-se com a explosão urbana da década de 1970, até esta época era uma área rural, com atividades agropecuárias.
O nome advém do pequeno rio denominado Forquilhinhas, afluente do rio Forquilhas.
A base urbana do bairro foi o loteamento da Companhia de Habitação de Santa Catarina (COHAB-SC) no final da década de 1970, após surgiram novos loteamentos no entorno: - Picadas do Sul, Picadas do Norte, Los Ângeles, Potecas, Forquilhas, Flor de Nápolis e outras comunidades.
Possui escola e creches, a Igreja São Francisco de Assis e as congregações das Freiras Beneditinas da Divina Providência e das Irmãs da Fraternidade Esperança.

Distrito de Campinas

- O Distrito de Campinas foi criado pelo Decreto Municipal nº 1.408 de 19/11/1981.
Originalmente Campinas se constituía em território de passagem de tropeiros de gado provenientes da região serrana, que tinham como destino o “matadouro oficial”, no Estreito (que pertencia até 1943 a São José), com a finalidade de comercializar sua carne em Florianópolis.

Bairro Campinas
- Campinas, “terra do vento sul”, até 1950 a área não havia sido loteado, todo o local se configurava em um posto de gado, para ser enviado ao matadouro oficial.
Poucas casas e barracos que existiam, do lado da praia, estas pertenciam aos pescadores, uma vez que a área sempre foi propícia à captura de frutos do mar.
Quase toda a área pertencia a Família Di Bernadi.
Nos anos 1950, o comércio era praticamente inexistente, o mais significativo era o Matadouro do “Neném” Laurentino, no lugar da atual Casa Santos.
Nos anos 1960, pequenos comércios e posto de gasolina se instalaram junto a Geral
A construção civil, a partir dos anos 1970, não para de levantar novos prédios e arranha-céus, o bairro possui uma boa infra-estrutura de serviços com um comércio que está adensado, com uma população cativa bem acentuada.

Bairro Kobrasol
- Em 1975, Koerich, Brasil Pinho, e Cassol, formação do nome “Ko-bra-sol”, formaram a Kobrasol Empreendimentos S.A., com a finalidade de lotear parte do Distrito de Campinas, incluindo a sede do Aeroclube de Santa Catarina, exceto a pista. Grande parte da área se constituía de mata e banhado por todos os lados, exceto a pista de pouso.
Cassol um dos diretores do Aeroclube propõe a troca da área do Kobrasol por outra área no Sertão do Maruim e a construção de infra-estrutura do novo aeroclube.
Entre 1977 e 1980, a Kobrasol limitava as construções em seu loteamento a dois pavimentos, pois a finalidade era a construção de casas residenciais.
Entre 1980 e 1990, após a liberação de quatro andares, constroem-se edifícios de apartamentos, primeiro de 12 andares, depois de 14 andares
Atualmente o Kobrasol é o centro comercial e financeiro da cidade, com sua área totalmente tomada de arranha-céus e devidamente estruturada.

Kobrasol o centro mais dinâmico de São José.”

Distrito de Barreiros

- O Distrito de Barreiros foi criado pela Lei Municipal nº 404 de 22/05/1959, e instalado em 29/05/1960. No entanto a lei que fixa a zona urbana e suburbana do distrito e a Lei nº 431 de 24/07/1961.
A história da área é tão antiga quanto à sede do município, com informação de habitantes desde 1750, junto ao Rio Quebra Cabaços (Rio Serraria) na antiga Serraria D’El Rey.
Em 1889 o atual distrito fez parte do Distrito do Estreito.
Em 1944, as terras de Barreiros, Serraria e Areias voltavam a ficar subordinadas ao Distrito Sede, pela anexação do Estreito por Florianópolis.
Em 1960, iniciou seu crescimento e urbanização.
A partir da década de 1970, o distrito teve um crescimento desenfreado, levando a criação de dezenas de loteamentos e condomínios, alguns ilegais, outros clandestinos, diversos sem a mínima infra-estrutura.
Destacam-se:
-A Sede,
Santos Dumont, Bela Vista, Jardim Cidade de Florianópolis, Ipiranga, Areias, Real Parque, Jardim Santiago, Serraria, Potecas, Procasa, Zanelato, Dona Adélia, Catarina I, II, III, São Pedro, Jardim das Acácias, Nossa Senhora do Rosário.
Destas comunidades apenas quatro são considerados bairro:
Barreiros Sede, Ipiranga, Bela Vista e Serraria.

“Barreiros o maior distrito de Santa Catarina em população.”

Bairro Barreiros
- Também conhecido como “Barreiros Sede”, é o centro comercial e financeiro do distrito, bem estruturado, mas com problema viário, por ter vias de dimensões não condizentes com o fluxo de veículos, é cortado pela rodovia BR 101.
Foi de pequenos loteamentos, rua após rua, que surgiu o bairro Sede de Barreiros.
Em 1928, a primeira rua, a Moura ganhou a primeira casa de propriedade de Francisco Evaristo da Silva na esquina com a Geral.
Os terrenos loteados eram de Júlio Moura, Depois vieram os loteamentos da Rua Eduardo Dias, os da Rua Eugênio Portela, com o mesmo nome. Em seguida surgiu a Rua Santo Antônio e o da Rua do Iano e os loteamentos do coronel Américo D’Avila nos terrenos que ele comprou de Júlio Müller, que iam da praia até a altura da DVA (BR-101).
O desenvolvimento e ocupação da área foi a partir de 1960.
Faziam parte do bairro, os loteamentos Portela, Santo Antônio e Perrone.
Barreiros possui toda a infra-estrutura de uma cidade, também é ditado o “Jornal de Barreiros” do jornalista Orestes Araújo.

Bairro Serraria 
- É o bairro mais antigo de São José, pois já havia homens brancos na região desde antes de 1750. É o bairro que faz divisa com o município de Biguaçú, no rio Serraria, antigamente denominado “Quebra-Cabaços”.
O nome da comunidade deve-se a Serraria que existia no século XVIII pertencente ao “Rei de Portugal”, onde eram preparadas as madeiras utilizadas nos reparos dos navios que arribavam na Ilha de Santa Catarina para consertos gerais. O mais extenso dos bairros em termos territoriais é composto: Goiabal, Dona Lígia, São Benedito (Vila Santa Rita), Luar, Nova Caledônia, Dona Lídia, Geraldo, Vanda I e II, Metropolitana, Jardim Social, Jardim Zanelato, São Jorge, José Nitro, Egon Norte, Vila Serraria e Dona Renata.
De grande área agrícola, a partir de 1960, começou grande expansão comercial e de serviços.

Bairro Ipiranga
- A área foi loteada na década de 1960, o nome “Ipiranga” do bairro é foi em referência a uma imobiliária no Paraná onde Otto Júlio Malina havia trabalhado, homenagem de sua esposa.
O loteamento tinha inicialmente 280 lotes ao longo da Rua Otto Júlio Malina e 10 transversais, as plantas de algumas das primeiras casas foram feitas por Malina.
A Rua Otto Júlio Malina e adjacências eram pistas do Autódromo Cândido Amaro Damásio, um dos grandes pilotos que participou de várias corridas foi Emerson Fittipaldi, com uma Berlineta.
Fazem parte os loteamentos de Areias, Jardim Cidade de Florianópolis, Pedregal.
É um dos bairros mais tradicionais e conhecidos de São José, com toda a infra-estrutura urbana necessária ao seu funcionamento.

Bairro Bela Vista
- É uma das maiores concentrações urbanas de São José, devidos aos seus morros e a visão do mar, o nome de “Bela Vista”. O bairro surgiu no ano de 1971, de forma planejada, sendo um dos primeiros loteamentos de casas populares da Companhia de Habitação de Santa Catarina (COHAB-SC), composto por 1.008 casas.
Possui um forte centro comercial e de serviços, além de ser equipado com escola, posto de saúde e banco. O bairro e atravessado pela radial Avenida das Torres que atravessa o município da divida com Biguaçú até o Kobrasol II.
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Hidrografia de São José
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- A rede fluvial de São José é representada pelo rio Maruim (o mais caudaloso) e seus afluentes e diversos rios menores em volume d’água e extensão, que tiveram igual importância na ocupação do território primeiro com os Índios e desde o século XVIII pelos europeus brancos.

Rio Maruim, nasce na localidade de Santa Filomena, no atual município de São Pedro de Alcântara. Depois de percorrer aproximadamente 30 km, entra no município de São José, de oeste para leste, percorrendo as comunidades de Santana, Sertão, Fazenda do Max, antes de desembocar na baia interna sul. Em seu trajeto serve de limite sul entre os municípios de Palhoça e São José.
O rio Maruim e seus afluentes tiveram grande importância na ocupação do interior do município de São José desde o século XVIII, tanto como meio de transporte como fornecedor de água potável para os homens e animais.
- Rio Forquilhas, também conhecido como rio Potecas, é o mais importante afluente do rio Maruim.

Rio Três Henriques, de pequena extensão e volume d’água, nasce na localidade de Areias, no distrito de Barreiros.
- Tem como afluente o rio da Palha.
Os desmatamentos e aterros diminuíram drasticamente seu volume d’água, além de ter se transformado em local de despejo dos esgotos domésticos e industriais, exterminando quase por completo a fauna e mata ciliar, desemboca na baia interna norte.

Rio da Serraria, também conhecido como rio Carolina, nasce na Serraria, no distrito de Barreiros, percorrendo a região de oeste para leste. Quando da chegada dos açorianos, era conhecido pelo nome de “Quebra-Cabaços” (até 1796), e serviu desde 1750 de limite norte entre São José da Terra Firme e São Miguel (Biguaçú).
O rio Serraria sofreu intenso processo de assoreamento e poluição de suas águas, é o rio que fica ao lado da antiga Polícia Rodoviária Federal, desemboca na baia interna norte.

Rio Bücheler, nasce na região, com um reduzido volume d’água, quase um córrego. Como os demais rios, foi sendo poluído e assoreado. Serve de limite norte entre os municípios de São José e Florianópolis, é o rio que fica ao lado do Dimas Park Hotel, desemboca na baia interna norte.

Rio Araújo, nasce na comunidade do Roçado, cortando o distrito de Campinas. No passado possuía um significativo volume d’água. A poluição e o assoreamento por esgoto doméstico e industrial o que destruiu totalmente seu ecossistema.
Em sua desembocadura na baia interna sul, se pescava corvina, tainhota, tainha, parati, peixe-rei, camarão, siri, etc.
Serve de limite sul entre os municípios de São José e Florianópolis.
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Dados
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- Em 1840 o município de São José tinha uma área territorial de mais de 10 mil km2 em 1999 estava reduzido a 116 km2.

- Os limites atuais de São José – 2011:
Limite leste as águas da baia sul da ilha de Santa Catarina, a oeste a cidade de São Pedro de Alcântara e Antônio Carlos, ao norte a cidade de Biguaçu, e a baia norte junto a capital Florianópolis, ao sul a cidade de Palhoça.

Relevo: - predomina a planície, representada por estreita faixa litorânea, Pela bacia do rio Maruim e outros secundários é bastante acidentado, com morros, mas de baixa altitude.
Junto à orla encontram-se pequenas ilhas e ilhotas como a Ilha da Casca na Ponta de Baixo.
O solo de toda a região de baixadas é de argila arenosa e branca, boa para o cultivo de mandioca, milho, feijão, frutas e verduras, mas ruim para o trigo, cevada e culturas típicas na época nos Açores.
Nas partes altas o solo de argila vermelha, bastante profundo.
Morro Pedra Branca: - com 450 metros é o ponto culminante de São José.

Clima: - subtropical Atlântico, média 20,3° C, em São José as condições climáticas, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano, temperaturas bem distribuídas pelas estações, somadas à sua localização subtropical, planícies, elevações de pouca altitude e variações ao longo do ano, possibilitaram o desenvolvimento de vegetação variada.

Vegetação: - a cobertura vegetal do município de São José principalmente na zona urbana está bastante transformada, tendo quase que desaparecido as florestas originais.
Nos locais mais ermos onde ainda é vista a “floresta ombrófila densa” (Mata Atlântica), com grande variedade de espécies endêmicas.
Nas áreas de planície, houve intervenções com aterros e drenagens que fizeram desaparecer certas espécies vegetais existentes nos manguezais.
Em documento de 17 de novembro de 1797, aponta a existência de uma grande variedade de espécies vegetais aplicadas aos mais variados trabalhos.

Fauna: - A redução do espaço florestal e da biodiversidade foi resultado da ocupação desenfreada na região.
Hoje diminutas variedades de espécies animais nativas são encontradas.
Em documento de 17 de novembro de 1797, aponta a existência de uma variedade imensa de espécies de peixes, aves e animais.
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Monumentos
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- Palavra originária do latim Monumentum e Monimentum, cuja raiz Moneo significa avisar, dar notícia, conservar na memória, trazer à lembrança.
A forma Moimento data do século XIII.
Um monumento seria, em princípio, tudo aquilo capaz de evocar ou conservar na memória, ou seja, digno de ser lembrado através dos tempos.

Estilo Construtivo:
- Os portugueses escolhiam pontos geográficos para implantar núcleos de povoamento, levando em conta a existência de portos naturais abrigados em baias (estratégicos para a defesa), solos firmes e férteis, além de disponibilidade de água potável.
Em São José encontram-se os traços urbanísticos comuns da arquitetura portuguesa e luso-brasileira, onde a praça central (Praça Municipal, atual Hercílio Luz) e sua igreja (Matriz São José) guardam o traço principal.
No século XVIII, a cidade foi construída em lugar alto, proporcionando segurança, e adequando as construções a topografia, com ruas estreitas para facilitar a defesa em caso de invasão. A praça de traçado retangular (52 x 110 metros), com seu lado perpendicular ao mar, que se opõem em termos de localização a igreja. A arquitetura de caráter civil distribuiu-se pelas laterais. Do eixo da praça partem as 6 ruas (3 no sentido norte, 2 no sentido sul, 1 no sentido oeste), interceptadas por outras no sentido contrário. O aterro feito para a construção da Prefeitura (atual Câmara de Vereadores) quebrou a estrutura urbana original, que impediu a visão do mar e do antigo trapiche.

No século XIX, o atual jardim da Praça Municipal (atual Hercílio Luz) era constituído de um vasto campo atravessado por uma trilha, que saia da matriz e desembocava no trapiche.
As vias públicas, a maioria não possuía pavimentação e nem calçadas.

- No Brasil foram implantados dois modelos de arquitetura, uma ligada ao meio rural, outra aos centros urbanos, cada qual procurando responder funcionalmente as necessidades.
As chamadas, propriedade senhoriais rurais havia um modelo construtivo diferenciado para o senhorio e os trabalhadores e escravos, enquanto permitido.
As casas grandes eram amplas, muitas janelas e portas (o que determinava o status social).
As casas dos trabalhadores e escravos não passavam de choupanas de pau a pique e barro ou galpões improvisados, também conhecidos por “Senzala”.

- As pequenas propriedades, de exploração familiar, tiveram casas de chácara com modelos funcionais, com dimensões correspondentes as suas posses.

- Nos aglomerados urbanos, cidades, villas, freguesias e arraiais, ocorreram modelos construtivos variados, em tamanho, em altura e funcionalidade (que também determinava o status social) de acordo com a dimensão do aglomerado, destino da construção e importância sócio-econômica do proprietário, casas de um piso (a maioria de chão batido, habitar uma significava pobreza), casas com porão, sobrados com um e dois pisos (com assoalhos de madeira, habitar um sobrado significava riqueza, o térreo se não era loja, guardava os animais ou escravos, nunca seus moradores) e os palacetes (grande casarão, com frontal destacado, e melhor acabamento).

- No século XIX a Praça Municipal (atual Hercílio Luz), comportava 4 sobrados, três na parte inferior, próximo ao trapiche e a feira, e um na parte superior no lado norte da matriz.
- São José se desenvolveu a “arquitetura típica portuguesa”, ponteada nos Açores, e a partir do século XIX com influências de outras culturas.

- Podemos classificar as povoações de origem portuguesa estabelecidas no litoral catarinense, ao longo dos séculos XVII a XX, a três iniciativas distintas:
Fundações Vicentinas e Luso-Brasileiras (1660-1749),
As Freguesias criadas a partir do estabelecimento de contingentes de Imigrantes Açorianos e seus descendentes (1750-1928),
Pela exploração das atividades da pesca a baleia, as chamadas armações de baleias (1739-1830).

Monumentos em São José da Terra Firme
- Na Sede, composto pela Praça Hercílio Luz, Jardim Carlos Napoleão Poeta, Praça Arnaldo de Souza e Jardim Diba Elias Gerber:

- Monumento à Colonização Açoriana em São José, obra do artista plástico Plínio Verani, localizada na Praça do centro histórico.

- Independência do Brasil,

- Ao Escravo,

- Busto do Dr. Homero de Miranda Gomes,

- Busto do cardeal Dom Jaime Câmara,

- Placas da fundação do município.
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Demografia de São José
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- São José é o maior aglomerado urbano de Santa Catarina por metro quadrado, em 2010 com 1.377 hab./km2, 49% do território é rural.

Em 1750 –        338 pessoas, 180 casais açorianos desembarcaram no Continente em terra firme,
Em 1796 –     2.091 habitantes,
Em 1840 –     7.688 habitantes, em 10 mil km2
Em 1960 –   31.192 habitantes,
Em 1970 –   42.235 habitantes,
Em 1980 –   87.817 habitantes,
Em 1996 – 151.024 habitantes, sendo 54.472 na Sede, 26.165 em Campinas, 66.033 em Barreiros,
Em 1998 – 152.732 habitantes, 94.480 eleitores, 6º de SC.
Em 2000 – 169.252, habitantes, sendo 82.364 homens, 86.888 mulheres, 2.329 habitantes rurais, 49.972 propriedades,
Em 2002 – 173.559 habitantes, em 117 km2, sendo 84.591 homens, 88.968 mulheres, área rural 2.329 habitantes (3,48%),
Em 2005 – 201.000 habitantes, 123.547 eleitores, 4º de SC.
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Observação: - As informações e dados estatísticos se referem até o ano de 2009.

- Este Cronista espera que você tenha gostado desta viagem pelo passado dentro da perspectiva de futuro de nossa cidade da Terra Firme e sua inserção dentro da História Geral.
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Visite um pouco a história dos Açores

Bem Vindo ao
Arquipélago dos Açores


- Este grupo de ilhas perdidas no Oceano Atlântico, a meio caminho entre o Velho e o Novo Mundo, está sempre envolto em brumas e tem paisagens que parecem saídas de uma fábula: - florestas, crateras de vulcões adormecidos, lagos cercados de flores, vagalhões quebrando nas rochas de penhascos e mirantes impressionantes que se perdem no horizonte.
Nascido do explosivo encontro das placas tectônicas da Eurásia, África e América, os Açores estão no vértice de um manancial de energia vulcânica que produz freqüentes modificações em suas paisagens.
Desde que foi descoberta no século XV, muita lava correu fazendo surgiu e desaparecer vales inteiros. Muito dizem que as ilhas são elos remanescentes do Continente Perdido de Atlântida.


- Nos açores, suas paisagens, moldam os açorianos, seu isolamento, além de uma paixão atávica pela terra que pisam.

- A descoberta do Arquipélago dos Açores insere-se na grande epopéia dos descobrimentos marítimos do fim da Idade Média e início da Moderna, promovidos pelas Coroas Ibéricas – Portugal e Espanha.

- Os Açores estavam totalmente despovoados de grupos humanos quando chegaram os primeiros europeus. Não tiveram os primeiros colonizadores de enfrentar resistências, como aconteceu no Sul do Brasil.

- A ocupação humana da região dos Açores resultou da necessidade de Portugal controlar os pontos chaves de abastecimento e aguada das rotas de navegações para o Oriente e a América, a ocupação do arquipélago resultou da junção de vários grupos étnicos, procedentes tanto do continente europeu como africano.
- Para as ilhas de Santa Maria e São Miguel foram ao início gentes do continente português:
Estremadura, Algarves, Alentejo e Minho, que povoaram o grupo oriental
- Para as ilhas Terceira e Graciosa foi o povo das províncias portuguesas montanhesas, liderados por Jácome de Bruges.
- Para a ilha do Faial foram às famílias flamencas (holandesas) enviadas pela Princesa Isabel, filha do rei D. João I, casada com Felipe de Borgonha, capitaneadas por Josse de Huertere, ali desenvolveram as primeiras indústrias, dentre as quais a do pastel.
- Para ilha de São Jorge foram também muitos homens de Flandres que, acompanhando Guilherme Van Der Haggen, depois da Silveira, acabariam de fixar-se no Topo.
- Para ilha do Pico, as primeiras famílias terceirenses que se instalaram para a banda das Lages e depois flamencos do Faial.
- Para as ilhas das Flores e do Corvo, se deslocou a mesma massa anônima de povos das várias províncias misturados a flamencos.

- A estes povoadores europeus listados, somaram-se franceses, italianos, mouros, negros africanos, ingleses que originaram o povo açoriano. Étnico e culturalmente com valores diferenciados de suas origens, resultante dos séculos de ações inter-etnicas ocorridas no semi-isolamento da maioria das ilhas, sendo que na Terceira, Graciosa, Santa Maria e São Miguel predominam os lusitanos e nas outras os flamencos.

- Quanto a composição social dos povoadores, havia grande diversidade: - camponeses, artesãos, pescadores, burgueses e pequenos nobres.

- No período de 1494 à 1766, os Açores foram divididos em “Capitanias Hereditárias” e entregues a donatários. Após passou a Capitania Geral, com sede em Angra do Heroísmo.

Cronologia
- Pinceladas de dados e informações.

Em 1427, na Europa, em Portugal, o navegador Diogo de Silves, de nacionalidade portuguesa, formado na Escola de Sagres, fundada pelo infante D. Henrique, re-descobriram as Ilhas dos Açores e da Madeira, estas estavam totalmente desabitadas.

Em 1430, o frei Gonsalo Velho foi encarregado do povoamento a partir do setor oriental do arquipélago (Ilha de Santa Maria e Ilha de São Miguel).

Em 15 de agosto de 1432, na Europa, no Arquipélago dos Açores, o Frei Gonsalo Velho aportou na ilha de Santa Maria, pela primeira vez, era encarregado do povoamento a partir das ilhas Santa Maria e São Miguel no setor oriental conhecido.

- Em relação à pecuária aos primeiros moradores faltava a fome para tantos mantimentos, uma vez que o gado lançado a partir de 1430 havia proliferado em grande quantidade. Além do “gado bravio”, existiam lavouras com animais domesticados, que além da carne e do leite forneciam ajuda na lavoura.

Em 1441, na Europa, parecem ter chegado a Portugal, os primeiros escravos “Negros”, a bordo da nau qual Antão Gonçalves retornou da Guiné (África).
De início, houve restrição real a escravização de africanos – utilizados apenas em serviços domésticos.

- No Arquipélago dos Açores com o início da lavoura canavieira, a “escravidão” mais que tolerada, passou a ser incentivada.

Em 1444, o frei Gonsalo Velho atingiu a Ilha de São Miguel.

Em 1452, na Europa, o Arquipélago dos Açores foram descobertas pelo navegador português Diogo de Tieve as ilhas do grupo ocidental ilha das Flores e ilha do Corvo.

No século XV, o solo de origem vulcânica, propício para o cultivo do trigo, associado ao clima favorável, possibilitou que esta planta, de grande valor econômico para o europeu, se desenvolvesse de forma satisfatória por todo o arquipélago. Já no início do povoamento se constituiu em fonte de abastecimento para as frotas em trânsito e para abastecer a metrópole e a praça portuguesa na África.

Em 1460, até a morte do Infante D. Henrique, a colonização centra-se principalmente na Ilha de São Miguel e a Ilha de Santa Maria. Nos decênios seguintes progride nas ilhas do grupo central.

Nos fins do século XV, introduziu-se o “pastel”, que constituía da produção de um corante azulado, obtido de uma planta introduzida pelos flamencos, que era utilizado pela indústria têxtil, que alcançou produção considerável nos séculos XVI e XVII. Seu desenvolvimento verificou-se basicamente no Faial, contando com a tecnologia e mão-de-obra de origem flamenca, da região dos Flandres (atual Bélgica) e depois o rei de Portugal espalhou por outras ilhas.

- Neste século uma das primeiras atividades industriais nos Açores foi à construção naval. Árvores de diversas qualidades foram aproveitadas para diferentes tipos de embarcações: - barcos, lanchas, canoas, nas diversas ilhas, onde as costas se encontravam animadas por estaleiros navais.
Seus construtores conhecido como carpinteiros da Ribeira, tinham destacado papel nas comunidades.
A moagem do pastel, do trigo e da cana-de-açúcar foram outras atividades industriais da época. Somadas as oficinas de base familiar de couro, calçados, correames e tecelagem de panos grosseiros.

Em 1480, na Ilha Terceira a Praia da Vitória, conhecida por Vila da Praia, recebeu o foral de Villa  (município).

Em fevereiro de 1493, na Europa, em Portugal, no Arquipélago dos Açores, Cristovam Colombo, em retorno das terras das Índias Orientais até então descobertas, desembarca na Ilha de Santa Maria, para pagar promessa, devido à violenta tempestade enfrentada por sua esquadra, junto aos Açores.
Portanto os Açorianos e Portugal, foram os primeiros a tomarem contato com a Esquadra de Colombo, após o descobrimento do Novus Mundus (Novo Mundo).

Em 1522, na Europa, Portugal, no Arquipélago dos Açores, acontece um grande “terremoto”, causando grande destruição, principalmente da Ilha de São Miguel, o povoado de Vila Franca do Campo foi profundamente atingida, favorecendo o aparecimento de Ponta Delgada como principal cidade da ilha.

Em 1543, foi criado o Bispado dos Açores.

Em 1581/82, as Cortes Portuguesas reunidas em Tomar, coroaram e juraram fidelidade ao rei Felipe II da Espanha (I de Portugal), iniciando a União Ibérica, que se estendeu até 1640.

- A Batalha da Salga ocorrida da Ilha Terceira, marca a resistência dos portugueses ao domínio espanhol. Nesta batalha o exército espanhol de mais de 2 mil homens foi destroçado por um pequeno “Exército Terceirense”, que utilizou como  arma uma manada de gado bravio, que empurrou o exército espanhol para a ribanceira junto ao ma, onde foram quase todos mortos.

- Nova batalha, desta vez naval, foi no ano seguinte travada em frente a Villa Franca do Campo na Ilha de São Miguel, em que os espanhóis foram novamente derrotados.

Em 1590, o arquipélago estava povoado por 62.294 habitantes, a maior densidade era na Ilha Terceira.

Desde o século XVI, a pesca se realiza ao longo das ilhas dos Açores, mesmo não sendo a atividade principal que é a agricultura e pecuária. Com o uso de redes tarrafas, tresmalhas e outros tipos de armações feitas de vimes e canas com uma ou mais bocas afuniladas (moluscos e crustáceos eram apanhados com estes instrumentos) tinha um importante papel na alimentação do ilhéu.
Neste mesmo século remonta a atividade baleeira do Pico, São Jorge e depois Graciosa.

Do século XVI ao XIX, a máquina administrativa da metrópole, associada ao capital comercial, transformou as cidades de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta em importante centro comercial.
O abastecimento das enormes frotas comerciais, de alimentos, água, refresco, vinho, utensílios diversos, fazia circular nos Açores mercadorias originárias do Oriente, da África, da América e da Europa, num verdadeiro mercado cosmopolita.
Ouro, prata, especiarias, porcelanas, escravos, açúcar, tabaco, cachaça, vinho, jóias, elaboradas com metais que circulavam no comercio formal e informal.
Nem mesmo o constante ataque de piratas, que saqueavam as cidades eliminou o período de prosperidade

Em 1746, na Europa, Portugal, o Arquipélago dos Açores além da pobreza, estava com excesso de habitantes e o “sistema de morgadio” (dando ao filho mais velho a terra e o nome do pai), foi alvo de providências para que a gente procurasse outras partes do Império Português.

Em 1747, em Portugal, Lisboa, através de edital, El-Rey autorizou a “saída dos açorianos” das Ilhas do Atlântico rumo ao Brasil.

Em 1747, o fluxo populacional no arquipélago representava um crescimento de 77% em relação a 1590, com 116.816 habitantes.

- No conjunto central do arquipélago (as ilhas do Faial, Pico, Terceira, Graciosa e São Jorge), de onde partiu a grande “emigração para o Brasil Meridional”, e de menor participação (das ilhas das Flores e Corvo).

Em 09 de agosto de 1747, em Portugal, Lisboa, com a intenção de organizar os novos assentamentos e freguesias, as autoridades portuguesas prescreviam algumas normas denominadas Provisões Régias, para ser aplicada no Brasil Colônia.
Algumas das orientações para os núcleos:
“Cada núcleo ou sítio deveria ter um quadrado para a praça, de 500 palmos de face, numa das quais se localizaria a igreja, as ruas seriam demarcadas a cordel e deveria ter pelo menos 40 palmos de largura devendo as casas alinhar-se e possuir um quintal de fundos.”
Determinava ainda para a Ilha de Santa Catarina que cada casal imigrante açoriano recebesse o equivalente a um quarto de légua em quadro para seu estabelecimento e o cultivo dos gêneros de primeira necessidade.

Em 1749, no Brasil, chegaram os primeiros casais açorianos na Capitania de Santa Catarina, no Desterro, famílias ficaram na Villa de Nossa Senhora de Desterro na Ilha de Santa Catarina e outras no continente, os demais seriam enviados as Missões no sul, na Capitania de Sant’Ana ou São Pedro de Rio Grande, mas a demora nos deslocamentos fazia muitas famílias se estabelecerem onde paravam.
Em todos os povoados que vão parando casais açorianos vão fincando raízes.

De 1748 a 1756, desembarcaram na Capitania de Santa Catarina, “vivos”, cerca de 6 mil imigrantes das ilhas dos Açores e Madeira, para povoarem o Brasil Meridional, que deram origem a várias povoações no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A saída dos Açores de forma clandestina deve ter trazido um volume de casais, quase igual aos números oficiais, 4.500 se fixaram em Santa Catarina, os demais foram re-embarcados para o Rio Grande de São Pedro.
O costume de denominar “açoriana” a imigração procedente das ilhas atlânticas, se fez sentido, pois foram registrados apenas 59 madeirenses que se fixaram em terras catarinenses, os “casais açorianos”, assim chamados pois vinham em família completa (Pai, Mãe e Filhos).
A distribuição dos casais foi feita de forma a criar núcleos populacionais que pudessem produzir alimentos e outros produtos comerciáveis que interessavam ao Rei de Portugal, além de contribuir com os soldados para a defesa das terras do sul do Brasil.

- Os imigrantes Açorianos introduziram no Brasil Meridional uma herança cultural de costumes e festas, o ciclo de festas mais importantes:
- Natal, Carnaval, Páscoa, Divino Espírito Santo, São João.
Também a conhecida Farra do Boi ou Brincadeiras do Boi, na Semana Santa, o período dos Corações e Pão-por-Deus, e ainda, a gastronomia a base de peixes, renda de bilro, o artesanato de barro (cerâmica), histórias, lendas e mitos, a introdução do figo, couves, cevadas, cana-de-açúcar, laranja, uva, trigo e temperos (especiarias), as lanchas baleeiras, as canoas de um só tronco (guarapurú).

Em 1750, no Brasil, na Capitania de Santa Catarina, era governador Manuel Escudeiro de Souza, que recebia as famílias açorianas vindos do Arquipélago do Açores das ilhas dos Açores e Madeira, que se dirigiam para o Sul do Brasil, no porto do Desterro (atual Florianópolis) para então distribuí-las.

- Neste período desembarcaram na ilha mais de 6.000 homens, dos quais 4.000 fixaram-se no litoral catarinense, os demais foram reembarcados para a Capitania do Rio Grande de São Pedro.

Nos século XVIII e XIX, ocorreu o ciclo da laranja, promovido por ingleses basicamente na ilha de São Miguel, gerando grande desenvolvimento.
Atualmente (2011) os maiores pomares estão na Ilha do Pico.

Em 1849, os Açores apresentavam 233.049 habitantes.

Em 02 de março de 1895, tem início o processo de conquista da autonomia, por parte do arquipélago dos Açores, com a divisão do arquipélago em 3 Distritos Administrativos, com sedes em Ponta Delgada, Horta, Angra do Heroísmo.

No século XX, foi introduzida a cultura do ananás na ilha de São Miguel, voltado à exportação.

- O ciclo da pecuária leiteira constitui-se na maior força do setor econômico primário açoriano, e agrega ainda atividades industriais de transformação.

Na década de 1970, acontece à última grande leva de emigração para fora das ilhas com a ida de mais de 200 mil açorianos para os EUA e Canadá.

Até 1980, as armações baleeiras foram centros de intensa atividade, quando foram proibidas.

Em 1990, se observam nos Açores níveis positivos de crescimento no setor industrial, com destaque para a produção de lacticínios. Assim como a indústria de pescado da Ilha do Pico. O setor terciário engloba 57% da mão-de-obra produtiva.

Em 2001, pelo censo demográfico português, os Açores registram 243.073 habitantes.
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Açores

- Falar do Arquipélago dos Açores, na atualidade, é reverenciar um povo que ao longo de mais de 500 anos soube conviver com as adversidades dos fenômenos naturais e o meio ambiente, criando um modo especial de ser, frente aos permanentes desafios a que este povo era submetido.
As ilhas, em suas individualidades, falam por si só, numa quase fusão ao povo açoriano, que apresenta particularidades a cada ilha e até mesmo de cada uma, que só podem ser compreendidas para quem vive na solidão do arquipélago nos longos invernos.
O orgulho regional, uma das marcas do povo açoriano, é o reflexo do seu desenvolvimento semi-isolado, ao longo dos séculos e da consciência de ser uma região autônoma, no contexto do Estado Unitário Português. Este sentido emblemático tem funcionado como um importante instrumento do desenvolvimento local e de sua relação com as diversas régios do globo, para onde emigraram açorianos ao longo dos séculos. Conhecer os Açores em suas diversidades naturais e paisagísticas, histórico e arquitetônico, museológica e culturais é uma aventura, terna e desafiadora.
Seu povo é muito especial, preservam com orgulho, como poucos povos o fazem, as suas tradições.
Povo polido e hospitaleiro, amante da cultura popular local, na praça central das cidades inicia-se uma conversa rápida e logo se faz amizade, como em Porto Alegre; - a princípio desconfiados, mas corteses, para num segundo momento serem espontâneos e receptivos. Estes são os Açorianos.

- Os Açores estão situados no Oceano Atlântico Norte, numa posição estratégica entre a Europa, América e África. Distam aproximadamente 1.500 km de Lisboa (Portugal Continental), 3.900 km da costa oriental da América do Norte e 8.600 km do Rio Grande do Sul.
A descontinuidade de seu território insular de 2.344 km2, disperso por nove ilhas de tamanhos desiguais num eixo de 600 km entre as ilhas extremas, ocupando uma superfície de águas de 66.000 km2.
O arquipélago integra a cadeia submarina conhecida por Dorsal Atlântico, com parte de suas terras emersas.
Resultante da ação dos vulcões gerados no fundo do oceano, as ilhas dos Açores são formadas de rochas vulcânicas, de cujas decomposições das rochas basálticas resultaram um solo extremamente rico, mas de difícil cultivo, por ser pedregoso.
Os pontos mais altos estão na Ilha do Pico com 2.351 metros e na Ilha de Santa Maria com 1.587 metros.

As Ilhas: - As nove pérolas do Atlântico

Ilha Graciosa
- Povoada por volta de 1450, também chamada de Ilha Branca, nome que os primeiros exploradores deram, é a segunda menor do arquipélago. Seus moradores são cerca de 5 mil , numa área de 61,66 km2 onde a maior distância entre um ponto e outro é de 13 km. Vivem nas freguesias de São Mateus, Luz, Guadalupe e Santa Cruz da Graciosa, Sede do Concelho (administração municipal).
Santa Cruz foi elevada a Vila em 1486, pelo rei de Portugal D. João III que atendendo ao pedido do capitão donatário Pedro Correia da Cunha, que começou o povoamento ordenado da ilha em 1475. Visitantes ilustres passaram pela ilha, como o Padre Antônio Vieira (1654), depois do naufrágio do navio em que regressava a Lisboa, proveniente do Brasil, o jovem Almeida Garret (1814), que ali escreveu seus primeiros versos. O príncipe Alberto de Mônaco (século XX) também visitou a Furna do Enxofre para desvendar os segredos pessoalmente.
Seu belíssimo conjunto urbano de casas e igrejas brancas com detalhes em pedras é hoje protegido. A vila é pequena, mas tem ares de cidade grande. Sua igreja Matriz guarda painéis quinhentistas, obras valiosas da cultura portuguesa. A arte também aparece em forma de finos bordados feito por mulheres, que aprenderam com as mãos das avós delicados pontos “richelieu”. Trabalham em suas próprias casas orientadas pela Associação de Artesãos.
A ilha é recortada por antiqüíssimos muros de pedras que dividem pequenas propriedades – os “currais”-, onde se cria o gado holandês, cultiva-se a vinha e planta-se milho para alimentar os rebanhos.
O trigo e a cevada não são mais cultivados, mas houve tempo em que eram importantes para economia local, onde os moinhos de vento testemunham integrada a paisagem que fora levado pelos flamencos, que chegaram ao começo da colonização e deixaram de herança os olhos claros e as faces coradas. Os moinhos de vento também foram usados pelos açorianos em Porto Alegre no século XVIII e XIX.
A pesca não é a maior atividade econômica na Ilha Graciosa nem nas outras ilhas dos Açores, mas sim a criação de gado leiteiro.
De maio a setembro as ilhas do arquipélago dos Açores são um permanente festival de cor e tradições seculares. A maioria das festas é de origem religiosa, como a do Espírito Santo, com a coroação do “Imperador”, a mais importante delas, as festividades acontecem nos setes domingos que se seguem à Páscoa e terminam no de Pentecostes. Todas as casas são enfeitadas, o chão é coberto de folhas e as ruas recebem tapetes elaborados com pétalas de flores. Nas janelas são penduradas conchas e tapeçarias, explodem fogos de artifício e os sinos tocam misturados com a música da igreja e cânticos da procissão.
Há festas “Sanjoaninas”, com seu interessante cortejo etnográfico, a de Santo Cristo, em agosto, e festejos em cada freguesia na data do santo protetor.
Na Graciosa a mais de 20 Irmandades e é normal uma pessoa pertencer a várias.
A festa pagã mais famosa é a tourada à corda, onde touros pretos são soltos e investem contra a multidão e o que estiver em seu caminho, preso ao pescoço por uma corda que é solta conforme o bicho corre. 
A gastronomia é outro prazer como peixes e mariscos ao “morro do pescador”, o bom “vinho de cheiro” (o primeiro da vindima, ainda sem fermentação), as sobremesas, como os “coscorões” (tipo leve e pouco gorduroso de churros) ou os doces da Graciosa como camafeus e queijadas da praia, ou os pães e queijos tradicionais.

Para além da Graciosa – Faial, Pico, São Jorge e Terceira, e mais distantes, onde nem em noites límpidas os olhos alcançam: São Miguel, e Santa Maria, no oriente, Flores e Corvo a ocidente.

Ilha do Faial, a ilha azul
- A cidade de Horta, em Faial, tem casas brancas bem cuidadas, praças coloridas por jardins. Campanários das igrejas que guardam tesouros da arte. Tem um Forte que lutou contra os piratas e uma avenida iluminada junto ao mar. As tripulações que aportam em Horta pitam nos muros e no piso da marina desenhos que identificam seus barcos. O Café Peter, com sua coleção de trabalhos em “scrimshaw” (técnica de gravação em dentes de cachalote que vem do tempo da caça as baleias) era o passatempo dos marinheiros que estampavam as ilhas, as pessoas a saudade. Pequenos barcos infláveis (whale watchers) partem para observar de perto as mais de 20 espécies de baleias que freqüentam as águas açorianas.
Horta é cosmopolita, mas a cidade e a ilha conseguem se preservar.
Quilômetros de hortências recortam de azul o verde dos campos do interior da ilha. Existe o vulcão dos Capelinhos, submerso, que entrou em erupção em 1957, unido ao Faial dois ilhéus afastado da costa.
Porto Pin, praia de uma enseada paradisíaca, o Monte da Guia, de onde se descortina a ilha. Nas tascas (barraquinhas), deliciosos chicharros (peixinhos fritos) e “favas ao molho de unha”, entre outros comes e bebes

Ilha do Pico
- Poderoso Pico, com seu 2.351 metros saindo do mar e formando a ilha que leva o seu nome, esta montanha que é um vulcão adormecido, nos meses de inverno, fica coberto de neve.
O cais da Madalena é uma das três vilas da ilha. A principal atividade econômica da ilha é a vinha.
Falar de Pico é falara da caça a baleia: a foto famosa que corre o mundo, da cauda levantada de uma baleia no momento em que ela mergulha no mar, tornou-se uma logomarca dos Açores. A caça ao cachalote foi proibida na década de 1980, que era a principal atividade dos moradores.
Na vila das Lages o Museu dos Baleeiros e o Museu da Indústria Baleeira de São Roque do Pico.

Ilha São Jorge
- Quando se aproxima da ilha além de avistar as outras quatro ilhas do grupo central do arquipélago se tem a visão do fenômeno geológico único dos Açores, a costa escarpada, quase vertical são interrompidas por pequenas superfícies planas, as “fajãs”, provenientes de abatimento das falésias, que se estendem pelo mar. Todas elas convertidas em campos de cultivo, onde crescem o café, vinhas e frutas tropicais.
A vila Calheta é a outra vila da ilha de São Jorge, de beleza e plasticidade arquitetônica.
Os queijos de São Jorge são famosos não só no arquipélago.

Ilha Terceira
- A Ilha Terceira é um patrimônio arquitetônico. De forma circular, com uma topografia que intercala elevações com área bastante plainas, se tornou um dos grandes celeiros agropecuários dos Açores. Ainda hoje (2011) a pecuária leiteira e a cultura de vários produtos agrícolas mantêm parcela significativa de sua população no campo.
Associado a uma arquitetura bastante variada, em que se destacam, como de grande originalidade, os Impérios do Divino Espírito Santo, espalhados por toda a ilha, existem inúmeros atrativos naturais, com destaque para a caverna do Algar, os Biscoitos, o Monte Brasil.
Descoberta depois da Ilhas de Santa Maria e de São Miguel permaneceu durante muito tempo um mistério para os navegantes, que a viam surgir das ondas e em seguida desaparecer no nevoeiro.
Por volta de 1450, o flamenco Jacome de Bruges começou a povoá-la. Devido à sua situação privilegiada, a ilha era ponto de escala das rotas portuguesas do Atlântico e foi nela que Vasco da Gama , quando voltava da Índia em 1499, sepultou seu irmão Paulo Gama, no Convento de São Francisco.
Em 1534, Angra é a primeira povoação dos Açores a ser elevada a Vila (cidade).
No final daquele século, em 1581-83, foi um centro de resistência à União Ibérica (1580-1640), ficando famosa a Batalha da Salga, quando o exército espanhol muito mais numeroso, foi derrotado com o uso de uma manada de gado bravio. Foi exatamente esta ilha a última terra portuguesa a se render aos espanhóis.
O nome “Angra do Heroísmo” foi uma homenagem à resistência ao domínio espanhol. Tornou-se a sede da Capitania Geral das Ilhas, e foi nela que os reis da Espanha fixaram o Governo Geral dos Açores.
Outro importante acontecimento da história portuguesa que se desenvolveu na Ilha Terceira foi o Movimento Liberal contra o absolutismo de D. Miguel (irmão de D. Pedro I), tendo sido o local onde D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil), que desembarcou junto à cidade do Porto, para depois de muitas batalhas sangrentas derrotarem D. Miguel, pondo fim ao absolutismo em Portugal. Esta guerra, que custou quase cem mil mortes, ficou conhecida como a “Guerra dos Dois Irmãos”.
Foi nos Açores que D. Pedro IV assumiu a Regência de Portugal, em nome de sua filha, Dona Maria da Glória, que se tornou, posteriormente, rainha de Portugal com o título de D. Maria II.
O nome Praia da Vitória, foi uma homenagem prestada pelos reis de Portugal em reconhecimento pela bravura de seus habitantes frente aos exércitos miguelistas.
Angra do Heroísmo constitui-se no primeiro exemplo do urbanismo europeu do século XVI, em pleno Atlântico. Suas ruas conservam a arquitetura nas igrejas, palácios, museus, as muralhas da fortaleza que defendeu a cidade dos ataques corsários.
Em 1980, no primeiro dia do ano, um forte terremoto abalou as estruturas da Ilha Terceira.
Em 1983, Angra foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO.
No velho casario branco, emoldurado pelas montanhas que lhe formam pano de fundo, ainda se podem admirar as antigas casas rurais portuguesas, constituídas de um só andar, caiada com janela de guilhotina.
O maior vínculo da Ilha Terceira com a América não se deve apenas aos que emigraram. A ilha ainda abriga uma das mais importantes bases aéreas americanas no Atlântico Norte, de estratégica importância desde a Segunda Guerra Mundial, quando realizaram-se milhares de missões de bombardeio a partir da Ilha Terceira.
Durante a Segunda Guerra seu campo de pouso transformou-se no primeiro aeroporto da região. Desse tempo ficaram casamatas, camufladas pelos campos, e, incorporadas ao vocábulo, palavras de origem inglesa que não existem em outras regiões de Portugal.
Nos anos de 2001 e 2002, tem servido de base intermediária para as operações militares na Guerra do Afeganistão.

Ilha de São Miguel – Síntese dos Açores
- A maior e mais povoada das ilhas do arquipélago açoriano. O moderno Aeroporto João Paulo II, na cidade de Ponta Delgada, é o ponto de parada. Bela, unindo o moderno ao tradicional, a cidade é sede administrativa do Governo Autônomo dos Açores e do Concelho (com “c”) de mesmo nome, hoje com aproximadamente 70 mil habitantes.
Das avenidas largas aos edifícios modernos, das ruas estreitas ao casario multi-secular, de vários estilos arquitetônicos, em que se incluem palácios, conventos, fortes e construções avantajadas, do povo da Bretanha, que fala um linguajar com forte sotaque francês arcaico, aos que dominam diversos idiomas, esta é Ponta Delgada, a mais cosmopolita das cidades açorianas.
As lagoas do Fogo, Sete Cidades, as Furnas com águas termais, as Fumarolas, a usina geotérmica de produção de energia elétrica a partir do vapor vindo do interior da terra, as hortênsias em profusão ao longo dos caminhos e dividindo as propriedades, as marcas do terremoto do século XVI e toda infra-estrutura turístico empresarial fazem São Miguel em um lugar especial, em suas particularidades como as demais ilhas.

Ilha das Flores
- Como o próprio nome sugere, é um belo jardim, em que a natureza caprichou para adorná-la com um conjunto de lagoas e baias que a tornam especial ao descanso e lazer.

Ilha de Santa Maria
- Pioneira na ocupação dos Açores, e que segundo historiadores foi a primeira saber da descoberta da América, pelos próprios marinheiros de Cristovam Colombo.
Apresenta belezas naturais diferenciadas, sendo a principal a existência de praias de areias brancas, por fazer parte da placa africana.
Sua ligação com a ocupação do Brasil Meridional é pequena, ainda que alguns marienses tenham acompanhado as levas dos que emigraram para o Sul do Brasil no século XVIII.

Ilha do Corvo
- Um oásis de tranqüilidade num mar de isolamento.
Pequena com menos de 500 habitantes, pode dar-se ao luxo de praticar a democracia nos moldes da Grécia antiga.
Uma verdadeira grande família, que vive parte do ano submetida ao isolamento, pois as condições impostas pelas intempéries impedem a chegada ou saída de embarcações ou mesmo aviões.

Curiosidades:

Vale das Furnas:
- É possível cozinhar sopa, a partir do calor existente no subsolo. É colocada a panela fechada, contendo sopa, dentro de um tubo de cimento, com um pouco mais de 1 metro de profundidade, vedando o tubo. Após 4 horas, a sopa estará cozida, graças ao calor resultante do vulcanismo.

Fumarolas:
- Buracos em que fervem águas sulfurosas, com rochas líquidas, de forte teor de enxofre, com temperatura de mais de 200 graus.

Biscoitos:
- O nome “Biscoito”, seu uso entre a população açoriana para designar um tipo de pão de trigo miúdo, torrado, deveu-se a um conjunto de rochas vulcânicas que se apresentam bastante enrugadas e quebradiças, comum nos Açores, conhecidas como biscoitos.
Na Ilha Vitória existe uma freguesia com o nome de “São Pedro dos Biscoitos”.

Nota:
- Lá (Açores), como cá (Brasil), os habitantes das outras ilhas ou comunidades rivais são sempre vistos como diferentes, ensejando observações, mas com tolerância.

- Para nós, muito ou pouco que restou do açoriano em cada um, é o cheiro de além mar, de passar o Atlântico para chegar a um porto seguro, onde as semelhanças culturais e lingüísticas em relação às comunidades de origem açoriana do Sul do Brasil são visíveis, a cada esquina e cada rosto e a cada gesto destes irmãos do mar.
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Bibliografia:

Livros dos Municípios – IBGE, 1999,
Associação dos Municípios da Região da Grande Florianópolis,
De São José aos Açores – 252 aos em Busca das Raízes Perdidas, Vilson Francisco de Farias, edição do Autor, 2002, Florianópolis,
Uma Cidade Numa Ilha, CECE, Editora Insular,
Câmara Municipal de São José, arquivo,
Anuários da Prefeitura Municipal de São José,
Prestação de Contas da PMSF – 2008 – 258 Anos,
Impresso Escola Profissional Feminina – 40 Anos,
Informativos,
Acervo - Iara Bauer Pires

Imagens:
Acervo do autor,
Sites especializados na Internet,


São José
Agradece pela Visita,
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